PEDREIRAS
A uns trezentos metros da minha casa há uma pedreira escondida. Não sei se é pequena se é grande porque terra e silvas a cobrem, mas está lá.
O Mosteiro Medieval de Alcobaça construído sob orientação de um cenóbio cisterciense é em pedra.
A enorme Igreja e dependências monásticas foram integralmente erguidas com milhares de toneladas de pedra calcária durante dezenas de anos vindas do maciço calcário estremenho.
Entre os dois rios multiplicaram-se estaleiros onde se aparelhavam os grandes blocos trazidos em carros puxados por juntas de bois. Ninguém sabe ao certo de onde vinha a pedra apenas se pode dizer que viria do local mais próximo da obra e com a qualidade desejável de ter plasticidade e durabilidade secular.
Hoje, a evidência das jazidas calcárias é a Serra.
Mas há 8 séculos não havia a tecnologia de extracção que há hoje nem a mobilidade de transporte.
Viria o calcário do sopé da Serra da zona que hoje tem o topónimo de Pedreiras? Viria das gargantas de Chiqueda ? Haveria no lugar de Alcobaça referido na carta de doação de 8 de Abril de 1153 pedreiras cobertas pelos séculos posteriores? Teria o rio posteriormente baptizado de Alcoa servido de via de transporte da pedra para além da via terrestre?
Outro dia conversava com o Dr.Paulo Inácio e o Presidente estava entusiasmado com possíveis análises de “ADN” da pedra do edifício monástico e das pedreiras para saber mais.
A Drª. Maria Augusta tem na sua posse análises possíveis na época que poderão complementar por certo novos métodos de análises.
Mas que serve saber-se.
Gosto diletante? Curiosidade científica?
Certamente servirá para um roteiro de turismo cultural que poderá estruturar-se nos próximos dez anos.
Incluir o trabalho de uma pedreira num roteiro cultural parece ser positivo se for convenientemente estruturado.
É por razões destas que é urgentíssimo um programa de conservação integrada para a parte devoluta do Mosteiro erguida desde o final do Sec. XVI e até ao Sec. XIX no período posterior às Invasões Francesas.
Rui Rasquilho
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