TIPO TÁS A VER…
Uma viagem num autocarro da Rodoviária Nacional Lisboa –
Alcobaça demora cerca de uma hora e cinquenta.
Em passado recente fui
passageiro num autocarro que saiu de Lisboa completamente lotado.
Ocupei o nº.
32 e a meu lado, no lugar nº.31, viajou uma adolescente que ,à primeira vista,
me pareceu poder ter uns 14 ou 15 anos de idade.
Vestia o “uniforme” que a
maioria das jovens utiliza nos tempos actuais: blusa de cor, calções curtos
justos e a habitual parafernália de colares, brincos e anéis.
O “conjunto” era
complementado com um “piercing” na narina esquerda.
Num pequena mala de mão
levava um moderno telemóvel que consultou durante a viagem vezes sem conta. Em
telefonemas e mensagens.
Era capaz de apostar que durante toda a viagem o
telemóvel deverá ter estado em “sossego” aí uns dez minutos.
Por viajarmos em proximidade ouvi – inevitavelmente - os
seus telefonemas.
Confesso que a linguagem usada era tão estranha que nos
primeiros telefonemas tive dúvidas se a jovem estaria a falar algum dialecto de
alguma região do país que eu desconhecesse, tipo mirandês ou minderico.
A partir de certa altura cheguei à conclusão que era uma”
espécie” de português.
“Bué” foi utilizado vezes sem conta.
”Tipo tás a ver”
repetidas vezes .
Cada novo telefonema começava com um “continuando”.
Os
quilómetros iam sendo percorridos e a jovem juntou a conversa alguns palavrões,
que me dispenso de reproduzir, parecendo completamente esquecida que viajava
junto de um adulto “tipo avô, tás a ver”!!!
As surpresas continuavam.
Um amigo estava “bêbado” em tal
dia e …ela também estava bêbada em outra ocasião.
Isto era referido a uma
amiga.
O tal amigo, que era uma ano mais velho e tinha 15 anos, curtia uma nova
namorada “bué” de feia, tipo estás a ver…
E os telefonemas não paravam.
A
excepção foi quando telefonou a uma pessoa de família (pai ou avô) para
informar que estava a chegar. Este telefonema para a família deverá ter
demorado uns 10 segundos !
Pois havia que reatar a conversa telefónica com a
amiga. ”Continuando…”
Antes de sair do seu lugar ainda prometeu à amiga que
telefonaria logo à noite (estávamos em cima das 21h00) e informou que tinha
voltado a fumar !!!
Fiquei só com os meus pensamentos e fui-me questionando.
Como é que estes jovens poderão ler, aprender a falar português – a tal língua
de Camões – utilizando a cada passo aquele “dialecto” repleto de bués, tipo
estás a ver ???
Senti-me confuso. Muito confuso.
Está claro que sou eu que estou a mais neste “estado novo”
de gente jovem !
Que fazer !?
Não sei.
Mas parece-me, sinceramente, que se
não forem os pais a estarem mais atentos a esta gente jovem eles irão “crescer”
mal…
Muito mal, com bué de problemas.
Digo eu.
Que sou d'outros tempos...
Caro Senhor Oliveira
ResponderEliminarEu também estou a mais, neste mundo em que actualmente tudo é fácil, tudo é aceite com sorrisos,sentir vergonha é ridiculo, ser honesto é ser tótó,respeitar os outros não interessa, e respeitar-se a si próprio não vale a pena.
Nesta linha de condutas o que virá a seguir?
Ainda bem que estou no fim da jornada...
Um abraço, e bom Domingo.
Dilita