terça-feira, 5 de junho de 2012

M - 420 ENIGMA DE CISTER


SER MONGE É SER LIVRE *
De uma multidão de homens sós, reúna-se um grupo, destinando-o a uma missão única.
O grupo em breve encontrará o modelo para o cumprimento da missão.
Estabelecerá então uma norma, uma regra, para que em todos exista um caminho. Nesse caminho haverá o vislumbre do objectivo que deverá ser único.
O grupo eleito não poderá afastar-se do cumprimento da regra para em conjunto melhor executar a missão.
Conviverão então num espaço singular e aí trabalharão e meditarão.
Percebe-se agora que procuram Deus usando um ritual de silêncio e renúncia. Usam um exercício de meditação e praticam a humildade e a obediência ao chefe, ao Pai que elegeram.
Sentem profundamente a importância do tempo num espaço confinado que criaram para aí procurarem Deus.
Ao espaço fronteira entre eles e os outros, o mundo, chamaram Mosteiro e desejaram-no austero e à escala deles próprios.
No território confinado, a Regra delimitou-lhes o caminho interior, condicionou-lhes o movimento, desenvolveu-lhes a solidariedade comunitária.
Tudo feito em liberdade. Ser monge é ser livre. Convivem agora com a Pedra iluminada e reaprendem que a luz é simultaneamente Deus e tentação.
Desde o deserto, onde pensam ter andado quando viviam sós, que a luz é uma fábrica de miragens e ilusões. O nosso Mosteiro, dirão uns aos outros, quebrando o silêncio, é Novo para nós próprios. O nosso Mosteiro, é um “espaço” entre o visível e o invisível , é um caminho a ser percorrido por cada um de nós e todos os de Cister no percurso para o claustro da Jerusalém Celeste.
Rui Rasquilho
*Texto do Prefácio do livro de Amílcar Coelho “ ENIGMA DE CISTER- O espaço entre o visível e o invisível” a ser lançado durante o “Congresso Internacional MOSTEIROS CISTERCIENSES.”

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