"SORRISO"
Sosseguei na lonjura dos dias parados
dos ventos passados.
Deixei para trás memórias dos cheiros
esquecidos,entorpecidos, mergulhados,
rasteiros,
de vez em quando acesos
em lúgubres cinzeiros
Do teu e do meu acordar,
soube-nos agora enfim deles ilesos,
não presos,
mas a planar,
em lindos prados.
num voo de eternos namorados
Ao de leve,
nos raios púrpura
raiando o céu,
breve esqueci os olhares molhados
e o tanto breu
e nasci
para mim, em ti
de um útero por inventar,
chamado nosso lar.
Num imenso sentir
cheirando a mar
e assim adormeci
e no meu olhar
renascido,
por ti e em ti, reconstruido
me deitei e deixei ficar
num sussurro infinito
leve e bem preciso
num caminho chamado sorriso!"
Rasguei então, em teu ventre,
o retrato inacabado
de uma terra, emergente,
imaginária
e na crista de uma onda solidária,
o matutino sonho transparente
correu, urgente,
sem semeado ser,
numa viajem sem fim
até ao renascer
do centro de ti, em mim
e fui mar e fui segredo
acordando em sossego
e limpei a alma
na rocha escarpada,
na calma
do feliz desapego,
de nada precisar
por te ter agora
e te poder e saber amar.
ó minha fada,
nesta e futura hora
e nunca, nunca mais
aquele nada,
por saber seres tu e finalmente,
meu desejado,
mais belo e transparente,
porto de chegada .
António Sales
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