quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

M 315 -UM POETA PINTOR HOMEM DE BEM

"SORRISO"

Sosseguei na lonjura dos dias parados
dos ventos passados.
Deixei para trás memórias dos cheiros
esquecidos,entorpecidos, mergulhados,
rasteiros,
de vez em quando acesos
em lúgubres cinzeiros
Do teu e do meu acordar,
soube-nos agora enfim deles ilesos,
não presos,
mas a planar,
em lindos prados.
num voo de eternos namorados


Ao de leve,
nos raios púrpura
raiando o céu,
breve esqueci os olhares molhados
e o tanto breu
e nasci
para mim, em ti
de um útero por inventar,
chamado nosso lar.

Num imenso sentir
cheirando a mar
e assim adormeci
e no meu olhar
renascido,
por ti e em ti, reconstruido
me deitei e deixei ficar
num sussurro infinito
leve e bem preciso
num caminho chamado sorriso!"


Rasguei então, em teu ventre,
o retrato inacabado
de uma terra, emergente,
imaginária
e na crista de uma onda solidária,
o matutino sonho transparente
correu, urgente,
sem semeado ser,
numa viajem sem fim
até ao renascer
do centro de ti, em mim
e fui mar e fui segredo
acordando em sossego
e limpei a alma
na rocha escarpada,
na calma
do feliz desapego,
de nada precisar
por te ter agora
e te poder e saber amar.
ó minha fada,
nesta e futura hora
e nunca, nunca mais
aquele nada,
por saber seres tu e finalmente,
meu desejado,
mais belo e transparente,
porto de chegada .

António Sales

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