terça-feira, 13 de outubro de 2009

M57-UM NOVO LIVRO DE MEMÓRIAS,VIVÊNCIAS, USOS E COSTUMES

"No tempo de Salazar,Caetano e Outros, Alcobaça e Portugal”

A melhor homenagem que se pode fazer a um autor é ler o seu livro..
É o que temos vindo a fazer nos últimos tempos em relação à obra de Fleming de Oliveira “No tempo de Salazar, Caetano e Outros, Alcobaça e Portugal” .
Vale a pena referir o que Fleming de Oliveira diz em “Nota” introdutiva em relação ao seu livro :«Este não é um Livro de História, nem Autobiográfico, mas tem como pano de fundo o período do Estado Novo (28 de Maio de 1926 a 25 de Abril de 1974), assumindo-se assim como um registo de memórias, vivências, usos e costumes de um tempo distante, mas com marcas que ainda perduram e correm o risco de se perder.»
As suas dezenas e dezenas de histórias estão “arrumadas” em Livro I (dez capítulos) e Livro II (também com dez capítulos) que são para ler e saborear em quietude e tranquilidade, podendo “saltear-se” páginas para a frente e para trás sem de perder o fio à meada. Estamos a falar da nossa “experiência pessoal”…
Quem como nós somos de Alcobaça desde Abril de 1940 estamos a encontrar muitos histórias do nosso tempo, que nos fazem recordar e reviver tantas “páginas” da vida de todos nós.
A evocação da imprensa periódica de Alcobaça é muitíssimo interessante recordando várias figuras marcantes do tempo. Recordamos algumas com quem tivemos contactos efémeros mas que cunharam indelevelmente os mais jovens no que respeita a valores significativos da vida.: Recordamos, entre muitos, João Lameiras de Figueiredo , João de Oliva Monteiro, Vasco da Gama Fernandes, Amílcar Magalhães, João Maria Sousa Brito , etc., etc..
A importância dos Regedores no Estado Novo com defeitos e virtudes. Pessoalmente recordamos Manuel Ângelo, “Governador Civil de Aljubarrota”, que foi uma figura incontornável no tempo(décadas de 50 e 60)
Políticos e nomes ilustres da cultura alcobacense têm o seu lugar neste livro “que não é de história nem autobiográfica tendo como pano de fundo o Estado Novo”: Joaquim Ferreira Guimarães, José Nascimento e Sousa, Júlio Frederico Biel, antigos Presidentes da CMA. José Sanches Furtado, visto por uma Filha e outros oposicionistas como Alberto Serrano, Artur Faria Borda e Gilberto de Magalhães Coutinho, são personagens de referência neste livro sobre Alconbaça. Também D.António de Campos, Bispo Auxiliar de Lisboa é citado.
Terminamos este apontamento com a (extraordinária) referência à visita de Isabel de Inglaterra a Alcobaça e aos trabalhos feitos apressadamente nos meses que antecederam Fevereiro de 1957.
O Engº. José Costa e Sousa era ao tempo, Chefe dos Serviços Técnicos da Câmara Municipal e é “fonte” privilegiada das linhas que se seguem:«…as obras de desaterro foram alargadas para além do inicialmente previsto…Para as obras da Rua Dr.José Zagalo, conhecida por Ladeira do Mata Galinhas…construiu-se um muro com sacos de cimento, descarregados directamente das camionetas, os quais funcionavam como blocos…Tiveram que ser colocados troncos de pinheiro, cortados no Pinhal da Gafa, alguns com 14 metros de comprimento. Dado que o corte se fez de noite “nunca se soube a razão”…o pessoal municipal trabalhava à luz dos faróis de camionetas…para pegar nalguns troncos era necessário o esforço de mais de 20 homens.Mas “o vendaval num copo de água” – expressão de Costa e Sousa” chegou com a construção das instalações sanitárias para uso dos Reis de Inglaterra
.Havia três entidades responsáveis pelas obras : SNI (Secretariado Nacional de Informação), MOP (Ministério das Obras Públicas) e MNE (Ministério dos Negócios Estrangeiros).. O responsável do SNI queria que fossem utilizadas louças cor de rosa; o da MPO defendia o azul enquanto que o do MNE se inclinava para o branco.Como quem estava mais tempo no local das obras era o técnico da Câmara, Engº. Costa e Sousa, todos lhe diziam nas costas do outro, para aplicar a louça da cor que defendiam. O assunto assumiu tais proporções que o encarregado d SNI ameaçou fazer queixa ao Dr.Salazar, se outra fosse a cor da louça, que não o rosa.


O que se segue é da nossa inteira responsabilidade. Após visita, a que assistimos no meio de grande multidão, dizia-se em Alcobaça que os Reis nem à casa de banho tinham ido. E que se tinham gasto 80 contos para nada…


O autor


O autor, natural do Porto, Fleming de Oliveira vive e trabalha em Alcobaça há mais de 35 anos.


Está de parabéns.
“No tempo de Salazar, Caetano e Outros, Alcobaça e Portugal” é um livro que recomendamos vivamente.

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