Um Telegrafista assustado...é assustador!
O Sr. Barros(Manuel Pereira de Barros de seu nome completo) é daquelas pessoas com quem se faz facilmente amizade.
É um indivíduo cordial, bem disposto e …excelente comerciante.
É bem conhecido em Alcobaça, onde está estabelecido há mais de 23 anos no Centro Comercial ,frente ao Cine-Teatro .Quem é que não conhece a «Loja da Dª.Ema»!?.
Tem o perfil típico de boa pessoa.
Pacífico …daqueles que empresta (ou dá) a camisa ao próximo ser for preciso e que… se estima à primeira vista. Não será exagero dizer que terá em cada cliente um amigo !Ou vice-versa…
Um dia ,há pouco tempo atrás, fui o último cliente do dia.
Houve tempo para conversar e…um pouco à sorte …fomos parar à vida militar. Foi uma surpresa saber que o Sr.Barros tinha andado na guerra do Ultramar pois tem aspecto de … jovem cinquentão[1] .
Para minha maior surpresa vim a saber que tinha feito tropa nos fuzileiros e que tinha andado na guerra em Moçambique. O Sr. Barros tinha pertencido às tropas especiais! Fiquei sem fala e quando recuperei da surpresa fiz questão de tirar o boné que tinha na cabeça. Tropa especiais.?!Cuidado com o homem…
O sr. Barros transfigurou-se e, em poucos minutos, debitou, meia dúzia de estórias. Pela sua pedalada percebemos que o tema daria para horas de conversa…Entremeou algumas estórias dramáticas com outras bem divertidas que nos surpreenderam pelo inesperado. Para quem julga que já ouviu todas as estórias da tropa …
Seguem-se duas das que seleccionámos.
Esteve em Moçambique nas zonas de Lago Niassa, Cabo Delgado e Tete nos anos de 1971 e 1972.
Meio assarapantado pegou na arma que estava mais à mão e, com algum atraso, juntou-se aos camaradas que já ripostavam vigorosamente ao ataque que, passados alguns minutos, esmoreceu. Quando os ritmos cardíacos voltaram ao normal o telegrafista Barros foi «trucidado» pelo gozo dos camaradas. A arma que tinha na mão era um «pressão de ar», que era habitualmente usada para caçar uns pombos para «melhorar o rancho». As gargalhadas ferveram e «a ocorrência» deu para uns bons dias de gozo…
2-Quando em operações o Barros-telegrafista transportava um rádio «Racal TR-28-32» ,com14 quilos.
Numa missão a um objectivo de alto risco integrou um secção de 5 homens, que foi transportada de helicóptero até perto do objectivo.
Como já era habitual o «heli» ficou a pairar a um metro, metro e meio do solo, e os «fuzos »foram saltando.
O Barros ficou para último e quando ia saltar hesitou pois a distância até ao solo pareceu-lhe ter aumentado repentinamente. E com 14 kgs. às costas ia partir uma perna ou…sabe-se lá o quê. Mais depressa do que leva a contar o tempo de salto passou e o helicóptero saíu rapidamente da zona ganhando altura e distância … O Barros-telegrafista engoliu em seco em seco várias vezes e ganhou coragem para tocar no ombro do piloto que se julgava a voar sozinho. Quando o fez disse: Oh sr. Piloto desculpe mas…
Nesse momento o piloto virou-se e…julgou estar na presença de um fantasma.
Gritou de susto, largou os comandos e o «heli» quase se despenhou.
Lutando pela vida conseguiu equilibrar o aparelho e…quando acalmou …ouviu as razões do Barros-telegrafista para…não ter saltado.
Entrou em contacto via rádio com os companheiros do Barros-telegrafista –havia mais tropa na zona - que já evoluía no solo a alguns kms. de distância.
Deu uma volta larga , regressou e pousou o helicóptero para o Barros sair pelo seu pé, junto dos companheiros.
Estes…chamaram-lhe tudo menos …bom rapaz.
