sábado, 10 de dezembro de 2011

M -392 ACERCA DO MOSTEIRO DE ALCOBAÇA

EQUÍVOCOS E PRECISÕES

Na longa história de mais de oito séculos, atravessada por trinta e seis gerações de alcobacenses que o Mosteiro, que foi de Cister, leva de vida há uma longa série de equívocos que sobretudo a tradição oral faz perdurar.
Normalmente isto acontece, mesmo no uso da palavra escrita, porque a tendência é considerar qualquer afirmação como definitiva e portanto repete-se.
São Bernardo
A mais vulgar é a de considerar-se São Bernardo como fundador da Ordem de Cister, ainda outro dia o ouvi da boca de um Secretário de Estado da Cultura. Robert de Molesme é o Santo Fundador, Bernardo o Santo que a fez perdurar e que nela ingressa anos depois da construção do novo Mosteiro na floresta de Citeaux.

O Santo Fundador Robert de Molesme
Em 1269 o Abade Perpétuo Frei Estêvão Martins cria a primeira escola monástica para a instrução dos noviços alcobacenses e não para ensinar a ler e a contar os filhos dos camponeses.
Os túmulos do rei D.Pedro e da sua amante, a rainha morta D.Inês de Castro, foram originalmente colocados lado a lado e virados a nascente no transepto sul em frente à capela mais próxima da epístola dedicada a S.Pedro.
Aí estiveram até 1786, data em que já estão no Panteão Neo Gótico construído por William Elsden no tempo do Marquês de Pombal ,onde serão violados pelos exércitos de Massena.
Voltarão ao transepto, agora D.Inês do lado norte e, D.Pedro no transepto sul ,frente a frente, para a visita da Rainha D.Isabel II de Inglaterra, que almoça no refeitório do Mosteiro em Fevereiro de 1957.
Por volta de 1560 constrói-se às ordens do Abade Comendatário D.Henrique um Palácio Abacial sobre a nova Portaria do Mosteiro ,no topo da ala norte. Aí é construído um belíssimo claustro de exacta geometricidade e que facilmente se enquadra no figurino da Alta Renascença.
Por equívoco perdurável ,seguido por inequívocos nomes da arte e história lusas ,chamaram-lhe de D.Afonso VI, quando deve ser denominado Claustro do Palácio Abacial.
Este claustro segue rigorosamente o que Bramante desenhou, com mais um arco de cada lado, em 1502 para a Igreja de Santa Maria Della Pace, em Roma.
Do tempo de D.Afonso VI é o edifício que dá para a Rua D.Pedro V e limita o Claustro do Rachadouro a norte. Nele havia oficinas no r/c, no 1º. andar botica, capela da enfermaria e 24 celas. No último celas também, destinadas aos Monges de Lausperene, e que parecem terem servido o cenóbio geral. No último piso havia 29 celas. Neste corpo a 1ª pedra deste edifício aconteceu em 1665.


(Continua)
Rui Rasquilho


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