segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

M-439 MAIS UMA "ESTÓRIA" DA TROPA...


Uma triste figura
Veio-me à dias a lembrança de uma “triste figura” que me calhou fazer durante a minha vida militar.
Em 4 anos de tropa milhentas coisas me aconteceram.
É só escolher os temas – caricatos, ridículos, dramáticos, cómicos, trágicos, comoventes, burlescos – que tenho para todos os gostos.
Seleccionei – para partilhar com quem me lê –um do tipo caricato.
Fui “sargento-dia” na véspera do 1º. de Maio de 1964 no Regimento de Infantaria 16, em Évora.
E o que é que isso pode ter de especial?
Nada, a não ser o facto de nunca o ter feito anteriormente, porque nos dois anos anteriores tinha prestado serviço no Hospital Militar Principal, em Lisboa.
Apresentei-me no R.I 16 ao “Oficial-Dia” e já não sei bem em que tempo e circunstâncias, passei a estar equipado com um “pistolão” e com uma espada à cintura…
Senti-me tão ridículo e tão pouco à vontade com a espada que me lembro ainda da dificuldade em andar com “aquilo”…Cada passo que dava a espada ia-me ter entre as pernas!
Habituado ao HMP, de Lisboa, em que andava normalmente fardado de “bata branca”(pertencia ao Serviço de Saúde), nada sabia em relação às “turbulências”  que eram usuais num quartel de Infantaria…
E entrei de serviço logo num dia complicado para o tempo (véspera do “dia do trabalhador” em pleno Alentejo…pró-comunista). Em Évora já tinham havido anteriormente algumas tentativas de assalto a quartéis por civis. Pelo menos foi o que me contaram alguns “amigos de fresca data” no início da longa noite de serviço como “sargento-dia”…
E , de facto, depois da meia-noite “passaram” algumas pedras e garrafas por cima da “porta de armas”.Mas depois mais nada de especial aconteceu.
O “serviço” chegou ao fim e lá fui entregar a espada e o “pistolão” a quem de direito, seguindo-se um tempo de descanso e, nos dias seguintes voltei ao que sabia e estava habituado, ou seja, a desempenhar as funções de Furriel Enfermeiro. Sem espada…nem pistola à cintura !
Uma semana depois rumámos a Lisboa para embarcar no “Uíge” a caminho de Bissau (8 de Maio de 1964) e não voltei a ter que “mascarar” de Sargento –Dia armado até “aos dentes”…
Ainda hoje me interrogo como consegui desempenhar aquele “papel”…sem me escangalhar a rir !!!
Mas “tropa é tropa” e há que estra preparado para todo o serviço …
Bons velhos tempos !
JERO


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