ACÁCIO COELHO, O” BOM MALANDRO” DA FAMILIA
ACÁCIO COELHO ,o “Acácio Cerol”, nasceu para ser diferente .
As histórias que os seus familiares mais próximos contam a seu respeito são tantas que a vida dele daria para um livro!...
Foi preso por ser anticlerical, casou à noite para ninguém o ver, como taxista andou anos a fio a fintar as brigadas da PVT e até trouxe um morto no seu carro de praça de Lisboa para Alcobaça, sem os outros ocupantes saberem que o seu “colega de taxi”, que veio sempre calado e,aparentemente, adormecido estava já a fazer a” ultima viagem”.
ACÁCIO COELHO foi um homem irreverente, bem disposto e cordial, que espalhou alegria e viveu a vida numa boa, no estilo de “quem vier depois do último que feche a porta” .
Com um sentido de humor fora do vulgar foi , ao longo da vida, um “autêntico cromo”.
Contam as suas filhas que por volta dos 20 anos de idade foi cantar para a porta da Igreja uma canção revolucionária, que lhe valeu uma noite dormida na cadeia:-
“Não entres na Igreja, oh cavador, É falsa a religião dessa canalha, Os Santos são de pau não têm valor, Dá antes valor a quem trabalha!” Como não podia deixar de ser enquanto esteve preso deu cabo da cabeça ao carcereiro. Então cantava:-
“Liberdade, Liberdade/Quem a tem chama-lhe sua/Eu não tenho liberdade/Nem de pôr um pé na rua”.
Obviamente foi posto na rua!!!
Nunca enriqueceu mas os anos que andou por cá viveu-os intensamente. Nos intervalos da sua profissão de motorista de praça pertenceu ao Corpo dos Bombeiros de Alcobaça e foi músico até à medula.
Foi “fundador”da Banda de Alcobaça, foi componente do Rancho Alcoa(onde consta que deu cabo da paciência ao Ensaiador do Rancho sr.Carlos Campião) e tocou bateria na Orquestra Típica de Alcobaça . Teve os seus próprios conjuntos de música ligeira – “Tropical” e “Bonanza”- que deram brado no seu tempo na animação de inúmeros bailes.
Teve ainda um conjunto privativo que passou à história com o nome de “A Cerolófica”.
Foi membro “honorário” da Banda do Mestre “Arnesto”, cujos componentes abrilhantaram durante anos seguidos a Festa da Senhora dos Enfermos. Abrilhantaram a festa e consumiram largos almudes de vinho tinto da regiâo!!!
E quando foi pai,e mais tarde avô, tentou incutir nos filhos e netos o “bichino da música”. E poucos foram aqueles que não passarem pela Banda, pelo Rancho Alcoa e pela Orquestra Típica de Alcobaça.
Quando à história do morto, que viajou de taxi, de Lisboa para Alcobaça, há diversas versões mas a que eu julgo mais próxima da verdade é a seguinte:- O Acácio Cerol tinha transportado um casal da região de Alcobaça para Lisboa para o homem ,que estava muito doente, ir ao médico. Na tarde da viagem do dia seguinte, em cima da hora combinada, a mulher telefonou a dizer que o marido tinha acabado de morrer, obviamente a lamentar o sucedido e a queixar-se das despesas que teria que fazer para contratar uma agência funerária para trazer o corpo do marido de Lisboa para Alcobaça.
O Acácio Cerol, rápido de raciocínio e com o sentido do negócio à flor da pele, viu que estava em risco de perder dois clientes e propôs à viuva de fresca data transportar o morto, de acordo com as condições combinadas de véspera. Como o morto entrou no taxi ninguém sabe mas parece que viajou encostado à viuva, um pouco mais “calado” que o costume, e os outros ocupantes da viatura nem sonharam o que se estava a passar naquela viagem em tudo parecida com as anteriores no carro “de transportes colectivos” do Cerol.
Não sabemos se foi a partir daquele dia que se começou a chamar “o lugar do morto” a certos espaços das viaturas ligeiras!!! Se foi ...os herdeiros do ACACIO CEROL têm direito a receber “direitos de autor”!
Teve uma vida cheia e fez juz a integrar o nosso Capítulo de “Figuras Marcantes da Família”.
Nasceu em 16.Maio.1920 e, apesar dos maus tratos que deu ao seu próprio corpo, esteve à beira de atingir o “Clube dos 80”.
Faleceu em 7.Fevereiro.1999.
A sua mulher ROSA PIORRO foi uma companheira que soube viver com um homem extrovertido e “danado para a brincadeira”. Nasceu em 4 .Fevereiro.1919, contando actualmente 85 anos.
Depois de viver tantos anos com este “ bom malandro” não será de pensar na sua beatificação?!
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