RESCALDO DA XIII MOSTRA INTERNACIONAL DE DOCES E LICORES
Estivemos os 4 dias da Mostra deste ano na Sala do Capítulo perto dos doces e “dentro” dos licores.
Foi uma experiência gratificante, diferente e difícil de repetir pois não é fácil aguentar diariamente mais de 10 horas de pé. Refiro-me a um “rapaz” que fez 4 anos em 4.04.1944 e que, por acaso, sou eu próprio.
Estive num stand dos licores .
Mais propriamente no espaço da MLC – Licores Conventuais (Alcobaça). Os vizinhos eram o Restaurante Trindade (Alcobaça), a Pastelaria Pão de Mel (Alcobaça), os Doces do Convento (Arouca), o Quintal D. Quixote – Francisca Rasga (Évora), a Padaria do Marquês (Leiria), a Pastelaria O Mosteiro (Lorvão), as Maltesinhas – Francisca Casteleiro (Beja), a Casa do Bolinhol - Kibom (Vizela), o Pão-de-Ló Flôr-de-Liz (Ovar) e A Casa da Isabel (Portimão).
Entrei como “vendedor” de livros e acabei como “auxiliar” na venda de licores.
Há sempre uma primeira vez e a experiência do “Capítulo” teve alguns momentos “eternos”, que resolvi partilhar.
Uma das bebidas do MLC chamava-se “amor eterno” e a explicação do “eterno” dava “pano para mangas” e teve momentos bem divertidos e o contrário…
Calhou-me a mim a “fava”.
Aproximou-se um jovem do meu tempo, de cabelos brancos, de rosto sério mas com ar vigoroso. Caminhava com “canadianas” ,e como em passado recente também tinha andado com “elas”, por causa de uma operação ao menisco, meti conversa perguntando se o seu joelho também já tinha passado do prazo.
A resposta desconcertou-me e fez-me engolir em seco. Tinha sido Chefe da Polícia e na perseguição a um larápio tinha tido um acidente grave, que tinha obrigado à amputação de uma perna.
Esse momento aziago alterou-lhe a partir de então a sua vida. E as dos seus familiares mais próximos.
As “canadianas” eram para o resto da vida. Eram “eternas”.
Os visitantes dos dois primeiros dias da mostra – 5ª. e 6ª. feira – eram bem diferentes dos do fim de semana. Principalmente na quantidade e no poder de compra. Eram poucos e com as mãos nos bolsos…
Uma jovem que vendia no stand do “Pão de Mel” classificava-os como “mirandam”. Miram e andam. Compras …nem vê-las.
Foi um tempo em que deu para conhecer os vizinhos. Conversa agradável e troca de “mimos”: bolos por licores e licores por bolos.
A grande surpresa foi encontrar na venda de pão de ló de Ovar uma médica, em regime de voluntariado. E estava ali para fazer o favor a uma amiga do casal de Ovar, que não tinha conseguido vir no primeiro dia.
E que a médica-voluntária nem conhecia.
Assumia o papel de vendedora com o maior dos à-vontades e só estava aborrecida por ter tão poucos clientes.
Chegou o sábado e a “cheia”.Mais de 20.000 visitantes.E no domingo outros tantos ou mais.
De invulgar algumas visitas em grupo de turistas japoneses que, sempre em andamento, tiravam fotografias aos bolos…e não paravam.
Qual o gozo?
Quem ficou de olhos em bico fui eu
Mas houve uma excepção. Passou um grupo e uma japonesa ficou para trás (qual kamikaze) e provou um licor de ginja.
À borla …mas provou. Não disse uma palavra mas deu para perceber que gostou.
Aliás nesta área dos licores deu para entender que há muita “gosma”.
Não a respeitante à expectoração mas mais do tipo chupista e/ou borlista.
E vamos à ultima.
Na enchente de domingo à tarde à funcionária do “Pão de Mel” faltaram-lhe 40 cêntimos num troco, por falta de moedas na caixa. A cliente – uma senhora com “nariz arrebitado” – não perdoou e pediu um bocado de um bolo como compensação. Recebeu de imediato uma pequena “casca” de um bolo folhado. Não aceitou e disse que voltava mais tarde. E voltou.
E levou a troika, digo, o troco dos 40 cêntimos.
Se todos fossem tão rigorosos com os cêntimos…não tínhamos chegado quase à “banca rota”.
Mas apesar da crise estiveram em Alcobaça, na XIII mostra de Doces e Licores Conventuais mais de 45.000 visitantes que desfrutaram das delícias gastronómicas que “decoraram” os 37 expositores de representação nacional e internacional (Espanha, França e Bélgica).
Foi uma grande jornada para Alcobaça com a mais valia de ter honras de um directo da RTP, com cerca de 3 horas.
E eu estive lá.
Perto dos doces e “dentro” dos licores.
JERO
Na foto o "dono" dos licores abaciais Carlos Gomes, o escritor Luís Rosa e o homem da ressaca, digo, do rescaldo dos doces e licores,JERO.
Sem comentários:
Enviar um comentário