segunda-feira, 11 de abril de 2011

M 351 - CERÂMICA EM PORTUGAL E EM ALCOBAÇA

Passado, Presente e Futuro
Futuro
Há futuro para a indústria cerâmica em Portugal?
A resposta é positiva para as indústrias de capital intensivo, altamente mecanizadas, com elevada qualidade técnica e constante actualização de “ design”. Estas empresas têm adequada dimensão em recursos humanos e também os seus departamentos de marketing estão devidamente organizados.
Sofrem forte concorrência de empresas do Médio e Extremo Oriente, mas têm resistido e creio que continuarão a resistir; aliás, as últimas boas notícias informam que vai ser aplicada pela UE uma taxa de importação no valor de 35% para pavimentos e revestimentos importados da República Popular da China.
E em Alcobaça, o que vai passar-se com a ainda existente produção de faiança?
Há ainda esperança de manutenção em funcionamento de algumas unidades de produção desde que:
• Se proceda a uma reindustrialização na área da cerâmica, isto é, que se introduza uma componente de gestão total na mencionada indústria.
• Se adoptem projectos de inovação, com procura de novos produtos, novos acabamentos, novos processos.
• Se reduzam ao mínimo as perdas de produção por refugos e quebras.
• Se poupe e recupere tudo o que pode ser recuperável: pasta, vidro, corantes, energia.
• Seja utilizada a colaboração de designers de equipamento, que sob orientação da gestão procurem complementaridades noutras indústrias: mobiliário, têxtil, vidro, etc.
• Um designer de equipamento tem que saber vestir e ornamentar uma casa: a cerâmica faz parte integrante desse trabalho, enquanto utilitária ou simplesmente decorativa.
Quando leccionei a disciplina de cerâmica para designers no IADE (Instituto de Arte e Design de Equipamentos), sempre deixei aos meus Alunos a seguinte nota final: “tudo o que existe pode ser modificado; o que não existe oferece possibilidades infinitas”.
• É necessário que a gestão tome a seu cargo o departamento de “marketing”.
• A empresa deve estabelecer laços de conhecimento e amizade com os seus clientes; cada cliente deve ser um amigo da empresa; o cliente é o melhor activo da empresa.
• Cada empresa deve ter a sua página WEB, e porque não um departamento de venda directa pela internet?
• Não recomendamos a participação em catálogos generalistas. Cada empresa promove-se melhor com uma mostra completa dos seus produtos presentes e passados num simples C.D. ou D.V.D, com muito menor custo e de fácil alteração.
• Modelos e decorações antigas podem e devem fazer parte desse modo de apresentação. A cerâmica é parte integrante da moda e, como tal, tem, por vezes, recuperações imprevistas.
Além de tudo o que disse proponho a realização de um estudo “ benchmarking” que complemente a análise SWOT, entretanto realizada.
Só este estudo permitirá à comunidade cerâmica saber, exactamente, o que se passa em todos os aspectos com os vários concorrentes nos vários países, sejam eles China, Tailândia, Vietnam, Turquia, etc.
É preciso saber quais os seus mercados alvo, as suas capacidades de crescimento, os preços que podem praticar, os custos que suportam e como nos posicionamos relativamente a todas estas situações.
Lamento que num ciclo de conferências tão importante como este seja práticamente nula a presença de industriais de cerâmica.
Aqui deixo, a todas as empresas de indústria Cerâmica de Alcobaça ainda resistentes, os sinceros votos de um futuro mais brilhante e promissor.
Alberto Silva
Consultor Internacional de Cerâmica
Alcobaça

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