SER MONGE É SER LIVRE *
De uma multidão de homens sós, reúna-se um grupo,
destinando-o a uma missão única.
O grupo em breve encontrará o modelo para o cumprimento
da missão.
Estabelecerá então uma norma, uma regra, para que em
todos exista um caminho. Nesse caminho haverá o vislumbre do objectivo que
deverá ser único.
O grupo eleito não poderá afastar-se do cumprimento da
regra para em conjunto melhor executar a missão.
Conviverão então num espaço singular e aí trabalharão e
meditarão.
Percebe-se agora que procuram Deus usando um ritual de
silêncio e renúncia. Usam um exercício de meditação e praticam a humildade e a
obediência ao chefe, ao Pai que elegeram.
Sentem profundamente a importância do tempo num espaço
confinado que criaram para aí procurarem Deus.
Ao espaço fronteira entre eles e os outros, o mundo,
chamaram Mosteiro e desejaram-no austero e à escala deles próprios.
No território confinado, a Regra delimitou-lhes o
caminho interior, condicionou-lhes o movimento, desenvolveu-lhes a
solidariedade comunitária.
Tudo feito em liberdade. Ser monge é ser livre.
Convivem agora com a Pedra iluminada e reaprendem que a luz é simultaneamente
Deus e tentação.
Desde o deserto, onde pensam ter andado quando viviam
sós, que a luz é uma fábrica de miragens e ilusões. O nosso Mosteiro, dirão uns
aos outros, quebrando o silêncio, é Novo para nós próprios. O nosso Mosteiro, é
um “espaço” entre o visível e o invisível , é um caminho a ser percorrido por
cada um de nós e todos os de Cister no percurso para o claustro da Jerusalém
Celeste.
Rui Rasquilho
*Texto do Prefácio
do livro de Amílcar Coelho “ ENIGMA DE CISTER- O espaço entre o visível e o
invisível” a ser lançado durante o “Congresso Internacional MOSTEIROS
CISTERCIENSES.”
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