quinta-feira, 5 de julho de 2012

M - 426 CRÓNICA DE UM CONGRESSO


A ORDEM DE CISTER-CRÓNICA DE UM CONGRESSO

«EGO ALFONSUS DEI MISERICORDIA PORTUGALENSIUM REX, UNA CUM UXORE MEA D.MAHALDA REGNI MEI CONFORTE TESTAMENTUM E CAUTUN FACIMUS UOBIS D.ERNADO CLARAVALENSLS ALCOBACHA NUNCUPATUR»

Os Reis assinaram de “propriis manibus” e o Mosteiro instalou-se no lugar de Alcobaça dezenas de anos depois da sua instalação provisória em Chiqueda, onde se agricultou a primeira granja e se construiu uma robusta ponte de três arcos, por onde D.João I passará em Agosto de 1385 para vir instalar-se, por alguns dias, no Mosteiro dirigido pelo Abade d’Ornelas.

Muitos séculos depois centena e meia de congressistas reuniram-se no Capítulo de Alcobaça para ouvir o Abade de S.Isidro de Bueñas D.Juan Martin Hernandez OCSO falar na Ordem de Cister, em particular do seu presente e futuro.O Abade de Poblet D.Josep Alegre OCIST, o Bispo D.Carlos Azevedo e o Prof. José Mattoso enviaram mensagens.
A 15 e 16, uma sexta e um sábado de Junho de 212 oitenta professores, alguns deles religiosos, e outros apaixonados pela Ordem fundada por S. Roberto na floresta de Citeaux, na Bolonha, em 1093, reuniram-se num Capítulo imaginário nas preciosas instalações da Escola Secundária de D.Inês de Castro.
Assuntos espirituais, económicos, históricos, artísticos e da lavoura da secular Ordem foram aprofundados e discutidos. A Livraria de Alcobaça e seus incunábulos viram as suas iluminuras interpretadas, os olivais e os vinhedos dos Coutos analisados. 

O grande edifício desvendou alguns segredos. As representações pictóricas da Padroeira da Ordem festejadas, explicadas. As encomendas das baixelas cerâmicas analisadas. O canto gregoriano, a liturgia, o quotidiano do cenóbio, o “ora et labora” foram outros temas tratados com uma qualidade impar.
A arqueologia deu respostas às propostas de futuro, o Museu, o Centro de Estudos, o Hotel de Charme surgiram num contexto de conservação integrada e de salvaguarda auto sustentada.
Não fora a Câmara Municipal de Alcobaça não haveria Congresso. Não fora a JORLIS não sairiam as actas que tão uteis serão no futuro. Não fora o Mosteiro e não teríamos uma criteriosa exposição bibliográfica, com a descoberta simultânea da arte das reservas do Mosteiro e da modernidade do Irmão Luís de Oseira.
Na”loja” dos livros várias obras foram adquiridas por entre aromáticas maçãs de Alcobaça.No “Refeitório da Escola” preparado para os congressistas o vinho de Monte Capucho, a memória da Granja de Chiqueda com as suas cepas viradas ao sol nascente de onde vem a luz e a vida.
Foi uma operação trabalhosa, um formidável trabalho de equipa. A solidariedade passou muito além do labor das Comissões Executiva e Científica, chegou aos funcionários da Câmara, da Escola e do Mosteiro. Os especialistas trabalharam em condições óptimas por temos uma Escola Pública moderna com um grupo directivo inteligente e ágil, com professores na sua maioria inteiramente dedicados, com funcionários apaixonados e alunos orgulhosos.
O Município e o seu Presidente compreenderam a importância desta realização em Alcobaça, trazer aqui Abades Cistercienses, outros religiosos da Ordem, tal como vieram de outras professores universitários e técnicos, dedicados à história da Ordem de S.Roberto, S.Harding e S.Bernardo foi doce tarefa.
As actas serão o culminar desta festa científica, deste reencontro de Cister com o seu grande Mosteiro.
No dia 17 António Maduro e Saúl Gomes, doutores coimbrões, guiaram uma viagem pelos Coutos, mostraram a sustentação agro-económica e o Mosteiro Feminino de Cós.Visitou-se a Matriz de Évora e os portais e pelourinhos de algumas vilas de D.Manuel. Uma verdadeira festa sobre a história, com as suas maleitas e as alegrias também.
Ao Amigos do Mosteiro de Alcobaça editaram um livro sobre o espírito, a pedra e a terra de Cister Alcobacense, a Associação Portuguesa de Cister, o ICOMOS coadjuvaram para erguer o projecto. A APC promoveu uma tertúlia, onde se bebeu cerveja de Cister. O ICOMOS acarinhou o Património da Humanidade. O Mosteiro que se ergueu junto ao Castelo do lugar de Alcobaça desde 1178.
Rui Rasquilho

Nota: O Director Geral do Património Cultural prometeu para breve a abertura do concurso para o Hotel de Charme.Paulo Inácio aguarda para ver.Nós na AMA e na ADEPA também.


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