Património Cisterciense.
Os lagares de vinho do Mosteiro de Alcobaça
Frei Manuel de Figueiredo, em documento do século XVIII, dá-nos a carta de localização dos lagares e adegas de vinho da Ordem. Ficamos então a saber que o Mosteiro explorava 23 lagares: “Alfeizerão – 2; Alvorninha – 1; Cela – 1, Santa Catarina – 3; Quinta do Castelo – 1; Évora – 1; Famalicão – 1; Quinta da Gafa – 2; Julgado – 1; Maiorga – 1; Monte de Bois – 1; Quinta do Refortuleiro – 1; Quinta de Turquel, e Villa – 2; Salir de Matto – 1; Vallado – 1; Quinta do Vimeiro – 1” e que os povos demandavam a ampliação do lagar de Monte de Bois e a edificação de novos imóveis no Bárrio, Bemposta e Macalhona.
Os lagares do Mosteiro eram todos de pedra e a espremedura fazia-se sob o sistema de prensa de vara. As adegas eram edificadas sem qualquer escolha prévia. Esta despreocupação quanto à natureza do local de assento e à busca de rumos adequados que protegessem os seus vinhos da ardente canícula, ou do agreste soão, contribuía para agravar os problemas de conservação. O Mosteiro possuía 18 adegas disseminadas no território dos Coutos: “Alfeizerão – 1; Aljubarrota – 1; Alvorninha – 1; Quinta do Castelo – 1; Santa Catarina – 2;Cela – 1; Évora – 1; Famalicão – 1; Quinta da Gafa – 1; Julgado – 1; Maiorga – 1; Salir de Matto – 1; Quinta de Turquel, e Villa – 2; Vallado, e Quinta – 2; Quinta do Vimeiro – 1”.
Conhecemos a capacidade de armazenamento da Quinta da Gafa, a maior propriedade de vinha do Mosteiro. Entre os 12 tonéis da sua adega e lagar compreendia 36 pipas (18.000 litros). Os tonéis de maior dimensão atingiam a notável capacidade de 5 pipas. O auto de arrematação do vinho efectuado após a saída da Ordem contabilizou 700 almudes (14.000 litros). A documentação faculta-nos o acesso ao jogo de tonéis e cubas, vasilhame de carreto e apoio e demais alfaias presentes na própria adega do Mosteiro. No lado cimeiro da adega alinhavam-se 5 tonéis, contra 6 cubas (ou balseiros) na parte baixa. Do restante espólio da adega faziam parte 20 dornas, destinadas ao carreto da vindima e fabrico das tintas, 5 selhas e 33 vasilhas de tamanhos diversos. Na adega encontrava-se ainda um recipiente de cobre utilizado, provavelmente, para confeccionar o arrobe (mosto fervido que se adicionava nos tonéis durante o período da fermentação para fazer elevar o grau) e uma caldeira para destilar as borras. Para medir o vinho, enquanto se almudava, dispunham de um conjunto de medidas de barro que iam do quarto ao quartão. O fabrico e a conservação dos vinhos do Mosteiro eram feitos integralmente em vasilhame de madeira de choupo (destinado a vinhos de fraca qualidade e pronto consumo) e castanho. Nos inventários das suas adegas e lagares não encontrámos nenhuma referência a talhas e potes de receber vinhos. Tanto as talhas como os potes cerâmicos para guarda de vinhos e azeites filiam-se na matriz cultural e histórica do mediterrâneo das civilizações clássicas, enquanto a vasilha de aduelas constitui uma herança do norte europeu.
António Valério Maduro
O nosso grande professor
ResponderEliminarCom o seu conhecimento
Explica-nos direitinho
Como era feito azeite e vinho
Por essa gente de talento
É pena que tudo isso
Se vá perdendo na história
Continue professor Maduro
A falar para o futuro
E a nós!! Aviva-nos a memória
bjo
Áurea