A
ORDEM DE CISTER-CRÓNICA DE UM CONGRESSO
«EGO ALFONSUS DEI MISERICORDIA PORTUGALENSIUM REX, UNA
CUM UXORE MEA D.MAHALDA REGNI MEI CONFORTE TESTAMENTUM E CAUTUN FACIMUS UOBIS
D.ERNADO CLARAVALENSLS ALCOBACHA NUNCUPATUR»
Os Reis assinaram de “propriis manibus” e o Mosteiro
instalou-se no lugar de Alcobaça dezenas de anos depois da sua instalação
provisória em Chiqueda, onde se agricultou a primeira granja e se construiu uma
robusta ponte de três arcos, por onde D.João I passará em Agosto de 1385 para vir
instalar-se, por alguns dias, no Mosteiro dirigido pelo Abade d’Ornelas.
Muitos séculos depois centena e meia de congressistas
reuniram-se no Capítulo de Alcobaça para ouvir o Abade de S.Isidro de Bueñas
D.Juan Martin Hernandez OCSO falar na Ordem de Cister, em particular do seu
presente e futuro.O Abade de Poblet D.Josep Alegre OCIST, o Bispo D.Carlos
Azevedo e o Prof. José Mattoso enviaram mensagens.
A 15 e 16, uma sexta e um sábado de Junho de 212
oitenta professores, alguns deles religiosos, e outros apaixonados pela Ordem
fundada por S. Roberto na floresta de Citeaux, na Bolonha, em 1093, reuniram-se
num Capítulo imaginário nas preciosas instalações da Escola Secundária de
D.Inês de Castro.
Assuntos espirituais, económicos, históricos,
artísticos e da lavoura da secular Ordem foram aprofundados e discutidos. A
Livraria de Alcobaça e seus incunábulos viram as suas iluminuras interpretadas,
os olivais e os vinhedos dos Coutos analisados.
O grande edifício desvendou
alguns segredos. As representações pictóricas da Padroeira da Ordem festejadas,
explicadas. As encomendas das baixelas cerâmicas analisadas. O canto
gregoriano, a liturgia, o quotidiano do cenóbio, o “ora et labora” foram outros
temas tratados com uma qualidade impar.
A arqueologia deu respostas às propostas de futuro, o
Museu, o Centro de Estudos, o Hotel de Charme surgiram num contexto de
conservação integrada e de salvaguarda auto sustentada.
Não fora a Câmara Municipal de Alcobaça não haveria
Congresso. Não fora a JORLIS não sairiam as actas que tão uteis serão no
futuro. Não fora o Mosteiro e não teríamos uma criteriosa exposição
bibliográfica, com a descoberta simultânea da arte das reservas do Mosteiro e
da modernidade do Irmão Luís de Oseira.
Na”loja” dos livros várias obras foram adquiridas por
entre aromáticas maçãs de Alcobaça.No “Refeitório da Escola” preparado para os
congressistas o vinho de Monte Capucho, a memória da Granja de Chiqueda com as
suas cepas viradas ao sol nascente de onde vem a luz e a vida.
Foi uma operação trabalhosa, um formidável trabalho de
equipa. A solidariedade passou muito além do labor das Comissões Executiva e
Científica, chegou aos funcionários da Câmara, da Escola e do Mosteiro. Os
especialistas trabalharam em condições óptimas por temos uma Escola Pública moderna
com um grupo directivo inteligente e ágil, com professores na sua maioria
inteiramente dedicados, com funcionários apaixonados e alunos orgulhosos.
O Município e o seu Presidente compreenderam a
importância desta realização em Alcobaça, trazer aqui Abades Cistercienses,
outros religiosos da Ordem, tal como vieram de outras professores
universitários e técnicos, dedicados à história da Ordem de S.Roberto,
S.Harding e S.Bernardo foi doce tarefa.
As actas serão o culminar desta festa científica, deste
reencontro de Cister com o seu grande Mosteiro.
No dia 17 António Maduro e Saúl Gomes, doutores
coimbrões, guiaram uma viagem pelos Coutos, mostraram a sustentação
agro-económica e o Mosteiro Feminino de Cós.Visitou-se a Matriz de Évora e os
portais e pelourinhos de algumas vilas de D.Manuel. Uma verdadeira festa sobre
a história, com as suas maleitas e as alegrias também.
Ao Amigos do Mosteiro de Alcobaça editaram um livro
sobre o espírito, a pedra e a terra de Cister Alcobacense, a Associação
Portuguesa de Cister, o ICOMOS coadjuvaram para erguer o projecto. A APC
promoveu uma tertúlia, onde se bebeu cerveja de Cister. O ICOMOS acarinhou o
Património da Humanidade. O Mosteiro que se ergueu junto ao Castelo do lugar de
Alcobaça desde 1178.
Rui Rasquilho
Nota: O Director
Geral do Património Cultural prometeu para breve a abertura do concurso para o
Hotel de Charme.Paulo Inácio aguarda para ver.Nós na AMA e na ADEPA também.
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