segunda-feira, 12 de outubro de 2009

M55- 176 ANOS DEPOIS


Fundação Cisterciense Colégio Nossa Senhora da Conceição
A escritura pública de constituição da Fundação Cisterciense Colégio Nossa Senhora da Conceição foi assinada em 9 de Outubro corrente, dois dias antes das eleições autárquicas.

Um discurso com história
Para memória futura registamos o discurso do José Gonçalves Sapinho, no que poderá ter sido o seu último acto público como Presidente da Câmara de Alcobaça.
«1-Ensino Superior em Portugal
Está comprovado que a actual Universidade de Coimbra foi, durante séculos e até ao início do século XX, a única Universidade existente em Portugal. Que é das mais antigas Universidades Europeias, é outra realidade facilmente demonstrada.
É um dado Histórico que a actual Universidade de Coimbra teve a sua génese na Petição dirigida ao Rei e ao Papa, para a criação do Ensino Superior em Portugal.
Está assente que, tal PETIÇÃO, teve como primeiro Subscritor o Abade do Mosteiro de Alcobaça, secundado, curiosamente, pelo Prior de Santa Cruz de Coimbra, e por outros dignitários de Mosteiros e Ordens Religiosas.
A iniciativa pertenceu, assim, ao Abade deste Mosteiro, homem influente, a nível do Reino, e não menos importante, junto do Papa. Lembremos que, na sequência da Fundação do Mosteiro, elo importante na consolidação da Independência Nacional, nada de importante se decidia no reino, sem que passasse por Alcobaça. É, com este poder, e esta força, que surge a PETIÇÃO, liderada pelo Abade de Alcobaça. É, ainda, o Mosteiro que participa na sustentação da Universidade, com meios humanos e financeiros. O papel do Mosteiro, face à Universidade, não se fica por aqui. A exigência da qualidade e o aumento salarial dos Docentes passam, também, em determinada fase, pelo Mosteiro. A Igreja, através das instituições várias, constituiu-se em motor e dinamizador da Universidade.
2-Alcobaça e Coimbra
A ligação de Alcobaça a Coimbra e à Universidade, é, assim, um elemento indestrutível.
Curiosamente, Alcobaça e Coimbra são, também, cúmplices e palcos da mais bela e autêntica História de Amor, que pelo realismo, pela brutalidade e pela determinação dos amantes, empalidecem Tristão e Isolda, e Romeu e Julieta.
Dois acontecimentos de natureza diferente unem Alcobaça e Coimbra.
O cimento da nossa existência passa pelo que somos, pelo que fomos e como fomos, e também pelo que queremos ser.
Que melhores parceiros para projectar o nosso futuro, do que a Universidade de Coimbra e a Universidade Católica Portuguesa? Que melhor para Alcobaça do que juntar, no mesmo projecto, estas instituições, herdeiras de um passado muito rico e único.
3-Colégio Nossa Senhora da Conceição
Mas vamos ao Colégio Nossa Senhora da Conceição, que é, hoje, o centro desta cerimónia.
Decretada a sua fundação em 1648 (Oito anos após a restauração da Independência), a sua actividade como Escola de Ensino Superior, que concede diplomas de igual valor aos concedidos pela Universidade, inicia-se em 1651.
O terramoto de 1755 provoca o seu encerramento.
O Colégio é refundado (2ª fundação), recomeçando a sua actividade em 1759, funcionando, ininterruptamente, até 1833, ano da fuga dos Frades, na sequência das lutas liberais, e por opções políticas desacertadas do tempo que passava. Em 1834, o Ministro Joaquim Augusto de Aguiar aprova o Decreto de extinção das Ordens Religiosas. Feitas as contas pode concluir-se que o Colégio Nossa Senhora da Conceição funcionou durante 176 anos.
4-176 anos depois…a 2ª.Refundação
Como curiosidade, vale a pena referir que desde a sua extinção até hoje decorreram, também, 176 anos.
Assim sendo, e forçando a nota, estamos, hoje, perante a 2ª Refundação para durar, no mínimo 176 anos.
