domingo, 10 de abril de 2011

M 350 - CERÂMICA EM PORTUGAL E EM ALCOBAÇA

Passado, presente e futuro
Presente

Hoje não restam no Concelho de Alcobaça mais de 20 unidades de produção de faiança, quase todas de reduzida dimensão e em grandes dificuldades de laboração.
Depois de tudo o que, anteriormente disse de todos os apoios financeiros, técnicos, formativos, etc., o que levou a indústria cerâmica a esta situação?
Como causa principal sugiro a visão, de curto prazo, de grande parte dos industriais que iniciaram a produção nos referidos anos 80.
Visão de curto prazo que se manifestou pela entrega completa da comercialização da produção a agentes.
As empresas limitavam-se, na maior parte das vezes, a reproduzir ou a copiar peças trazidas pelos referidos agentes. Na prática estes também faziam os preços para as mesmas.
Esses agentes, elos de ligação com os clientes, dominaram completamente os mercados; os produtores não sabiam sequer a quem se destinavam as suas produções.
Trabalhando à comissão, por vezes em dupla comissão, os agentes desviaram as suas encomendas para países do Extremo Oriente, assim que tal oportunidade se proporcionou. Sem encomendas e sem saber vender, as unidades foram aos poucos encerrando.
As empresas duvidaram, em princípio das requalificações técnicas do seu pessoal; foi com dificuldade que aceitaram profissionais qualificados, na área da produção e outras.
Muitas empresas trabalhavam com percentagens de quebras e refugos superiores a 20%.
Manifestaram durante muito tempo uma completa aversão à introdução do “ design “, o que aliás se compreende se atentarmos no papel dos agentes em todo o processo industrial.
Por outro lado, muitas empresas foram descapitalizadas, devido a investimentos feitos pelos seus proprietários em imobiliário e aplicações bolsistas.
Como se percebe, nunca as empresas beneficiaram dos resultados desses investimentos para os quais afinal haviam contribuído.
Depois, o custo de mão-de-obra começou a aumentar, a energia idem, as matérias-primas idem e, como vimos as vendas diminuíram ou pura e simplesmente cessaram.
Foi o fim de muitas empresas; muitas não viveram sequer uma geração e outras morreram ao passar de pais para filhos.
Alberto Silva
Consultor Internacional de Cerâmica
Alcobaça




















1 comentário:

  1. Obrigado por esta cerâmica históricos em Portugal. Na França, temos muito pouco documentado sobre esta arte em Portugal. Eu gostaria de oferecer-lhe um quarto marcado "Trindade Albocaba Portugal", mas isso provavelmente não é o lugar ...
    jfbaeta14atyahoo.fr

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