quarta-feira, 20 de junho de 2012

M - 423 O VENDEDOR DA PROVÍNCIA


O VENDEDOR DA PROVÍNCIA
Num serão caseiro vi recentemente no canal “Hollywood” um filme que tinha como protagonista um vendedor de facas e artigos congéneres.
Os seus métodos de trabalho fizeram-me recordar um vendedor com quem tive o privilégio de trabalhar no início da minha carreira comercial, onde comecei “miúdo” assustado e acabei, 32 anos depois, como sénior experimentado.
O tal vendedor que hoje vou recordar era o “agente da Província”. Tinha a responsabilidade de todo o território de Portugal continental, com excepção das zonas de grande Lisboa e Porto.
Nos anos 70 não existiam as auto-estradas que hoje atravessam o “solo pátrio” por todo o lado e uma viagem para visitar clientes do norte ou do sul do País obrigava a uma estadia de uma ou duas semanas. O viajante da Província vinha a casa – na região de Setúbal - ver a família duas vezes por mês.
Era um trabalhador infantigável e tinha a confiança total dos seus clientes. Quase se pode dizer que, em termos comerciais, ”mandava” em casa do cliente.
O que recomendava como “novidade” era o que o cliente encomendava.
Acompanhei-o n’algumas viagens e ficava espantado como ele era recebido em casa dos clientes. Era uma festa.
Se houvesse estômago para 2 almoços e 3 jantares diários era o que o F.M.Antunes e o “miúdo” da Fábrica tinham que consumir. Cada um, está bem de ver!
Numa viagem de trabalho ao Algarve – no intervalo das visitas aos clientes – o Antunes conduzia-me às pastelarias onde era bem conhecido e encomendava: um café e dois bolos. Para cada um!
Foi por essa e por outras que em poucos anos passei de 80 quilos para um número que não confesso, mas que esteve muito perto dos 3 dígitos…
E tive que arrepiar caminho.
Mas não esqueço as visitas de norte a sul de Portugal com o vendedor da Província.
Os anos passaram.
 O vendedor F.M.Antunes, que fazia longas viagens sozinho, fumava que nem uma chaminé. Não gastava fósforos. Acendia os cigarros uns nos outros…
Um dia sentiu-se mal e resolveu ir ao médico na cidade onde estava, que era Coimbra.
Depois de auscultado respondeu ao inquérito do médico.
- Você fuma muito, não?
-Uns 4 ou 5. Por dia.
-Vá lá. Pensei que era mais.
- 4 ou 5 maços por dia, senhor doutor!
- Oh sua besta. Ou você muda de vida ou escusa de me voltar a entrar pelo consultório dentro.
Não tenho a certeza mas julgo que o Antunes quando me contou esta história de vida me falou num Doutor Bruto da Costa.
O F.M.Antunes que tinha resposta na ponta da língua para tudo confessou-me que daquela vez ficou mudo e quedo…
E veio de novo para a vida e para a estrada.
Mas deixou de fumar cigarros…
Passou a fumar cachimbo e…cigarrilhas!
Já não o vejo há bastante tempo.
Aposentou-se e continua a viver na região de Setúbal.
A vida dos vendedores mudou muito.
Com as modernices que entretanto se instalaram na vida –desde telemóveis a e.mails - já não há tempo nem necessidade para muitos e repetidos almoços comercias.
São os novos tempos.
Ainda hoje me dá vontade rir a ida ao médico em Coimbra (- 4 ou 5 maços por dia!- Oh sua besta não me volto a entrar por aquela porta).
Mas as recordações dos velhos tempos ficaram.
E, como os menos jovens sabem, não há nada tão bom como …os velhos tempos.
JERO




