sexta-feira, 25 de setembro de 2009

M38-BURROS HÁ MUITOS (PARTE II)


Os Burros, o Mercado de Acções e a crise...

No final de um dia de Outono soalheiro e quente os trabalhadores do campo regressavam a casa desejosos de descanso e de uma boa cavaqueira sentados à porta de casa, depois da ceia,obviamente.
A pacatez habitual foi quebrada pela presença inesperada de um forasteiro que começou a abordar tudo e todos,dizendo que compraria burros por € 10,00 cada.
Como havia muitos burros na região em estado selvagem os aldeões iniciaram a caçada na manhã do dia seguinte.
O forasteiro comprou centenas de burros a € 10,00.
Satisfeitos com o dinheiro que, tempos antes, era de todo impensável ganhar sem muito esforço os aldeões abrandaram a caça. E voltaram à cavaqueira à porta de casa, depois da ceia.
O forasteiro percebendo a mudança de atitude dos aldeões anunciou que passaria a pagar € 20,00 por cada burro.Os aldeões arregaçaram as mangas e foram novamente para os montes. Mas, cada vez tinham que ir para mais longe e a caça aos burros não compensavam o esforço.
Os burros foram escasseando e os aldeões desistiram das caçadas.
A oferta aumentou então para € 25,00 e a quantidade de burros ficou tão reduzida que já não havia mais interesse em caçá-los. Burros …só em sonhos!
O comprador dos burros anunciou então que, a partir de agora, compraria cada burro por € 50,00!Mas, como por motivos imprevistos tinha que regressar à cidade ,anunciou aos aldeões que deixaria um seu empregado responsável pela compra dos burros que conseguissem entretanto caçar.Na ausência do forasteiro-patrão , o seu empregado dias depois propôs aos aldeões, que tinham desistido completamente de caçar burros, o seguinte: - "Tenho uma proposta para vos faze,mas é um segredo que tem que ficar entre nós. Os burros que o meu patrão vos comprou, eu posso vendê-los a vocês a € 35,00 cada. Quando o meu patrão voltar da cidade, vocês vendem-nos a ele pelos € 50,00 que ele oferece, e ganham uma boa massa".
Os aldeões reuniram-se nessa noite na maior eira da aldeia e rapidamente chegaram a uma conclusão.
Comprar todos os burros ao empregado do forasteiro-patrão.
Deram-lhe todo o dinheiro que tinham guardado nos colchões e ficaram com burros que encheram cocheiras de todos os quintais da aldeia.
Despediram-se com grandes palmadas nas costas do empregado que teve entretanto que sair da aldeia por motivos de saúde. Ria-se por tudo e por nada e percebia-se que não estava bem…
Os dias passaram-se, e eles nunca mais viram nem o patrão, nem o seu empregado.
A única coisa que viam eram burros por todos os lados.
Regressou entretanto à aldeia um filho de um dos aldeões que tinha ficado com mais burros. O rapaz ,que era estudante de Economia numa cidade distante, quando ouviu a história dos burros contada pelo pai e pelos vizinhos, coçou a cabeça e disse:
«Mas o que aconteceu na nossa aldeia é um exemplo acabado de como funciona o mercado de acções!»
«Está explicado porque apareceu a crise na cidade onde eu estudo»
«E se calhar isto não vai ficar por aqui.»
Dias depois regressou à cidade. Já não podia com tantos burros!
(Adaptado de uma história de ficção…)
JERO




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