Por onde passa o Padre Carlos Jorge Vicente não deixa ninguém indiferente.
É, por muitas e variadas razões, um padre diferente.Um padre “novo” que não o é só na idade…Aproxima-se o segundo Natal que vai passar como Pároco de Alcobaça. No ano anterior já cá estava mas acumulava mais 2 paróquias: Maiorga e Cós. Independentemente das perguntas espectáveis, gostaríamos de lhe colocar algumas outras questões. Do que lhe conhecemos não o vão embaraçar.
Seguem-se as perguntas espectáveis.
1) Que balanço faz dos seus primeiros tempos em Alcobaça?
A primeira impressão que me surge tem sinal positivo. Não pelo que FIZ, mas pelo que FIZEMOS até agora e estamos a delinear para o futuro. Um pároco não age sozinho, mas em comunhão com os paroquianos (particularmente os que constituem o Secretariado Permanente do Conselho Pastoral), que partilham com ele o desafio de construir uma comunidade, da qual ele é o pastor, em nome do Senhor Patriarca. Do que aconteceu ao longo deste tempo destaco, não o que já concretizámos, e que nos enchem de satisfação, mas a vontade e o empenho de muitos que oferecem o seu tempo e disponibilidade para serem ‘pedras vivas’ de um outro ‘Mosteiro invisível’ que também existe em Alcobaça. É um prazer ser pároco no meio de gente assim. Sejam crentes ou não crentes.
2) E das outras paróquias por onde passou (Maiorga e Cós)?
O pouco tempo que estive com os paroquianos da Maiorga e de Cós não foi suficiente para realizarmos muitas acções, nem programarmos um plano pastoral para as comunidades. Da minha parte ficou, por um lado, uma grande tristeza por não conseguir continuar (acumulei as duas paróquias pelo facto do ex-pároco, Padre José, ter adoecido), por outro, alegria por ter encontrado gente boa, dinâmica e com amor a Jesus, gratidão pela simpatia com que fui tratado, e ligações de amizade que nasceram entre muitos de nós (e que eu desejo que continuem). Gostei muito de ter ‘passado’ por Maiorga e Cós.
3) O que mais gosta na sua paróquia?
O que mais gosto na paróquia são os paroquianos e as paroquianas. Que o Mosteiro e os doces me perdoem…
4) O que gostaria de mudar?
Tudo o que impede as pessoas de serem felizes e livres. O primeiro mundo a mudar é o nosso coração. Há muitos ‘ambientes’, ‘poses’, e ‘ritmos’ que necessitam de ser transformados.
5) Que balanço faz de Alcobaça cultural?
Estou agradavelmente surpreendido com as várias propostas culturais que foram apresentadas em Alcobaça (Concelho), ao longo do tempo em estou por aqui. Destaco, como não podia deixar de ser, o Cistermúsica. Como não conheço a programação de anos anteriores não posso responder mais do isto.
E agora as outras.
6) Em termos históricos qual a época mais marcante?
A que vivemos hoje. Todas as épocas foram importantes. Aconteceram. Com os seus vários tons. É fundamental conhecer e aprender com os que viverem antes de nós, e foram os construtores do nosso passado, que demarcaram eras e nos legaram a sua heranças, mas é muito mais apaixonante sentirmo-nos protagonistas do momento presente e daquilo que vamos oferecer aos que vêm depois de nós. Ou seja, para mim, a época mais marcante em termos históricos é esta que estamos a construir. O futuro começa agora.
7) Que livro e que o autor preferido?
Já perdi a conta aos livros que li. Não consigo destacar nenhum. O mesmo para os autores. Cada obra que leio é especial. É um diálogo entre mim e o(a) escritor(a). Claro que se fosse ‘obrigado’ a escolher apenas um livro então não teria qualquer hesitação: a Bíblia. Não apenas por motivos religiosos (como é de compreender no meu caso) mas também por motivos culturais e estéticos. Na Bíblia estão todas as respostas às grandes questões da humanidade. Respostas de Deus. A Bíblia é o Livro dos livros.
8) Gosta de cinema? Qual o filme da sua vida?