quarta-feira, 13 de junho de 2012

M - 422 MIÚDOS ESPECIAIS


PEDRO, O FUGITIVO

Apesar de reformado tento manter-me vivo... Vou a todas (ou quase…)!
 Na Universidade da Vida cursei “cidadania” e participo activamente nas “coisas” da minha terra. Já estive na direcção de variadas instituições.
Na Liga dos Combatentes, nos Bombeiros, no Clube de Natação, na ADEPA (defesa de património), no Armazém das Artes (fundação cultural), na AMA (associação de amigos do Mosteiro de Alcobaça), na Fundação Maria Oliveira (apoio a idosos) e no CEERIA (educação especial).
A história (com)vida de hoje tem como protagonista um jovem desta última instituição, fundada em 1976.
À data da sua fundação, o CEERIA procurou fundamentalmente ser uma resposta no âmbito da Educação Especial, acolhendo crianças e jovens que, dadas as suas características, possuíam necessidades especiais de educação, que não poderiam ser supridas no ensino regular. 
O Pedro, o jovem da fotografia com camisola de riscas, “assentou praça” na instituição com apenas 2 anos de idade. Hoje tem 20. Desde miúdo que, sempre que podia, se escapava da sala onde devia estar. Conquistou sem dificuldades de maior a alcunha de “o fugitivo”.
 Num jantar de Natal, que teve lugar há uns 2 ou 3 anos , foi meu parceiro de mesa. A certa altura peguei numa esferográfica e comecei a desenhar-lhe num pulso um relógio. O Pedro delirou com a brincadeira e fui acrescentando pormenores até parecer um relógio a sério.
Terminei o meu mandato e passei a visitar a instituição com menos regularidade.
Reencontrei-me como Pedro há dois dias atrás. A instituição fez uma arruada, para promover uma “semana aberta” de actividades e eu aproximei-me para cumprimentar os amigos e tirar umas fotografias.
Logo que me viu o Pedro sorriu e apontou para o pulso, onde eu tinha desenhado o “tal” relógio ,que tanto o divertiu numa ceia de Natal. Já não o via desde então.
Fiquei sem palavras e quando eles passaram tive que limpar com a mão uma lágrima “fugidia”…
Estes miúdos são mesmos especiais. Marcam-nos para a vida inteira…
Nunca mais vou esquecer este momento do meu amigo Pedro. "O Fugitivo".
JERO






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quinta-feira, 7 de junho de 2012

M - 421 HONRA À MEMÓRIA DE DONA NATÁLIA,DA BIBLIOTECA DE ALCOBAÇA


IN MEMORIAM MARIA NATÁLIA RAMOS
Durante anos e anos a “Dona Natália” foi o rosto mais conhecido da Biblioteca Municipal de Alcobaça. Quem queria fazer uma tese, um trabalho jornalístico, saber alguma coisa “antiga” sobre Alcobaça ia à Biblioteca e diziam-lhe:  Pergunte à Dona Natália, fale com a Dona Natália. Se a Dona Natália não souber…
E a Dona Natália aparecia e dava a sua ajuda. Consulte o livro tal, a página tal. Ou, em caso de dificuldade, ia ela própria buscar o “tal” livro. Foi assim durante anos e anos.
Há cerca de dois anos a Dona Natália deixou de estar presente na Biblioteca. Estava doente, estava com “baixa”.
E o tempo passou…
Quando se procurava alguma coisa “antiga” sobre Alcobaça vinha logo “à baila” o nome da Dona Natália. Que…continuava “de baixa”.
No passado dia 31 de Maio soube-se da “má nova”. Vitima de doença prolongada tinha falecido. Foi um choque enorme saber da sua morte. Afinal era uma senhora jovem.
Começou a trabalhar na Biblioteca em 1 de Julho de 1980.Iria fazer 55 anos em Setembro.
Maria Natália Ramos nasceu no Bárrio em 8 de Setembro de 1957. Ficou sepultada no cemitério de Valado de Frades, a localidade onde viveu os últimos anos da sua vida.

Deixa muita saudade .

 Será sempre recordada quando alguém procurar o “tal” livro…sobre Alcobaça “antiga”!
Até sempre Dona Natália.
JERO

