sexta-feira, 30 de março de 2012

M - 413 O RIO

O RIO

No Natal de 1550, no tempo do Abade Comendatário Cardeal D.Henrique, o Rei D.João III escreveu a Miguel Arruda, Mestre de Obras Muros e Fortalezas do Reino, sobre a necessária mudança do leito do rio para que houvesse obras de ampliação do Mosteiro para nascente.
A carta mostra alguma hesitação entre o desvio do rio ou da sua continuidade passando as águas pelo meio da obra. Obviamente que a decisão do arquiteto foi o de fazer como está hoje, desviando-se o curso das águas que viria a chamar-se Alcoa já no séc. XVIII.
Arruda já não participou desta empreitada, que será feita dezasseis anos depois.
O desvio fez-se entre 1566 e 1567, imediatamente antes da fundação da Congregação Independente de Alcobaça e durante a regência de D. Catarina de Áustria.
A fachada Filipina de Alcobaça ,coroada pela estátua do mecenas fundador do Mosteiro, D.Afonso Henriques, conclui-se em 1632 no tempo de Filipe III ,já com o rio bem domesticado.
Em 1665 é lançada a primeira pedra do edifício norte do Claustro Rachadouro, reinava D.Afonso VI, para albergar oficinas, celas, botica e capela da enfermaria.
Nos anos 70 do sec. XVII as obras deste edifício que ladeiam a Rua D.Pedro V são concluídas, ficando este último e o maior dos cinco Claustros hoje existentes, sem fechamento a nascente e a sul, daí o seu nome, Rachadouro, ou seja, abertura.
Durante o sec.XVII são construídos a Capela-Relicário, o Retábulo da morte de São Bernardo e Capela do Desterro. A Levada é reparada, o rio com o curso domado aumentará os moinhos de Chiqueda, do Mosteiro e da Fervença. Na foz do Alcoa é erguida em pedra a ponte das Barcas.
O Altar-Mor da Igreja recebe um novo sacrário de grandes dimensões. O móvel sagrado é em forma de pirâmide assentava em 6 anjos e no seu topo ostentava um pelicano. Só em 1774 será substituído pelo globo com o seu resplendor que conhecemos por fotografia.


O rio, apesar de haver notícias de grandes cheias, foi fundamental para a rega dos campos. As primeiras granjas ficavam na sua margem esquerda, entre Chiqueda, onde se construiu a primeira ponte, e Alcobaça, para a higiene das latrinas e cozinha. Para abluções e serviço da cozinha ,e enfermaria ,a sua força motriz foi usada desde a fundação e naturalmente que a sua história está ligada à cerca natural e ao trabalho dos monges barristas.
Já no sec. XVIII o Jardim do Obelisco, com o seu lago oval bordejado por quatro esculturas clássicas (hoje no Claustro do Cardeal) e as três pontes barrocas, revestidas a azulejos verdes, fizeram as delícias da Rainha D.Maria I que, com a família e Corte, passou alguns dias no Mosteiro.

Hoje este sistema hídrico está abandonado por pura negligência acumulada há vários anos pelos responsáveis.
Se isto não é uma vergonha que outro epíteto lhe devemos dar?


Rui Rasquilho

quinta-feira, 8 de março de 2012

M-412 UMA NOVA TEORIA SOBRE O CENTRO DO0 MUNDO

Uma nova teoria sobre o centro do Mundo

Como é sabido foram precisos cerca de 1400 anos para a teoria de Ptolomeu –que defendia que a terra era o centro do Universo - ser rebatida por Nicolau Copérnico, provando então que o Sol é que era o centro do dito.
Em passado recente tomei conhecimento de um texto oriundo de terras que Pedro Álvares Cabral descobriu em 1500,em que era adiantada uma nova teoria sobre o centro do Mundo.
E tudo por causa de uma enfermidade que em tempos idos já me atacou. O problema de saúde tem 11 letras e, muitas vezes, só com cirurgia se consegue remediar.
No caso brasileiro, que me serviu de inspiração ,o paciente refere que
 «…foram quase 2 horas de cirurgia e confesso não senti nadica de nada.»
Seguiram-se «… dois dias de hospital.
 Passei bem embora tenham tentado me afogar com tanto soro que me aplicaram, foram litros e litros.
Recebi alta e fui repousar em casa.»
Estamos a chegar à fase mais complicada que me fez recordar os meus tempos da vida militar em Lisboa.
Sofri dores até então desconhecidas na verdura dos meus vinte e poucos anos.
Presentes em 24 horas de cada dia.
Sim porque hemorróidas estão presentes em cada minuto, de cada hora…
durante todo o dia.
Antes de ser medicado a sério sentia que passeava comigo uma brasa, bem metida dentro do meu rabo.
 Quem já passou “por elas” sabe que não há exagero na descrição.
Voltando à descrição do camarada brasileiro, e tendo em atenção o novo acordo ortográfico, rabo passa a ser “cu”.
«…Passados os efeitos anestésicos e analgésicos, vem a primeira vez a dor. Parece que você ta expelindo um croquete de figo da Índia, casca de abacaxi, concha de ostra e arame farpado. É um auto-flagelo.
Obrei de pé, pois sentado achei que o cú ia junto...
Por uns três dias dói tanto que você não imagina uma coisinha tão pequena e com um nome tão reduzido (cú) possa doer tanto. »
E continua a descrição colorida do nosso amigo de além-mar:-
«Passam-me pela cabeça soluções mágicas:
- Usar um ventilador! Só se for daqueles túneis aerodinâmicos.
- Gelo! Só se eu fosse escorregar pelado por uma encosta do Monte Everest.
Para melhorar as idas à privada, recomendaram-me dieta na base de fibras.E foi o que fiz: comi cinco vassouras piaçaba, um tapete de sisal e sete metros de corda. Agora sei o sentido daquela frase: quem tem medo de cagar não come!»
E o camarada da doença “hemorrodoica” termina afirmando:
«…Tudo valeu, agora já estou bem, obrando com manda o figurino, o cú ficou afinado em ré menor, uma beleza!
O grande problema é que usei Modess por 20 dias após a cirurgia e hoje estou sentindo falta dele!»
Obviamente quem chegou até aqui já percebeu onde é que o nosso amigo brasileiro considerava ser o centro do Mundo… após a operação a que foi submetido.
É uma teoria como outra qualquer que eu só em parte partilho…
Pela “partilha” luso-brasileira
JERO