quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

M - 388 MEMÓRIAS EM ARMAZÉM DE ARTES

PRATOS DA GUERRA PRATOS DA PAZ

Depois de um recente convívio de ex-combatentes da Guiné na “Tabanca do Centro”, em Monte Real, em que recordando memórias de guerra nos foi possível saborear um “prato de paz”, regressei às origens saciado e com as “baterias” carregadas para mais um “ciclo” na minha Alcobaça.
Mas no “day after” fui ver uma exposição em Alcobaça, mais propriamente no Armazém das Artes, que tem,entre vários “temas” uma mostra chamada de “pratos de guerra pratos de paz", que merece ser divulgada e, mais do que isso, visitada.
Para melhor situar quem me lê permito-me fazer um pouco de história da cerâmica de Alcobaça e da fábrica que produziu os originais pratos agora expostos no “Armazém das Artes”.
A “Olaria” de Alcobaça foi criada em 1927 e teve como sócios fundadores Joaquim Vieira da Natividade, António Vieira da Natividade e Silvino da Bernarda. A empresa começou por produzir louça utilitária tradicional e depois abriu novas linhas de produção, o que englobava réplicas de louça antiga, a par da louça inspirada na de Coimbra, pintada e estampilhada. Nos anos 40, e sobretudo na segunda metade da década, a fábrica responde a um aumento da procura com uma significativo investimento na modernização tecnológica e dos processos de fabrico.
São dessa fase “os pratos de guerra”agora exposta com textos e comentários de António Vieira Natividade e que foram pintados por um extraordinário artista de nome José Pedro .Ficou para a história que José Pedro não sabia ler nem escrever mas a sua pintura tem a marca genial de um grande pintor de cerâmica.
Depois do 25 de Abril a "Olaria" passou por grandes dificuldades e veio a encerrar em 1984.
O "Armazém das Artes", um centro cultural de iniciativa particular do escultor alcobacense José Aurélio, inaugurou recentemente (26 de Novembro de 2011) uma exposição de 31 pratos produzidos entre 1940 e 1945 na “Olaria”.
São pratos com as dimensões entre 20 e 30 centímetros de diâmetro.
Os 31 pratos que o "Armazém" reuniu agora tratam de um tema absolutamente original:
 acontecimentos marcantes da evolução do confronto político-militar que opôs, entre1939 e 1945, as potências Aliadas (Inglaterra, França,Bélgica, Holanda, etc.) às do Eixo (Alemanha e Itália) .
Trata-se de uma autêntica crónica dos sucessos da Guerra, reflectindo a perspectiva dos “aliados”,
 apoiando a Inglaterra, o seu 1º. ministro Winston Churchill,
 a RAF,a sua mais simbólica força militar,
Montgomery, um dos seus chefes militares mais prestigiados e as suas instituições parlamentares.
As inscrições no centro dos pratos são complementadas com legendas no reverso dos pratos, o que era para o tempo a invulgar.
 A produção deste tipo de peças poderá ter atingido cerca de 3 centenas mas nos dias de hoje só restam apenas 3 dezenas em colecções particulares.








 


































Foi editado um excelente catálogo que ficará para memória futura desta meritória iniciativa. A exposição manter-se-á aberta ao público até 27 de Fevereiro de 2012.


Vale a pena visitar esta exposição, que tem ainda outros temas de grande interesse, em três exposições separadas.


A saber:
Pintura de Armando Menezes, Homenagem a Silvino Villa Nova e no foyer, “Da Válvula ao Transistor”.

Silvino Villa Nova
Aguarela de Armando Menezes













Da válvula ao transistor



Como diz o meu amigo JAV (José Alberto Vasco):

a não perder.

JERO



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