terça-feira, 5 de junho de 2012

M - 420 ENIGMA DE CISTER


SER MONGE É SER LIVRE *
De uma multidão de homens sós, reúna-se um grupo, destinando-o a uma missão única.
O grupo em breve encontrará o modelo para o cumprimento da missão.
Estabelecerá então uma norma, uma regra, para que em todos exista um caminho. Nesse caminho haverá o vislumbre do objectivo que deverá ser único.
O grupo eleito não poderá afastar-se do cumprimento da regra para em conjunto melhor executar a missão.
Conviverão então num espaço singular e aí trabalharão e meditarão.
Percebe-se agora que procuram Deus usando um ritual de silêncio e renúncia. Usam um exercício de meditação e praticam a humildade e a obediência ao chefe, ao Pai que elegeram.
Sentem profundamente a importância do tempo num espaço confinado que criaram para aí procurarem Deus.
Ao espaço fronteira entre eles e os outros, o mundo, chamaram Mosteiro e desejaram-no austero e à escala deles próprios.
No território confinado, a Regra delimitou-lhes o caminho interior, condicionou-lhes o movimento, desenvolveu-lhes a solidariedade comunitária.
Tudo feito em liberdade. Ser monge é ser livre. Convivem agora com a Pedra iluminada e reaprendem que a luz é simultaneamente Deus e tentação.
Desde o deserto, onde pensam ter andado quando viviam sós, que a luz é uma fábrica de miragens e ilusões. O nosso Mosteiro, dirão uns aos outros, quebrando o silêncio, é Novo para nós próprios. O nosso Mosteiro, é um “espaço” entre o visível e o invisível , é um caminho a ser percorrido por cada um de nós e todos os de Cister no percurso para o claustro da Jerusalém Celeste.
Rui Rasquilho
*Texto do Prefácio do livro de Amílcar Coelho “ ENIGMA DE CISTER- O espaço entre o visível e o invisível” a ser lançado durante o “Congresso Internacional MOSTEIROS CISTERCIENSES.”

sábado, 2 de junho de 2012

M - 419 UMA DROGA DE VIDA...


Drogas legais, basta dizer que 
não são para consumo humano 

Todos os pais e jovens devem divulgar isto. Não deixem os vossos amigos, filhos e vizinhos sem saber o que se esconde numa simples ida à discoteca, ou numa viagem. As drogas assassinas venda legal?

Tem sido comum tropeçar em noticias que divulgam casos de pessoas, principalmente jovens, que se atiram ou caem de locais fatais, por causas desconhecidas. Muitos talvez considerados suicídio ou acidente...

Decidi questionar-me sobre este problema, que parece que passa despercebido de todos...
 Será que as pessoas já repararam que existe uma nova tendência para o consumo de drogas novas, estranhas e sintéticas, das quais se desconhecem a maioria dos efeitos adversos? E será que são detectáveis pelas autoridades, nas analises de perícia, para drogas comuns?
 Será que a maioria dos pais está a par, das lojas legais de venda dessas drogas, que estão a ser lançadas em Portugal? 

"Substitutos de ecstasy e LSD, ervas e cogumelos vendem-se em lojas de Lisboa e Aveiro "A tua loja de drogas legais". "A trip é tão forte que dá para ver elefantes brancos ou coisas cor-de-rosa... perde-se totalmente o controlo e há tendência para cair.
Há quem diga que as chamadas "legal highs" são comercializadas porque aproveitam buracos na lei. José Pádua, director clínico do Instituto da Droga e da Toxicodependência vai mais longe: "Muitas destas substâncias são legais, porque na lei não está previsto o seu uso humanoNão vamos proibir sabonete só porque alguém se lembrou de o consumir", explica. "
 fonte
Para além deste problema legal, que é facilmente contornado pelos fabricantes e vendedores destas drogas, que chegam a usar herbicida e outros químicos igualmente tóxicas, para as fabricar, ainda existe o problema de serem vendidas apenas com a indicação de que não são para consumo humano... o que os iliba de qualquer responsabilidade e de avisar os compradores dos perigos que correm.
Por exemplo a Pure Bloom  provoca a sensação de que as pessoas conseguem voar...
A LSD que faz parte da composição de muitas drogas com outro nome, o usuário torna-se incapaz de avaliar situações de perigo, julga-se com capacidade de força irreal, podendo envolver-se em acidentes em geral; por exemplo em uma alucinação, pretender voar e cair de uma janela, ou ignorando os perigos do mar e avançando pelas suas águas!

Ecstasy ou MDMA também conhecida como a "droga do amor", apesar de não ter efeito afrodisíaco como se apregoa. Tem também efeito alucinogéno, o que é duplamente perigoso. O usuário acredita que pode voar ou andar sobre as águas.

