OFICINA DANADA
MEMÓRIAS!...
Quatro irmãos (o Joaquim, o Zé “Preto”, o Júlio e o António “Russo” ), hábeis serralheiros, com oficina na Rua Frei Estevão Martins, frente à actual Pensão Mosteiro, viveram intensamente os tempos conturbados do assalto ao Quartel de Janeiro de 1919.
A página 137, do livro de Bernardo e Silvino Villa Nova, “Breve História de Alcobaça” é referido que em 11 de Janeiro de 1919, civis armados, auxiliados por oficiais revoltosos de Regimento de Artilharia 1, aquartelado em Alcobaça, tomaram posse do quartel, prenderam o Comandante e alguns oficiais e seguiram para Santarém, principal núcleo do movimento revoltoso.
No dia 13 seguinte, encontrando-se Alcobaça desguarnecida, entrou nela tropa de Infantaria 7, fiel ao governo, tendo-se seguido a prisão de largas dezenas de pessoas... e até 24 do mesmo mês viveu-se um regime de terror, com violação de domicílios e atropelos vários.
Pois também os quatro irmãos da nossa história e a sua oficina estivaram na mira das forças da ordem de então por terem sido denunciados por inimigos políticos.
Eram acusados do fabrico de bombas para a revolução.
Foi um elemento da GNR, que no final da busca, certamente cansado, enfarruscado e desiludido por nada ter encontrado que proferiu a frase que veio a tornar conhecida a oficina dos 4 irmãos:
- Que oficina danada!...
Quanto às bombas elas estavam lá perto, dentro de um cesto que, preso por um arame, estava mergulhado nas águas escuras do Rio Baça que passava nas traseiras da oficina.
Se têm aberto a janela enferrujada das traseiras e puxado o arame estes nossos parentes teriam ido mesmo presos.
Parafraseando a histórica expressão do soldado da GNR tiveram uma sorte danada!...
J.Eduardo Oliveira
(7.Junho.2001)
Testemunho de José Pedro Coelho recolhido por JERO
Saltando no tempo… o espaço da “Oficina Danada” está hoje, graças à tenacidade e iniciativa do Escultor José Aurélio, ocupado pelo “Armazém das Artes”, “oficina danada” para a promoção da cultura.
JERO
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