O RETÁBULO DE ALCOBAÇA
No final do século XVIII, no reinado de D.José I, o ministro Pombal enviou a Alcobaça e Coimbra o Engenheiro Guilherme Elsden para proceder a diversas e importantes obras.
O Abade de Alcobaça era D.Manuel de Mendonça, familiar de Pombal.
É então construído o Panteão Real em gótico revivalista de inspiração inglesa junto ao transepto sul, após a escadaria de acesso ao Colégio de Nossa Senhora da Conceição, demolido já no século XX, e também um esplêndido retábulo barroco na Capela Mor da Igreja Monástica que acrescentou o existente
Valerá a pena explicar que o retábulo se foi transformando e acrescentando desde sobretudo as novas disposições litúrgicas emanadas do Concílio de Trento após 1562.
A celebração da ceia do Senhor passa a ser partilhada pelos fiéis alcobacenses que, pouco a pouco, vão poder ter acesso às celebrações eucarísticas monásticas.
Desde 1667 que ,apoiados em novas colunas que antecediam as primitivas, Santos da Ordem e Papas Cistercienses em barro cozido envolviam a meia lua do altar completado com os anjos músicos, também em barro, e a imagem da Virgem com o Menino, como mostra a ilustração coroando o conjunto, tudo em brutesco e ouro.
A estas representações tão caras ao barroco junta-se em 1678 um enorme sacrário piramidal, apoiado em 6 anjos e encimado por um pelicano. A eucaristia conta agora com novas custódias e cálices para realçar a transubstanciação anunciada pelo sacerdote monge do pão e do vinho no corpo e sangue de Cristo. Trento determina a compreensão do sentido das sagradas escrituras e da Santa Igreja Mãe que guarda Cristo na Eucaristia. Compreende-se por isso o grande sacrário ,como um século depois se entenderá o grande globo e resplendor de Elsden que substituiu.
Em 1930 o retábulo é apeado, os altares e capelas do transepto também. Idem para o órgão e altares das naves laterais. O barroco da Igreja estava desfeito depois de haver sobrevivido às tropas francesas e inglesas.
Em 1716 são colocadas logo após o Arco Triunfal, ele também ornado com uma grinalda de talha dourada, duas imagens.
São Gabriel do lado do Evangelho, onde então se colocava o Novo Testamento, com os quatro livros sagrados com os ensinamentos de Cristo, escritos por S.Mateus, S.Marcos, S.Lucas e S.João. E a representação da Virgem do lado da epístola (à direita dos fiéis) onde, antes da leitura do Evangelho , se lia ou cantava uma das cartas dos Apóstolos que constam do Novo Testamento e eram originalmente dirigidas às primeiras comunidades cristãs.
Hoje celebra-se a missa em Alcobaça numa Igreja reconduzida ao gótico original, e sem a presença da comunidade cisterciense que nos deixou em 1833.
Um bom ano com coragem e alegria.
Rui Rasquilho
Sem comentários:
Enviar um comentário