Clavicepis purpurea São drogas sintéticas, e provocam distorções sérias no funcionamento cerebral; o usuário sente-se um "super-homem", incapaz de avaliar situações de perigo; ilusões, alucinações e desorientação têmporo-espacial são comuns.- Sensação paranóide de poder voar 

As noticias vão somando casos e ninguém faz referência ao facto de poder existir uma relação com estas drogas.
"As substâncias são comercializadas com embalagens em que está escrito que contêm produtos não aptos para consumo humano. Desta forma evitam a vigilância sanitária e as autoridades que verificam produtos de consumo", diz Gallegos.

Muitas das novas drogas são vendidas em smart shops, lojas que comercializam assessórios que podem ser ligados ao consumo de drogas (cachimbos especiais, papéis de cigarro, "moedores"), cogumelos alucinógenos (que são liberados em vários países) e produtos em geral apresentados como não aptos ao consumo humano.

Gallegos conta que a mefedrona – um estimulante com efeitos semelhantes à cocaína e ao ecstasy – apresentava na embalagem a indicação de que era um fertilizante, não indicado para ser ingerido por seres humanos."

sexta-feira, 1 de junho de 2012

M - 418 ALCOBAÇA VAI RECEBER CONGRESSO INTERNACIONAL DE CISTER


EM MEADOS DO PRÓXIMO MÊS DE JUNHO ALCOBAÇA VAI SER CAPITAL DE CISTER

. Abade Cisterciense na Conferência Inaugural do Congresso Internacional Mosteiros cistercienses

 Os maiores nomes sobre estudos cistercienses nas Universidades Portuguesas e Espanholas, nos Mosteiros do país vizinho e de diversas Academias estarão em Alcobaça entre 14 e 17 de Junho próximo.
Na sessão inaugural de quinta-feira, 14, que terá lugar no Mosteiro de Alcobaça , a partir das 17h30  decorrerá a Conferência de Abertura por Dom Juan Javier Martín Hernández, O.C.S.O., Abade de San Isidro de Dueñas, que abordará um  tema importante uma vez que versa o futuro da Ordem de Cister.
Seguir-se-á pelas 19h00  o concerto de canto e piano por Elena Gragera e Antón Cardó, cujo reportório se fará “an torno al Cister”.
Às 20h00  proceder-se-á à inauguração da Exposição bibliográfica e da Exposição de pintura do Irmão Luís Alvarez, O.C.S.O., na Galeria de Exposições da Ala Sul do Mosteiro de Alcobaça.
Mais de 80 comunicações, seleccionadas pela Comissão Científica, distribuídas por temas que vão desde a arte à arquitectura até à espiritualidade passando pelo história da Ordem, animarão durante 2 dias plenos a Escola Secundária Inês de Castro.
No Domingo, 17, de manhã, haverá uma visita guiada aos Coutos , que incluirá a Quinta de Valventos e ao Mosteiro de Cós, terminando na Pederneira.
É de extrema relevância para Alcobaça a reunião na cidade de especialistas neste tema, que ultrapassarão uma centena.
A Câmara Municipal de Alcobaça é o principal patrocinador deste Congresso, conjuntamente com a Empresa de Leiria JORLIS, que financiará a impressão das Actas, importantíssimo elemento para estudos futuros.
A iniciativa desta reunião científica deve-se à AMA-Associação de Amigos do Mosteiro de Alcobaça, à Associação Portuguesa de Cister e ao ICOMOS-Portugal.
Também a ADEPA, a ACSIA-Associação Comercial de  Serviços e Industrial de Alcobaça, o IGESPAR-Mosteiro de Alcobaça e a Escola Secundária D.Inês de Castro-Alcobaça colaboram na organização.
Da Comissão de Honra fazem arte personalidades como o Abade Presidente da R. E., D. Isidoro Anguita, OCSO, o Abade de Poblet , D. Josep Alegre, OCist, o Abade de Oseira, D. Juan Javier Martin Hernandez, OCSO, o Bispo D. Carlos Azevedo, o Presidente da Câmara de Alcobaça , Paulo Inácio, o Presidente da Câmara da Nazaré , Jorge Barroso, o P. Damián Yánez Neira, OCSO, o Director do Mosteiro de Alcobaça , Jorge Pereira de Sampaio, Maria Augusta Trindade Ferreira, antiga Directora do Mosteiro de Alcobaça e o Escultor José Aurélio.
Em meados do próximo mês de Junho Alcobaça vai mesmo ser Capital de Cister.
José Eduardo Oliveira
(Comissão Executiva)