sábado, 19 de junho de 2010

M 266 - SESSENTA ANOS É MUITO TEMPO

ALCOBAÇA DE ONTEM E…ALCOBAÇA DE HOJE
Do alcobacense António Francisco Rodrigues Leitão Farracho, que vive há muitos anos na região de Tomar, recebemos uma carta cheia de saudades e de memórias da sua juventude. Dentro do envelope vinha também uma fotografia, que reproduzimos, e que foi tirada em 1950.




Escreve o António Francisco:
«…Junto lhe deixo uma fotografia minha, tirada em Fevereiro de 1950.
Estava acompanhado pelo meu cão “Lord” e pode ver na esquerda, a Praça de Touros e a azinhaga que levava às traseiras do cinema e à Tasca do “Cuco”.
Lá vivia a Tia Joaquina dita dos “Três Cus”.
Se assim o entender poderá obviamente publicá-la. Melhores cumprimentos.
a)Francisco Farracho.
PS-Recordo com muita saudade a queima do Judas.
Esta evocação do Francisco Farracho trouxe-nos de imediato à memória (já que somos um “rapaz” da mesma geração mas nascido em 40…) José Pereira da Silva, que era o “organizador” da queima do Judas na nossa Rua, a Afonso de Albuquerque, que se vê ao fundo da fotografia do Francisco. Com efeito as duas casas de rés do chão (de que se vêem duas portas e três janelas) eram já da Rua Afonso de Albuquerque. Um pouco mais acima ficava o estabelecimento do saudoso José Pereira da Silva.
Recordamos a propósito um pequeno texto que, anos atrás, fizemos em sua memória e também como reconhecimento do muito que fez pela Alcobaça do seu tempo.
«Chamava-se José Pereira da Silva.
Deixou o mundo dos vivos em 21 de Novembro de 1976 . Contava 73 anos de idade, que tinha completado em 17 do mesmo mês.(1903-1976).
Foi uma força da natureza – alegre, bem disposto, de palavra fácil e um organizador nato – que enquanto a saúde lhe permitiu viveu intensamente as coisas da sua terra.
Albardeiro e correeiro de profissão o José “Toucinho”,alcunha por que era conhecido e que lhe vinha dos seus tempos de escola , foi figura de proa em Alcobaça durante décadas, quase se podendo dizer que, em termos de Carnaval, “Enterros do Bacalhau”e/ou “Serrações da Velha” tudo se fazia sob a sua direcção e empenhada colaboração.
Quando despia as roupas de trabalho e descia com o seu passo rápido e vigoroso a Rua Afonso de Albuquerque trajado a preceito
( de fato inteiro, gravata, chapéu e pasta debaixo do braço) já se sabia que estava na forja Carnaval ou baile da “Banda”.
Foi Presidente da Junta de Freguesia de Alcobaça, Presidente da Banda, membro destacado da Mesa Administrativa do Hospital de Alcobaça e ainda da Direcção dos Bombeiros.
Usava da palavra com frequência nas Associações a que pertenceu, demonstrando vezes sem conta o seu amor e bairrismo pela terra que lhe serviu de berço.
Recordam os seus familiares que embora tivesse apenas a 4ª.classe lia muito, tendo particular apreço pela História de Portugal e por tudo que dissesse respeito ao Mosteiro de Alcobaça.
Muitos dos alcobacenses, maiores de sessenta ou lá perto, se lembrarão ainda do seu estabelecimento na Rua Afonso de Albuquerque onde “estacionavam” frequentemente cavalos e jumentos para”reparação”dos seus arreios e das suas albardas. A “ cabeça de cavalo”, que servia de reclame à casa, tem hoje mais de cem anos e vinha dos tempos do seu pai,( também ele albardeiro com estabelecimento junto à antiga Central Eléctrica da rua do “Quartel”). Esta peça de “marketing” do século passado ainda hoje é guardada em casa de sua filha Dª Maria Elsa.

Pessoa simples e de excelente trato deixou uma saudosa recordação a quem com ele lidou de perto.
Estão passadas seis décadas!!!
A Rua que o Francisco Farracho evoca na sua fotografia de Fevereiro de 1950 está hoje (em Junho de 2010) assim:


Sessenta anos é de facto muito tempo…


JERO





Sem comentários:

Enviar um comentário