sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

M193-FIGURAS ALCOBACENSES (1)

Figuras alcobacenses

1 – José Eduardo Raposo de Magalhães (1844-1942)

Nasce em Alcobaça a 12 de Junho de 1844. Como habilitações possui os graus de Engenheiro Militar pela Escola do Exército de Lisboa e as Licenciaturas em Matemática e Filosofia pela Universidade de Coimbra. Foi fundador da Biblioteca e do Gabinete de Leitura alcobacense (1875) e regente da Orquestra Alcobacense. Profissionalmente dedicou-se de alma e coração à arte da lavoura, nomeadamente à vitivinicultura nas suas propriedades da Quinta da Cova da Onça, Ganilhos e Olival Fechado – espaço da antiga Cerca de Fora do Mosteiro.

A defesa da vinha consome-lhe os dias. Destaca-se como membro da Comissão de Vigilância Antifiloxérica, praga que vinha a destruir desde 1863 a vinha europeia. É o representante do concelho de Alcobaça no júri da Exposição Agrícola do Palácio de Cristal (1880). Os seus vinhos vão para além-fronteiras. Exporta vinhos de pasto, generosos, e aguardentes vínicas para África e Brasil. Obtém prémios nas exposições do Palácio de Cristal (1880), da Tapada da Ajuda (1884) e no Rio de Janeiro (1909). Para além do Dr. José Eduardo Raposo de Magalhães, cumpre também destacar na vitivinicultura alcobacense nomes como os de José Pereira da Silva Rino, a cujos vinhos foi atribuída uma menção honrosa na Exposição de Paris de 1900 e a medalha de ouro na Exposição do Rio de Janeiro de 1909, o de Narciso Monteiro que recebeu a medalha de prata na Exposição do Rio de Janeiro e o de Alfredo Jacobetty que foi agraciado com a medalha de bronze no mesmo evento.

José Eduardo Raposo de Magalhães é primeiro vitivinicultor do concelho a replantar os seus 43 hectares de vinha com castas francesas após o surto da filoxera que atingiu Alcobaça em 1887 e a modernizar as instalações vinícolas, apetrechando a adega do Olival Fechado com esmagadores-desengaçadores em substituição da milenar pisa a pés das uvas, prensas móveis de cinchos, sistema Mabille, em substituição das arcaicas prensas de vara, gerador a vapor para esterilização dos tonéis de atesto, bombas para trasfega e lotação de vinhos.

Republicano dos quatro costados foi o primeiro Governador Civil do Distrito de Leiria ao tempo da República (05.10.1910 a 17.06.1911), mas depressa se desiludiu com a condução política do país e refugiou-se no trabalho. Publica um folheto intitulado – “Aos proprietários agricultores do concelho de Alcobaça” (1911), em que contesta o decreto de 4 de Maio de 1911 sobre o imposto predial baseado nas declarações dos proprietários, tendo a sua voz chegado à Câmara dos Deputados por intermédio do deputado Afonso Ferreira (sessão de 4 de Dezembro de 1911). A sua concepção cooperativa de organização da sociedade, um dos fundos sagrados do ideário republicano, materializa-se no papel de fundador da Cooperativa de Subsistências Alcobacense 5 de Outubro (1916).

António Valério Maduro

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