Critérios distintos
por Paulo Alexandre Amaral, RTP actualizado às 04:23 - 12 Outubro '09
por Paulo Alexandre Amaral, RTP actualizado às 04:23 - 12 Outubro '09
PS e PSD reclamam vitória nas autárquicas de 2009
Uma leitura assente em diferentes critérios permitiu a PS e PSD chamarem a si a vitória nas eleições deste domingo (Lusa )
As lideranças de PS e PSD tomaram o palanque para reivindicar vitória, deitando mão a argumentações distintas.
José Sócrates, secretário-geral socialista, sublinhou a superioridade do PS no critério do número de votos e de mandatos.
A líder dos sociais-democratas destacou a vantagem laranja no número de câmaras e de freguesias conquistadas.
Dirigindo-se ao país como chefe do Governo, José Sócrates iniciou o seu discurso com uma saudação a "todos os autarcas eleitos", a quem deixou "uma nota de felicidades" e o desejo de que possam desempenhar um bom mandato.
Logo depois, num discurso que antecedeu a alocução de António Costa, foi já o secretário-geral socialista José Sócrates que tomou a palavra para ler os resultados deste domingo e considerar o Partido Socialista como o grande vencedor não só da jornada eleitoral mas também do ciclo que hoje se fechou com as autárquicas. Com a vitória do PSD no Porto (Rui Rio) e um maior número de câmaras conquistadas pelos sociais-democratas, o triunfo do socialista António Costa em Lisboa constituiu o resultado mais relevante do PS no escrutínio de hoje, ao que se junta a superioridade no total de mandatos e número de votos.
"O Partido Socialista tem nesta noite eleitoral um resultado muito bom", afirmou Sócrates, considerando que "todos os socialistas têm hoje boas razões para estar satisfeitos".
O líder dos socialistas explicou que, "em primeiro lugar, o Partido Socialista é o partido mais votado" nestas eleições (37,66%), em que "obteve mais de dois milhões de votos", o que representa uma subida em relação às últimas autárquicas e também uma subida "em relação às últimas eleições legislativas".
"Pelo critério do número de votos, o PS ganhou estas eleições autárquicas em Portugal" e "ganha também em número de mandatos", sublinhou José Sócrates, que fazia o seu discurso a partir da sede do Rato quando faltava ainda apurar duas dezenas de freguesias.
"Mesmo somando os mandatos do PSD com os mandatos obtidos pelo PSD em coligação com o CDS, a verdade é que o PS vence, obtendo 898 mandatos (em 2005 teve 824)", explicou Sócrates, lembrando que "o PS tem mais 50 mandatos" do que os principais rivais.
Sócrates reconheceu no entanto a vitória dos sociais-democratas quanto ao número de câmaras, o que valeu uma saudação do secretário-geral socialista ao PSD. Mas o líder do PS sublinharia logo após que ainda neste item do número de câmaras, o PS "é o partido que mais cresce", de 110 em 2005 para 132 em 2009.
O número de câmaras, referiu, "é também um critério importante nas eleições autárquicas, mas quero sublinhar que o PS é o partido que mais cresce em número de câmaras, passando das 110 de há quatro anos para cerca de 132".
Nesse sentido, José Sócrates reforçou a ideia de "um bom desempenho" por parte do seu partido, que com mais 22 câmaras em relação a 2005 atinge "um resultado que está muito para além das expectativas de todos no início destas eleições autárquicas", tendo o secretário-geral deixado uma saudação aos socialistas envolvidos neste embate eleitoral, com destaque especial para as vitórias de "Leiria e Beja, duas capitais de distrito onde o PS nunca tinha ganho".
Para a recta final do discurso, Sócrates reservou o elogio a António Costa, hoje reeleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
"Quero no final desta noite eleitoral sublinhar a importantíssima e expressiva vitória que o PS obtém em Lisboa", afirmou Sócrates, para reiterar que "António Costa obteve uma histórica vitória em Lisboa porque pela primeira vez o PS sozinho obteve uma vitória muito expressiva sobre a coligação de direita".
Ferreira Leite reclama vitória
"As eleições autárquicas que hoje se realizaram deram a vitória ao PSD" - foi desta forma que Manuela Ferreira Leite deu início a um discurso de vitória assente na ideia de que o partido que lidera manteve o maior número de câmaras e freguesias, o que lhe concede o estatuto de "maior partido português nas autarquias locais".
A líder laranja lembrou na sua alocução a partir da sede nacional da São Caetano à Lapa que nesse sentido o PSD mantém "a presidência da Assembleia Nacional de Municípios Portugueses e da Associação Nacional de Freguesias".
Ferreira Leite passou de seguida a lembrar as conquistas mais significativas deste domingo, com as vitórias em "câmaras importantes ou emblemáticas". A presidente do PSD destacou os casos de "Faro, Espinho ou Felgueiras", sem deixar cair "o reforço de votações nos núcleos urbanos" em áreas como "o Porto, Gaia, Sintra, cascais, Braga, Odivelas e Espinho".
Em relação a Lisboa, a falar numa altura em que não havia resultados definitivos, a líder defendia ainda que "apesar de não termos ganho a presidência da câmara" o PSD podia ainda obter o mesmo número de mandatos do PS, o que não veio a verificar-se, com o escrutínio final a traduzir-se num 9 (mandatos para o PS), 7 (PSD) e 1 (CDU).
Mostrando satisfação pelo que considera ter sido uma escolha criteriosa dos candidatos, Manuela Ferreira Leite tomou "o resultado destas eleições como o justo reconhecimento do trabalho realizado ao longo dos anos junto das populações".
A líder aproveitou a subida ao palanque no derradeiro discurso das hostes laranjas para sublinhar que é no poder local que o "efeito de proximidade permite maior eficácia das políticas", que são escrutinadas "sem o filtro da propaganda enganosa ou da manipulação da opinião pública".
Ferreira Leite quis ainda deixar uma palavra de agradecimento pelo trabalho dos autarcas, a quem reconhece um papel fundamental no auxílio às populações nestes tempos de crise.
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