domingo, 28 de fevereiro de 2010

M202-TERMAS DA PIEDADE


As Termas da Piedade

Os cistercienses tomaram conhecimento do valor terapêutico das águas da Piedade (também conhecidas “por águas da Vestiaria, da Fervença, das almoinhas e ainda das várzeas da Maiorga”) mandando erguer uma casa com tinas para banhos.
Mas o interesse pelas águas não terá esmorecido com a supressão das Ordens Religiosas em 1834.
Na sessão camarária de 9 de Agosto de 1865 determinava-se “a construção de uma ponte de madeira sobre o rio da Abadia nas proximidades da Fervença para dar passagem para os Banhos da Piedade”.
As potencialidades da nascente e a sua capacidade de atrair visitantes levam a edilidade a ultimar a sua exploração. Na acta camarária de 17 de Outubro de 1870 decide-se mandar analisar as águas, tratar da planta do edifício termal e abrir uma estrada de acesso às termas.
As diligências para requalificar o espaço termal prosseguem nas décadas de 80 e 90. As águas passam a ser exploradas directamente pela Câmara e por particulares.
O alvará de 22 de Dezembro de 1894 concede a António Filipe de Sousa Carvalho a licença de exploração por tempo ilimitado das águas minero-medicinais da Piedade, com todas as obrigações que a Lei de 30 de Setembro de 1892 consignava.
As instalações termais vão ser vendidas em 28 de Novembro de 1918 pela viúva de Sousa Carvalho a Manuel Rodrigues Serrazina pela quantia de 11 contos.
Já em 5 de Maio de 1922 Angélia Carvalho vende ao dito Manuel Serrazina a concessão de exploração das águas por 100$00.
Bernardo Villa Nova no seu “Guia de Alcobaça” (1926) diz-nos que o balneário camarário é composto de tinas de mármore e o de Manuel Serrazina por tinas de mármore e de ferro esmaltado. O balneário da edilidade, segundo a Memória de 1923, compreendia rés-do-chão e 1º andar (as melhorias introduzidas ter-se-ão realizado a partir de 1912). O espaço do balneário propriamente dito estava confinado ao rés-do-chão. Este possuía quatro tinas de mármore para banhos de 1ª classe e outras quatro para banhos de 2ª classe. Ainda possuía uma dependência para assistir enfermos de baixa condição social. A sessão de 4 de Agosto de 1904 determinava, aliás, que as asiladas pudessem beneficiar de banhos gratuitos nestas instalações. Já o 1º andar destinava-se a hospedaria de banhistas. A captação das águas era feita através de uma galeria, sendo as águas aquecidas numa caldeira e daí canalizadas para as respectivas tinas. As águas dos banhos eram, através de uma vala, encaminhadas para o Alcoa. O caudal era abundante permitindo fornecer água para duzentos banhos sem quebra de débito na galeria.
A estância termal abria em meados de Junho e encerrava nos finais de Outubro.
No ano de 1905, a abertura da época termal contou com a presença das autoridades civis e administrativas, sendo “abrilhantado pela Real Fanfarra de Alcobaça”, disponibilizando-se carreiras de Rippent para os utilizadores das termas.
A comunidade de banhistas chegava a organizar festas. Uma notícia no “Semana Alcobacense” de 5 de Setembro de 1920 refere que o largo do edifício termal foi ornamentado, que houve “iluminação à venesiana, jantar ao ar livre, descantes...”.
As águas eram recomendadas para um largo espectro de enfermidades de natureza gastro-intestinal, hepática, dermatológica, reumática, inflamações da mais diversa proveniência...
A água termal podia ser adquirida em garrafas e garrafões, nomeadamente na farmácia Campeão e na secretaria da Câmara Municipal.

António Valério Maduro

2 comentários:

  1. Mais uma vez o Professor, nos presenteou com um elucidativo texto.
    Parabéns!!!
    Áurea

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  2. Gracias.Partilhei no unir...
    O que eu gostava que o António Maduro ou o Jero ou...investigassem as razões para o Dr. Lameiras Figueiredo ir à mãe d'água, quase todos os dias. à beira do Rio Alcoa, em plena propriedade dos SM (estação de tratamento e de bombeamento...)
    aquel'abRRaço

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