Constatada esta curiosidade, e tentando fundamentar o espírito que nos anima, estamos mesmo a dar início a uma nova era, com a convicção de que a vida não vai ser fácil, de que há muitas dificuldades a vencer e que elas serão vencidas, se os homens e as instituições quiserem.
O facto de a Universidade de Coimbra ter compreendido esta ligação histórica, de a ter valorizado, teve como consequência a celebração, há 10 anos, de um Protocolo com a Câmara Municipal, que veio a dar origem ao Centro de Estudos Superiores da Universidade de Coimbra, em Alcobaça.
Sei que há quem desvalorize este facto. Sei que há quem pense que criar, hoje, uma escola de Ensino Superior é tarefa ao alcance de qualquer Município. Isto só é possível no domínio da demagogia. Perderam-se, no passado, oportunidades de ouro para termos Ensino Superior em Alcobaça. Mas não vale a pena encontrar culpados, nem chorar sobre o “leite derramado”. É um dado objectivo que não foi criado e é, também, um dado objectivo que a tarefa em que, hoje, nos envolvemos é, no mínimo, muito complexa, direi, mesmo, ciclópica.
Só com a coragem e a determinação da Universidade de Coimbra, que se empenhou e empenhou o seu prestígio, foi possível a Criação do referido Centro. E é bom lembrar que aqui têm funcionado actividades culturais, colóquios, lançamento de livros, cursos de curta duração, Pós-graduações e Mestrados. E esclarecer que as Pós-graduações e os Mestrados já vêm publicados no Diário da República, com a estrutura dos cursos, os Numerus Clausus e a forma de concorrer, tudo com a assinatura do Centro de Estudos Superiores da Universidade de Coimbra, em Alcobaça.
Foi necessário seguir este caminho, porque o Governo de há 10/11 anos proibiu, de todo, a proliferação do Ensino Superior Público e Privado, e a criação de Pólos.
Não sendo possível, nem desejável afrontar a Lei, a Universidade de Coimbra ao criar o Centro de Estudos prestou um inestimável serviço a Alcobaça, com olhos postos na História.
5-Alcobaça é Alcobaça
Como dizia, então, um Presidente do Conselho Científico de uma Faculdade, se perguntarem porquê Alcobaça, a resposta é simples, é que Alcobaça é Alcobaça…. A riqueza desta asserção é inalcançável.
Aqui chegados, com o aval da Universidade de Coimbra, repito, é, também, a mesma Universidade que sugere a instituição de uma FUNDAÇÃO para dar corpo Institucional à relação entre Alcobaça e a Universidade de Coimbra.
Por isto, estamos muito gratos ao Magnífico Reitor e à Reitoria da Universidade de Coimbra, pelo impulso que dá a esta acção da Instituição da “FUNDAÇÃO CISTERCIENSE COLÉGIO NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO”.
E não é difícil prever que no espírito deste impulso, está subjacente a vontade de ir mais além, se e quando as circunstâncias o aconselharem.
Não é por acaso que a Universidade está, aqui, hoje, connosco, representada pelo seu máximo responsável, o seu Magnífico Reitor. Quero agradecer-lhe, a forma afectuosa e rigorosa com que se tem empenhado no nosso projecto e a elegância com que, sempre, me tratou. O Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça está muito grato, em nome do Município, pelo percurso até hoje percorrido.
Há razões para ter esperança de que alguma coisa pode mudar.
Desde hoje, através de uma nova Filosofia de Reutilização do Mosteiro.
Há, hoje, propostas objectivas e estudos realizados, com o aval e conhecimento do, ainda, Ministro da Cultura. Não cometo perjúrio, nem me deixo guiar por miragens, se disser que não está longe o tempo em que vai ser possível o Ensino Superior entrar, não no Colégio Nossa Senhora da Conceição que foi demolido, mas no Mosteiro.
E a esperança também passa pela variedade de ofertas que as escolas de Ensino Superior associadas a este projecto, possam vir a implementar.
