sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

M - 391 CASTANHAS

CASTANHAS
Confesso o meu fascínio por esta época do ano - ao canto do outono, à esquina do inverno - que associo inevitávelmente ao homem das castanhas.
Tirei a fotografia recentemente junto à estação de caminho de ferro de Carcavelos.
Para lá do túnel o homem das castanhas ,por quem apressadamente passavam os que vão apanhar o comboio...ou saíam dele, tentava ganhar o seu pão...vendendo castanhas...
De vez em quando anunciava timidamente e sem grande convicção: "quentes e boas...quentinhas".
Confesso...que não comprei castanhas.
Apanhei apenas com a minha "Lumix" o momento.
Numa próxima visita a Carcavelos vou passar para alem do túnel e comprar castanhas.
Palavra de escuteiro.
JERO


Num fogareiro aceso é que ela arde
...Ao canto do outono
À esquina do inverno
...

O homem das castanhas é eterno
Não tem eira nem beira nem guarida
E apregoa como um desafio
É um cartucho pardo a sua vida
E se não mata a fome mata o frio






O homem que apregoa ao fim da tarde
Ao pé de um candeeiro acaba o dia
Voz rouca como o trapo da pobreza
Apregoa pedaços de alegria
E à noite vai dormir com a tristeza
...
Quem quer quentes e boas quentinhas
A estalarem cinzentas, na brasa?
Quem quer quentes e boas quentinhas?
Quem compra leva mais amor pra casa


É como se empurrasse o outono adiante
É como se empurrasse o nevoeiro
Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado
Ardem no fogareiro dores tamanhas
Lisboa Menina E Moça - O Homem Das Castanhas
Martinho da Vila
• Autor: Ary dos Santos , Paulo De Carvalho , Fernando Tordo , Joaquim Pessoa





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