quinta-feira, 10 de junho de 2010

M 262 - 10 DE JUNHO / DIA DE PORTUGAL


ANTÓNIO BARRETO CRITICOU HOJE O ESTADO E POVO PORTUGUÊS POR NÃO TRATAR BEM OS ANTIGOS COMBATENTES

O presidente da Comissão das Comemorações do Dia de Portugal, António Barreto, criticou hoje o Estado e o povo português por não tratar bem os antigos combatentes e pediu a eliminação das diferenças entre bons e maus soldados.
Na alocução que fez durante a sessão solene das cerimónias do Dia de Portugal, António Barreto afirmou que
"Portugal não trata bem os seus antigos combatentes, sobreviventes, feridos ou mortos", referindo que em termos gerais o "esquecimento" e a "indiferença" são superiores, sobretudo "por omissão do Estado".
Faro, 10 Junho 2010 (Lusa)

Para quem como nós cumprimos serviço militar durante 4 anos , com “direito” a uma passagem pelo Vietnam português (a Guiné) nos longínquos anos de 1964-66 ,estas palavras, embora tardias, sabem sempre bem .E vindas de um “grande senhor” com António Barreto têm um redobrado significado.
Cumprir serviço militar durante 4 anos alterava profundamente a vida de qualquer pessoa e de facto os ex-combatentes tiveram mais tarde que lidar durante muitos anos com o esquecimento, indiferença e também com a hostilidade surda de alguns “democratas” da nova vaga, que não nos perdoaram ter lutado nas ex-colónias.

Houve até uma altura que o que “estava a dar” era mesmo ter sido desertor…
Mas os anos passaram e os ex-combatentes organizaram-se e mesmo “contando” com a omissão do Estado (como hoje recordou António Barreto) conseguiram conquistar o respeito a que têm direito.

Este sentimento ,que hoje é extravasado diariamente nos nossos blogues , está particularmente à vista na publicação de numerosos livros da autoria de ex-combatentes que além de legarem testemunhos ... fazem pela vida exorcizando os seus fantasmas.
O desfile de 100 antigos combatentes nas cerimónias de hoje, em Faro, teve obviamente um significado importante, descontando eventualmente alguma exagero na exuberância do “marchar” de alguns dos presentes ,que quiseram aproveitar a oportunidade para se fazer notar. Mas... cada qual é como cada um …e mais do que esses pormenores ...o que interessa salientar é que no Dia de Portugal “eles” tiveram direito a estar lá.

Aliás desde há uns anos a esta parte que os ex-combatentes têm festejado o Dia de Portugal no Mosteiro dos Jerónimos e junto ao Forte do Bom Sucesso , à parte e à distância da "Cerimónia Oficial" que é presidida pelo Presidente da República. Esta separação de locais não é do agrado dos antigos combatentes que vêem nesta “separação” uma dificuldade acrescida para fazer chegar as suas vozes a quem detem o poder.

As cerimónias de hoje fizeram-me recuar no tempo e recordar imagens antigas, que guardei num recanto recôndito da minha memória.

Recordei eu e todos os ex-combatentes e suas famílias ,que viveram mais de perto com a guerra e com as suas funestas consequências.

Estou a recordar-me das condecorações a título póstumo que então eram entregues às famílias de militares mortos em combate nas cerimónias do Dia da Raça.

Eram imagens dramáticas que nos marcaram para toda a vida.
O tempo passou mas quem perdeu um filho viverá sempre de maneira diferente este dia... dito de Portugal.
O dia 10 de Junho.
Antigamente o dia da Raça, hoje o dia de Portugal.
Amanhã…o que será?
Dia de trabalho!!!
Que os feriados terão tendência a acabar.
Por a situação do País ser insustentável...

Quem o disse foi o Chefe do Estado.

Ao estado a que chegámos !!!


JERO

2 comentários:

  1. Amigo Jero.
    Estive na Guiné precisamente durante o tempo em que lá estiveste 1964-1966...nas Madinas do Boé...nas Béli...nas Canquelifá...nas Buruntuma...sei lá eu (como diz a minha neta mais nova).
    NUNCA me pronunciei publicamente sobre o COMBATENTE das ANTIGAS COLÓNIAS,não aconteceu!
    Mas agora que parece de súbito estarmos na Ribalta quero dizer-te algo.
    No COMBATENTE havia uma dupla oportunidade...aquele que aguentou firme no cumprimento do seu dever (ou obrigação) - sem se discutir mais nada sobre o seu querer, a sua filosofia, o seu sofrimento e o da família - e o outro combatente (?) que corajosamente deu "às de vila Diogo" e abalou para locais muito mais agradáveis de risco ZERO e onde continuou a prosseguir com a sua vida.
    São muitos destes FIGURÕES que agora nos governam ou melhor DESGOVERNAM.
    Como COMBATENTE nunca pedi nenhuma benesse...até tive de pagar 8.500 € para que o tempo em que estive ao serviço da Pátria me contasse para a reforma.
    Só me resta saber se os que deram "ás de vila Diogo" ainda lhes deram algum acrescento por terem FUGIDO...porque FUGIR foi o que fizeram.
    Enchem a boca com a palavra PATRIOTISMO...mas Jero - que PATRIOTISMO?
    Uma "raiva" intensa me assalta quando tocam neste assunto!
    Somos já um grupo etário que entrou nos setenta, se nunca lhe "mexeram" até agora...mais vale esperar mais um pouco e já POUCOS restarão!
    Um abraço.

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  2. Caro Amigo e Camarada Hélio
    Agradeço o teu sentido comentário que,obviamente, partilho e subscrevo.
    Um grande abraço,
    JERO

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