segunda-feira, 2 de agosto de 2010

M 285- QUINTA DAS FREIRAS ...entre Chiqueda e a cidade de Alcobaça

Respigámos(*) da edição de 29 de Julho de O ALCOA

PARQUE DOS MONGES

Da Quinta das Freiras de Cós até ao parque temático dos nossos dias.
Foi Bernardo Pereira de Sousa, que adquiriu nacionalidade portuguesa em 1836 (casado com Francisca Jacinta Pereira, filha de João Pereira Gomes, homem de avultada fazenda em terras do Maranhão-Brasil) que deteve, por título de compra e herança, entre outras propriedades e meios de produção outrora afectos ao Mosteiro de Alcobaça, a Quinta das Freiras de Cós (Chiqueda).
Recuando ainda mais no tempo é possível saber que a outrora denominada "Quinta das Freiras", pertenceu à Ordem de Cister desde o século XII até ao século XIX.
Julga-se que era nesta Quinta que se produzia a maioria dos alimentos que sustentavam o Convento de Cós, situado a 10 km de Alcobaça e onde residiam as freiras.
É pois neste terreno com história - ali também se instalou a primeira comunidade dos Monges de Cister, onde permaneceram durante 22 anos para preparem a construção do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça e mais tarde as tropas montaram o acampamento para festejar a vitória na Batalha de Aljubarrota  -  com cerca de nove hectares, que vai renascer nas margens do Rio Alcoa um espaço de animação turística, de cultura e lazer designado por Parque dos Monges.
Projecto que nasceu há doze anos e que obrigou a limpar o terreno e a remover os drenos existentes, reconstituindo o paúl e plano de água existente na época dos monges de Cister.
Na fase actual está alcançada a valorização paisagística e biofísica e a integração de uma zona húmida (lago) já existente, associada à criação de matas e galerias ripícolas com espécies tradicionais na paisagem vegetal local.
E o Parque, vai estar “aberto” não só aos visitantes e utentes do empreendimento mas também para a população da região, podendo ser usufruído em percursos pedonais, de bicicleta e também como circuitos de manutenção.
É tempo de referir que fizemos em passado recente uma visita ao Parque dos Monges, tendo como cicerone Alexandre Alves, um dos homens fortes do empreendimento.
A visita demorou uma tarde e deu para perceber como será fácil passar um dia inteiro neste local paradisíaco, pois as diversas “ofertas” parecem nunca mais acabar.
Saltando um pouco o percurso “natural” do visitante, que deverá começará pela Recepção, nós fomos na parte inicial da nossa visita guiada até ao final do lago e “descobrimos” um “pedaço” do Rio Alcoa de margens luxuriantes e com águas límpidas….A nossa surpresa foi complementada com a constatação de que “neste” Rio Alcoa até existem peixes e patos. Estes últimos são originários do lago do Parque que, para “espairecer”, vão de vez em quando até ao rio. Para nosso espanto fomos informados que de vez em quando também aparecem por ali lontras que, “sem pagar bilhete”, vêm consumir algumas das espécies de peixes raras que o lago acolhe.
Depois …há espaços arborizados onde podem ser feitas refeições aligeiradas pela gente mais nova e…não só. O empresário esclareceu, contudo, que o investimento não se esgota na promoção do ambiente, estando igualmente centrado na área de animação turística e cultural, sobretudo na presença da Ordem de Cister em Alcobaça.
Estão a ser recuperadas e adaptadas aos fins em vista habitações e respectivos anexos que complementam a oferta de ar livre que o centro vai proporcionar e que se vão desenvolver em torno do lago, onde já existe vida natural e onde vão ser levadas a efeito actividades de sensibilização ambiental baseadas em acções desportivas, culturais, pedagógicas e lúdicas.
Saltando para a zona da entrada do Parque, que tem um espaço de estacionamento para 150 viaturas, encontramos um edifício acastelado, construído em madeira que, pela sua execução refinada, se tornou na “imagem de marca” do espaço.
Bem perto fica o “espaço de restauração” (Refeitório dos Monges), que funcionará num edifício de rés do chão e 1º. Andar, com uma sala de refeições surpreendente pelo bom gosto e… vistas para o exterior.
Um outro espaço, em frente ao restaurante (Oficinas Monásticas), vai albergar artistas e artesãos, nomeadamente um oleiro, um copista, um boticário, um licoreiro, um padeiro, um ferreiro, um serralheiro, etc..
Nas imediações, noutro edifício primorosamente recuperado, vai funcionar uma das “jóias” do parque: o Museu dos Doces Conventuais
Alexandre Alves referiu-nos que famílias, escolas e empresas que pretendam interagir com o ambiente serão o público-alvo do Parque, havendo ainda a novidade de uma parte do empreendimenot estar destinada a um turismo de carácter religioso, através do Jardim Bíblico.
A segunda fase do Parque dos Monges contemplará uma área de alojamento “amiga do ambiente", com “bungalows” que vão ter “planos de poupança de água e energia”, referiu.
Para uma fase posterior, está ainda prevista a reprodução, em tamanho real, do burgo de Alcobaça na Idade Média, cujo objectivo final é ser uma escola de artes e ofícios.
Um edifício multiusos, com oferta ao nível da restauração e uma sala de espectáculos, e um hotel que pretende retratar a vida monástica em Alcobaça completa o Parque dos Monges.
“Trata-se de um albergue como os monges tinham para receber os passantes e viajantes”, declarou o empresário, acrescentando que o projecto se iniciou há 12 anos.
É de facto um projecto de uma vida de dois irmãos (Alexandre e Isidro Alves) de que Alcobaça tem motivos para se orgulhar.
Muito mais haveria para dizer… da Quinta das Freiras de Cós até ao parque temático dos nossos dias.
Da Quinta das Freiras de Cós até ao parque temático dos nossos dias percorreram-se tempos diversos…Estamos de novo próximos de um tempo novo…na fronteira da Nova Alcobaça…com expectativas muito grandes.
O Parque dos Monges poderá concorrer para uma Alcobaça Nova…que faça esquecer o pobre(e apressado) turismo actual que ajuda a consumir café, postais e…pouco mais.
Que venha depressa o tempo novo!
JERO



(*) Com a devida vénia -pela utilização do termo- ao distinto blogger Rogério Raimundo, que é useiro e veseiro no "respiganço", que no nosso caso especial muito nos honra.

Parque Bíblico
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Lago do parque com 3 hectares.
Museu dos Doces Conventuais
Alexandre Alves(ao fundo o Restaurante)

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