6-Adesões
Seja a Universidade de Coimbra, por tudo quanto já foi dito, seja a Universidade Católica Portuguesa, que com o seu prestígio Nacional e Internacional, pode trazer inovação, versatilidade e dinamismo m áreas para que tem especial apetência. Dentro do contexto político e educativo em que vivemos, que melhor poderia acontecer a Alcobaça do que vermos a Universidade Católica Portuguesa aderir, e empenhar-se neste Projecto e ver o Magnífico Reitor entusiasmado com a iniciativa? Saúdo a Senhora Vice-Reitora da Universidade Católica Portuguesa, Sr.ª Prof.ª Doutora Maria Luísa Geraldes Barba.
Todos podemos sonhar mais e melhor, mas este acontecimento é uma bênção se soubermos acarinhá-lo e não quisermos ser apressados em soluções que necessitam de tempo e de condições. Não é amanhã que tudo vai acontecer, mas será noutro amanhã que tudo acontecerá.
Não é por acaso que a Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva está connosco. Instituição altamente prestigiada, em áreas de Formação e Ensino, vem trazer ao Projecto uma MAIS VALIA especializada. O seu Presidente, Dr. Luís Calado, aderiu, desde logo, a esta iniciativa, facto com que nos congratulamos, sobretudo porque acredita que as expectativas se vão tornar realidade.
A todos quantos aderiram a este Projecto, a nossa gratidão.
Razões várias determinam as adesões.
A Santa Casa da Misericórdia de Alcobaça, pelo carácter mutualista do seu projecto e por ser, por ventura, a mais antiga Instituição de Alcobaça. Grato à Mesa Administrativa, e, em especial, ao Sr. João Carreira.
A Cooperativa Agrícola, pelo espírito do Cooperativismo e pela vontade inabalável de vencer, após um período de profundas dificuldades. É um símbolo do sucesso. Ao Dr. Manuel Castelhano e à sua Direcção, com destaque para o Sr. Leonel Branco, o nosso reconhecimento.
O Turismo, representado pelo Pólo Turístico do Oeste, e que só é possível pela clarividência do seu Presidente, Dr. António Carneiro, pelo PINHAL ATLÂNTICO GOLFE, aqui representado pelos Senhores José Manuel Carrilho e Albino Costa, projecto privado que constitui uma das importantes apostas do Município e pelo Ecoparque dos Monges, que pretende recriar, num projecto ambicioso, a vida e o tempo dos Monges de Cister. Grato à clarividência do Sr. Alexandre Alves.
A Academia de Música, projecto inovador, de sucesso, na área das Artes vai participar nas nossas ambições, pela mão do Sr. Dr. Rui Morais.
Investidores no Concelho, como são o caso da Mota-Engil Serviços e da Nova Alcobaça, protagonista de um projecto de grande fôlego urbanístico, representada pelo Sr. Eng.º Jorge Rodrigues.
Também não podia deixar de referir a SECIL, que apoiará financeiramente este projecto, não como Instituidor, mas como financiador anual, durante algum tempo, através de Protocolo, específico, a celebrar com a Câmara Municipal, no âmbito de protocolo mais vasto já existente.
O mesmo acontece com a Rodoviária do Tejo, aqui representada, que deseja aderir e só não o faz, hoje, por ausência, durante algum tempo de administradores.
7-Estão lançados os dados.
Após este acto Público da Celebração da escritura, seguir-se-á o reconhecimento pelo Governo e uma vez reconhecido, seguir-se-á o processo de preenchimento dos Órgãos Sociais.
É grande o nosso optimismo?
Direi que é, no mínimo, do tamanho do Mosteiro.
Mas sabemos, como já foi referido, que caminhamos por um carreiro estreito.
Vamos entregar a carta a Garcia.
É isso que exigem, hoje, de nós, a história, o presente e o futuro.

José Gonçalves Sapinho».


O dia 9 de Outubro de 2009 foi um dia histórico para Alcobaça.


A esperança a 2ª.Refundação do Colégio Nossa Senhora da Conceição é, no mínimo, do tamanho
do Mosteiro!
JERO

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