quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

M165-ONTEM CHALET RINO HOJE CASA DAS FREIRAS

PEDRAS COM HISTÓRIA





O Chalet Rino, construído em 1891, é hoje conhecido pelo população alcobacense mais jovem como a “Casa das Freiras”.

Na década de 1970 os herdeiros de Maria Cristina Rino doaram o palacete à Congregação Religiosa de S. José de Cluny, que vendeu então o seu recheio, que era um dos mais ricos de Alcobaça.

Foi adaptado a Centro de bem-estar infantil, utilização que actualmente ainda se mantém. Os meus filhos, hoje à beira dos 40 anos, andaram por lá antes de ingressarem na escola.

Íamos jurar que a grande maioria dos alcobacenses passa todos os dias por este bonito Palacete sem se dar conta que, junto a um pequeno parque de estacionamento existe um pequeno tanque, com uma bica virada para a “Casa das Freiras” e um telheiro, “de costas” para a Rua dos Combatentes com uma lápide com seguintes dizeres:

«POR AMOR D D’ (“dedique”) UMA AVE MARIA PELOS PR’ SR’ (“proprietários senhores”) DESTA CASA DONA CAPITOLINA FERREIRA D’ARAUJO GUIMARÃES E JOSÉ PEREIRA DA SILVA RINO».

Falta na parte central lápide algo, que poderia ter sido um azulejo com uma imagem(!?).

José Pereira da Silva Rino [1]foi no seu tempo (Sec. XIX) um grande lavrador e proprietário de vastas terras, que se estendiam pelos concelhos de Alcobaça e Batalha. Foi também dono do Convento de Cós, mais tarde adquirido pelo Estado. Era casado com D. Capitolina Ferreira de Araújo Guimarães, filha do fundador da Fábrica de Fiação e Tecidos de Alcobaça, de quem teve um única filha, Maria Cristina Rino. Esta casou duas vezes, a primeira em Paris, na Notre Dame,a quando do exílio do seu pai, com António Eça de Queiroz, filho de Eça de Queiroz e posteriormente com o Dr. Pereira de Matos, que como historiador se dedicou ao estudo da nossa região.

José Pereira da Silva Rino foi monárquico convicto. No seu Chalet estiveram alojados, quando duma visita à vila de Alcobaça os ministros progressistas Eduardo Vilaça e Sebastião Telles. Tal sucedeu em 9 de Julho de 1905, tendo sido recebidos com grande carinho em Alcobaça.

Chefe político local de grande prestígio, acompanhou José Maria Alpoim, quando da Dissidência e depois da Proclamação da República. Após a Revolução de 1910, continuou a defender com a mesma convicção a Monarquia, o que levou a exilar-se voluntariamente, em França e na Bélgica ,no período compreendido entre 1911 e 1914.

Junto a um pequeno parque de estacionamento, “de costas” para a Rua dos Combatentes uma” pedra com história”.

Na próxima vez que passe pela “Casa das Freiras” dê uma olhadela.

JERO


[1] Elementos retirados do livro UM SÉCULO DE HISTÓRIA DE ALCOBAÇA 1810-1910, de MARIA ZULMIRA FURTADO MARQUES


2 comentários:

  1. Antes de mais, por eu partilhar o meu mail com a minha esposa, aparecerá "Andreia Guerreiro disse" quando deveria aparecer "Pedro disse".

    Muito obrigado pelo seu belo blog, e espero que não me leve a mal uma pequena correcção. fica aqui, então, mais informações sobre a "Capelinha das Almas":

    Não foram os herdeiros familiares (Teresa, Luís e António, que eram filhos de uma tia da D. Christina) que doaram a casa, que se chamava "Quinta do Retiro", à ordem religiosa. Dizia-se que os herdeiros queriam vender a casa. A D. Christina, para evitar que a casa "se perdesse", deixou-a em testamento à ordem de S. José de Cluny.

    O seu segundo marido, o Dr. Júlio Pereira de Matos (com vários títulos nobiliárquicos na família: Visconde de Pinto Leite, dos Olivais, etc.) recolhia os azulejos que ficavam em risco de cair e/ou de serem roubados, emoldurava-os colocando-os como decoração dentro da casa. Aquando da "venda de garagem" que as freiras fizeram "perderam-se" no espólio de alguém (que agradeceu, com certeza, o desbarato). A imagem era a da Nossa Senhora da Conceição e esse "telheiro" era uma capelinha chamada pelos moradores como "capelinha das Almas" e foi construída depois do Pai da D. Christina ter falecido; ficava acima de um lago artificial (tipo lago Koi), que deve ter sido secado (por causa das crianças, julgo) e feito então esse parque de estacionamento.

    Informações da minha Mãe, Maria Júlia Cristina Pereira da Conceição do Livramento Ramalho da Veiga Grilo (neta de João Pereira da Conceição, um dos proprietários das terras dos Campos do Valado) que viveu nessa casa de 1948 até praticamente ao falecimento da D. Maria Christina, em Julho de 1969. A minha Mãe, por falecimento de sua Mãe, foi recebida e tratada como filha de D. Christina até à morte desta última; infelizmente, por causa do meu Avô materno, nunca chegou a ser legalmente aperfilhada pela D. Christina conforme era desejo desta última.

    Muito obrigado, e um abraço.

    Pedro Veiga Grilo.

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  2. É correcto o que diz. Maria Cristina Rino, que conheci, era Madrinha de meu Pai, Fernando Amaral Gomes. Eu era na altura muito novo e recordo-a como uma senhora sorridente. Da casa apenas o hall da casa, com duas enormes armaduras.

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