quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

M - 461 CHINEL VERSUS CHANEL (nº.s. 5)

CHINEL Nº.5
Uma recente brincadeira no “facebook” fez-me recordar o que muito chinelei nos meus tempos de comissão no Norte da Guiné (Binta-Farim) já lá vão muitos anos (1964-66).
  Não há nada como ter vinte e poucos anos e ter a arte de desenrascanço que nasce connosco- portugueses - .
Quem era então mobilizado para a Guerra do Ultramar já tinha feito recruta, especialidade e vivido alguns meses de vida militar em quartéis. Nesses tempos calçavam-se “botas da tropa” que tinham que se manter impecavelmente engraxadas. Não só “intramuros” mas principalmente quando se vinha para a rua e se podia ter um “mau encontro” com uns camaradas de que ninguém gostava: os polícias militares.
Feito este introito ,comum a todos que foram para África entre 1961 e 1974, tivemos que nos adaptar a viver dois longos anos em clima tropical.
 Quem estava no “mato” não andava sempre em operações militares e no quartel (pomposo nome que se dava ,normalmente, a um conjunto de barracões circundado por arame farpado) vestia –quando não estava de serviço – uns calções e pouco mais. Neste “pouco mais” é que entrava o “chinel nº.5”…
E passadas umas semanas toda a gente chinelava “à maneira”, como sempre o tivesse feito durante toda a vida.

E o “chinel nº.5” fazia correr alguns riscos aos utilizadores, como bem alertavam os médicos e enfermeiros.
Com efeito podia-se  contrair a dracunculíase (infecção pelo Verme da Guiné) ou a elefantíase. Como, infelizmente, se podia constatar em muitos elementos da população africana.
Mas está claro que “isso” só poderia acontecer aos outros…e vá de usar o “chinel nº.5”, sendo certo que a maioria escapou a problemas de saúde.
E quanto ao verdadeiro, ao autêntico “Chanel nº. 5” quem o usaria ?
A partir daqui o que se deixa escrito é meramente especulativo. 

Se este “produto” bem cheiroso andou na guerra só poderia ter acontecido em Estados-Maiores ou…lá perto, ou seja, em cidades afastadas do “mato”, onde decorriam jantares e festas com a presença de Senhoras de Oficiais.

Sinceramente veio-me à ideia a Cilinha ( Cecília Supico Pinto)  mas se o usou bem o mereceu pois visitou no mato muitos militares.
 Aí Chanel nº. 5 “terá convivido” perfeitamente com o Chinel nº. 5 !!!
JERO (ex-chineleiro nº.5).








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