segunda-feira, 22 de março de 2010

M218-PRIMAVERA NO CHIADO

PRIMAVERA NO CHIADO…em 2010

Vivi em Lisboa durante dois tempos da minha vida.

No primeiro tempo como militar e, depois de ter sido mobilizado e ido à guerra do Ultramar, regressei – em segundo tempo - como empregado bancário. Terão sido ,ao todo, cerca de três anos.

Depois fixei-me em Alcobaça… até hoje.

Já lá vão cerca de 40 anos.

As contingências da vida levaram-me cada vez mais a espaçar as visitas à capital, mais propriamente à Baixa lisboeta.

Neste último fim de semana vim a Lisboa e visitei algumas zonas nobres da capital, onde é “obrigatório” vir para quem vive habitualmente na Província.

Fiz questão em ir ao Chiado e estar com o Fernando, Pessoa que muito prezo.

Como é sabido esta figura única da cultura portuguesa não teve vida fácil, sendo reconhecido e reverenciado depois de ter partido para o Além, o que, sendo importante,deve ter sabido a pouco e tardio ao principal interessado …

Desde sempre associei o Fernando a uma vida amargurada, que parece permanecer por perto da sua Pessoa!

No dia em que estive nas proximidades dos seus “domínios”,ao Chiado, vi (e fotografei) três cenas dramáticas separadas por distâncias bem curtas.

A poucos metros do Fernando, aos pés da estátua de António Ribeiro Chiado, dormia em pleno dia (eram 16H00) um “sem abrigo”.Entre as Igrejas dos Italianos e a dos Mártires.

A temperatura estava cálida na tarde do primeiro dia de calendário da Primavera de 2010…e o homem dormia a sono solto. Também podia estar morto mas toda a gente passava com um olhar rápido – ou sem olhar – e seguia a sua vida…

O “sem abrigo” fazia parte da paisagem…

Mais abaixo , perto dos Armazéns do Chiado, um cão dormia a sono solto junto da banca do “patrão”, que, sem grande esforço, vendia – ou tentava vender - numa banca improvisada “souvenirs” que não atraíam ninguém.










Atracção era o cão que, mesmo a dormir, fazia pela vida do “patrão”.Muitos passantes paravam e deixavam uma moeda num tigela de plástico. Perto do cão.

Descemos a caminho do elevador de Santa Justa …e se já “íamos em choque”… pior ficámos.

Um casal de idosos cantava o fado… à espera de uma moeda. Ou não estavam no passeio certo ou não era por acaso que os transeuntes optavam por passar do outro lado da rua. Ninguém parava uns segundos para ouvir o fadista e…deixar uma pequena ajuda.

Em relação a estes três locais que descrevo ia jurar que os passantes só olhavam com (particular) simpatia para o cão!

Foi essa a minha visão…

Mal vai o mundo quando um cão parece valer mais ajuda que …seres humanos.

Digo eu…que sou da Província…e até gosto de cães!

JERO

PS-No regresso ao local onde tinha estacionado o carro, na Rua do Alecrim, passei novamente pela estátua de António Ribeiro Chiado. O “sem abrigo” já não estava onde o tinha visto uma hora atrás. Das duas Igrejas dessa zona do Chiado – a dos Italianos e dos Mártires – só a segunda mantinha as suas portas abertas. Desejei que o “sem abrigo” tivesse feito a melhor opção …

1 comentário:

  1. E desejou bem!!!(em minha opinião)mas será que fez??? talvez sim!! talvez não!!
    BJO
    Áurea

    ResponderEliminar