PRIMAVERA NO CHIADO…em 2010
Vivi em Lisboa durante dois tempos da minha vida.
No primeiro tempo como militar e, depois de ter sido mobilizado e ido à guerra do Ultramar, regressei – em segundo tempo - como empregado bancário. Terão sido ,ao todo, cerca de três anos.
Depois fixei-me em Alcobaça… até hoje.
Já lá vão cerca de 40 anos.
As contingências da vida levaram-me cada vez mais a espaçar as visitas à capital, mais propriamente à Baixa lisboeta.
Neste último fim de semana vim a Lisboa e visitei algumas zonas nobres da capital, onde é “obrigatório” vir para quem vive habitualmente na Província.
Fiz questão em ir ao Chiado e estar com o Fernando, Pessoa que muito prezo.
Como é sabido esta figura única da cultura portuguesa não teve vida fácil, sendo reconhecido e reverenciado depois de ter partido para o Além, o que, sendo importante,deve ter sabido a pouco e tardio ao principal interessado …
Desde sempre associei o Fernando a uma vida amargurada, que parece permanecer por perto da sua Pessoa!
No dia em que estive nas proximidades dos seus “domínios”,ao Chiado, vi (e fotografei) três cenas dramáticas separadas por distâncias bem curtas.
A poucos metros do Fernando, aos pés da estátua de António Ribeiro Chiado, dormia em pleno dia (eram 16H00) um “sem abrigo”.Entre as Igrejas dos Italianos e a dos Mártires.
A temperatura estava cálida na tarde do primeiro dia de calendário da Primavera de 2010…e o homem dormia a sono solto. Também podia estar morto mas toda a gente passava com um olhar rápido – ou sem olhar – e seguia a sua vida…
O “sem abrigo” fazia parte da paisagem…
Atracção era o cão que, mesmo a dormir, fazia pela vida do “patrão”.Muitos passantes paravam e deixavam uma moeda num tigela de plástico. Perto do cão.
Descemos a caminho do elevador de Santa Justa …e se já “íamos em choque”… pior ficámos.
Um casal de idosos cantava o fado… à espera de uma moeda. Ou não estavam no passeio certo ou não era por acaso que os transeuntes optavam por passar do outro lado da rua. Ninguém parava uns segundos para ouvir o fadista e…deixar uma pequena ajuda.
Foi essa a minha visão…
Mal vai o mundo quando um cão parece valer mais ajuda que …seres humanos.
Digo eu…que sou da Província…e até gosto de cães!
JERO
E desejou bem!!!(em minha opinião)mas será que fez??? talvez sim!! talvez não!!
ResponderEliminarBJO
Áurea