«A menina-telegrafista» juntou-se ao grupo e aguentou-se no balanço.
Este salto em falso deu para largos meses de galhofa na sua unidade
Estas duas pequenas estórias, que o sr.Barros conta entre exclamações divertidas e gargalhadas, não são seguramente as que se esperam de um militar que andou pelas «tropas especiais», que são tidos pela opinião pública em geral como «máquinas de guerra»!
Mas duma coisa estamos certos : o sr. Barros é um ser humano… especial e, em outras estórias que nos contou, de forma grave e séria ,deu para perceber que com a sua bondade natural e bom senso evitou alguns graves disparates dos seus companheiros no tratamento a prisioneiros!
Para ser melhor…a vida …precisa de pessoas especiais como o sr. Barros.
«Então e o que é que vai ser hoje?
Temos aí uns pastéis de nata que…nem os de Belém se lhes comparam!
E quem comprar meia dúzia…leva sete.»
Porque acaso nesse dia não fez negócio porque não sou guloso…
Levei só o sétimo!
JERO
[1] Nasceu em 16 de Outubro de 1951 tendo-se alistado com 16 anos na Marinha de Guerra, onde esteve até aos 21 anos (quatro anos e meio).
Reside actualmente no Casal da Coita, lugar da mesma freguesia de Santa Catarina.
Como já era habitual o «heli» ficou a pairar a um metro, metro e meio do solo, e os «fuzos »foram saltando.
O Barros ficou para último e quando ia saltar hesitou pois a distância até ao solo pareceu-lhe ter aumentado repentinamente. E com 14 kgs. às costas ia partir uma perna ou…sabe-se lá o quê. Mais depressa do que leva a contar o tempo de salto passou e o helicóptero saíu rapidamente da zona ganhando altura e distância … O Barros-telegrafista engoliu em seco em seco várias vezes e ganhou coragem para tocar no ombro do piloto que se julgava a voar sozinho. Quando o fez disse: Oh sr. Piloto desculpe mas…
Nesse momento o piloto virou-se e…julgou estar na presença de um fantasma.
Gritou de susto, largou os comandos e o «heli» quase se despenhou.
Lutando pela vida conseguiu equilibrar o aparelho e…quando acalmou …ouviu as razões do Barros-telegrafista para…não ter saltado.
Entrou em contacto via rádio com os companheiros do Barros-telegrafista –havia mais tropa na zona - que já evoluía no solo a alguns kms. de distância.
Deu uma volta larga , regressou e pousou o helicóptero para o Barros sair pelo seu pé, junto dos companheiros.
Estes…chamaram-lhe tudo menos …bom rapaz.
«A menina-telegrafista» juntou-se ao grupo e aguentou-se no balanço.
Este salto em falso deu para largos meses de galhofa na sua unidade
Estas duas pequenas estórias, que o sr.Barros conta entre exclamações divertidas e gargalhadas, não são seguramente as que se esperam de um militar que andou pelas «tropas especiais», que são tidos pela opinião pública em geral como «máquinas de guerra»!
Mas duma coisa estamos certos : o sr. Barros é um ser humano… especial e, em outras estórias que nos contou, de forma grave e séria ,deu para perceber que com a sua bondade natural e bom senso evitou alguns graves disparates dos seus companheiros no tratamento a prisioneiros!
Para ser melhor…a vida …precisa de pessoas especiais como o sr. Barros.
«Então e o que é que vai ser hoje?
Temos aí uns pastéis de nata que…nem os de Belém se lhes comparam!
E quem comprar meia dúzia…leva sete.»
Porque acaso nesse dia não fez negócio porque não sou guloso…
Levei só o sétimo!
JERO
[1] Nasceu em 16 de Outubro de 1951 tendo-se alistado com 16 anos na Marinha de Guerra, onde esteve até aos 21 anos (quatro anos e meio).
Reside actualmente no Casal da Coita, lugar da mesma freguesia de Santa Catarina.
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