segunda-feira, 28 de setembro de 2009

M40- RESCALDO DAS LEGISLATIVAS

28 Day After
No rescaldo das eleições legislativas de 27 de Setembro, e contrariamente ao que referimos em recente”postagem”, afinal não ganharam todos.
O PSD perdeu. Todos os outros ganharam.
Do muito que se publicou no dia seguinte apreciámos sobremaneira a lucidez de uma jovem Professora Universitária do ISCSP/UTL, especialista em Comunicação Política..
Com a devida vénia reproduzimos (e subscrevemos) o seu artigo de opinião publicado no Diário de Notícias de 28 de Setembro de 2009 (ACTUAL, pg.9).

A cosmética derrotou a verdade

Volvidos quatro anos e meio de governação socialista, a noite de divulgação de resultados eleitorais inaugurou ontem uma nova etapa na vida pública e outros mandatos de representação política.

O PS ganhou outra vez as eleições legislativas, numa expressiva vitória de José Sócrates. Impondo-se com um estilo de nouvelle politique jovem, seguro e de imagem fresca, cumpriu rigorosamente a estratégia político-partidária, sem nunca ter detalhado a estratégia para o país ou assumido com clareza as falhas da governação anterior. À semelhança do que aconteceu ao longo da última legislatura, Sócrates apareceu nesta campanha eleitoral insuflado por uma cosmética comunicativa premente e diária, em que o exercício retórico e os floreamentos semânticos superaram a substância da experiência governativa propriamente dita. Mais manso, moderado, mas ainda veemente, José Sócrates fez jus às orientações da sua profissional machinery e foi vendendo outra vez o 'sonho' que os portugueses ousaram comprar.
Já o PSD, depois de um balão de entusiasmo nas eleições europeias, claudicou na avaliação dos portugueses. Manuela Ferreira Leite, leal à sua política de verdade, nunca deu confiança aos editores de jornais ou promoveu a proximidade interesseira nos media em prol de dividendos políticos. Toldada pela luz de um outro tempo e no crivo de uma política menos pressurosa, Ferreira Leite sustentou a sua trajectória com menos ductilidade e, por isso mesmo, frágil perante as exigências mediáticas contemporâneas e no afã de cativação de eleitorado.
Tal como o PS, CDS e BE também conseguiram "levar a carta a Garcia". Treinado nas feiras, praças e ambientes populares, Paulo Portas emerge novamente e afirma o espaço da direita política com um resultado histórico; enquanto o BE herda os votos dos descontentes do sistema, reforça a posição na esquerda portuguesa, ultrapassando significativamente a CDU. Gasta nas fórmulas que implementa e sem novidade discursiva, a mensagem "memo-córdica" de Jerónimo de Sousa justifica a deriva dos eleitores e a perda de terreno para a verbosidade de Louçã.
Agora sem atavios, a política segue dentro de momentos com um dos mais exigentes ciclos políticos da democracia portuguesa…
por Nilza Mouzinho de Sena

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