Sou um grande apreciador de cinema (e também de teatro). Não consigo eleger nenhum filme em particular. Todos os que vejo me interpelam. Já presenciei filmes relativamente fracos em termos de mensagem ou de qualidade artística, mas que, mesmo assim, fizeram-me reflectir.
9) Música ou intérprete preferidos?
Sou um apaixonado por música e ouço quase de tudo. Claro que dentro deste ‘tudo’ selecciono e faço escolhas. Com o tempo vamos apurando os nossos conhecimentos, sensibilidade e critérios. Não consigo dizer qual a música ou intérprete preferido. Se me perguntasse quais eram as 1000 músicas e intérpretes preferidos poderia responder-lhe.
10) Qual o espectáculo que não vai esquecer nunca?
O próximo que for presenciar.
11) Um vício?
Sou um leitor compulsivo. Deve haver um nome para este ‘drama’…
12) Um defeito?
Ainda bem que me pede que lhe confidencie apenas um defeito. Se me desse mais liberdade penso que não haveria espaço no jornal para a lista que eu podia elaborar. Resposta: tenho a mania de desinstalar e acordar toda a gente. É grave, sim, reconheço. E, às vezes, o meu ritmo para o andamento dos acontecimentos não é o mesmo de Deus; e, por isso, surge-me alguma impaciência interior. Mas também tenho uma ou duas qualidades…
13) Um passatempo?
Digo-lhe três: ler (o mais que puder), ouvir música (a toda a hora, se tal fosse possível) e tocar guitarra (e se tiver outros músicos ao lado, melhor ainda). Mas há mais…
14) Alguém especialmente marcante na sua vida?
Para além do meu pai e mãe (que estão, claramente, em primeiro lugar) e das minhas irmãs, cunhados e sobrinhos (que, curiosamente, também estão em primeiro lugar), o Papa João Paulo II.
15) Tem algum sonho por realizar? E dos realizados qual o mais importante?
Sonho por realizar: o próximo que Deus vai colocar dentro de mim. Dos sonhos concretizados destaco o facto de ser padre, ou seja, ter tornado realidade o sonho que Deus tinha para mim.
16) Um lema de vida?
Viver no dia-a-dia, com coerência, o maior dom que me foi oferecido: o baptismo. Ou seja: tentar amar os outros como Jesus me ama. É uma fórmula mais fácil de decorar…
E finalmente uma mensagem aos leitores de O ALCOA.
O que apetece dizer em primeiro lugar é um imenso OBRIGADO a todos os que, ao longo destes anos de vida d’ O Alcoa’, o construíram e o leram. Um jornal vive desta cumplicidade.
Conhecem, melhor que eu, o trajecto que ‘O Alcoa’ realizou até hoje. Já ouvi muitas histórias. Umas bonitas; outras nem tanto. Deixemos para trás o que pertence ao passado e enfrentemos o futuro. Vamos continuar a remodelar o jornal. Para que ele seja cada vez melhor. Para que seja mais de todos. Os principais responsáveis pela elaboração de ‘O Alcoa’, com quem já tenho uma agradável relação de amizade, estão com vontade e disponibilidade para avançar. E, porque é um jornal da Paróquia de Alcobaça, deve constituir um motivo de desafio para uma colaboração de paroquianos. Pode ser a do amigo ou amiga que está agora a acabar de ler esta linha?
Agradeço a paciência que manifestaram para conseguirem chegar até aqui. Ou seja: ao fim.
Em tempo de Natal…Pe.Carlos Jorge um entrevistado especial!
JERO
Respigado do quinzenário O ALCOA de 16 de Dezembro de 2010 (nº.2248)
Adorei a entrevista! Conhecendo-o a si...não me admirei com este tipo de entrevista e, pelo pouco que privei com o Padre Carlos...também não fiquei surpreendida com as respostas.
ResponderEliminarGostei principalmente da última (resposta) e, só espero que ele ajude nesta mudança que tem sido uma luta antiga. Eu já me estava a ver a fazer palavras cruzadas ao invés de escrever para o Alcoa. espero que com esta disponibilidade o Alcoa chegue, tal como o rio que lhe dá o nome, a um caminho de águas mais límpidas.
abração
Lúcia