segunda-feira, 12 de julho de 2010

M 276 - SENTIMENTOS / PARTE UM

NA GUERRA E NA PAZ…ATÉ AO FIM…

Álvaro e Francisco foram em vida irmãos.
Ambos já faleceram e estão sepultados na terra da sua naturalidade. Faleceram em tempos diferentes e, por motivos diferentes, também muito longe de Vila Nova de Famalicão. O Álvaro em Binta, no norte da Guiné e o Francisco no Hospital de Cochin, em França.
Estão sepultados no Cemitério da Antas S. Tiago, numa nas entradas de Famalicão.


O Álvaro morreu na Guerra do Ultramar. Morto em combate em 28 de Dezembro de 1964 na “quadrícula” da sua Companhia na região de Caurbá, a poucos Kms. do aquartelamento de Binta, Norte da Guiné.
Nessa altura eu estava por perto pois pertencíamos à mesma “família”. A Companhia de Caçadores 675, então no mato desde Julho de 1964.Ele regressou à sua terra natal para ser sepultado nos primeiros dias de Dezembro de 1965.
Passaram desde essa data fatídica cerca de quarentas e cinco anos.


Na minha memória ,e ao longo de toda uma vida , o Álvaro continuou – continua – a ser o meu “irmão” dilecto dos tempos da guerra.
O seu irmão Francisco, que conheci fugazmente muitos anos depois da morte do Álvaro, num encontro casual no Hotel D.Carlos, em Lisboa, faleceu agora, com 69 anos, em 1 de Julho corrente no Hospital de Cochin, em París.
Estive presente no seu funeral , na terra da sua naturalidade, em 8 de Julho de 2010.
Estive no seu funeral por diversas ordens de razões. Em preito à sua memória, em homenagem à família Vilhena Mesquita e em nome da minha C.Caç. 675, onde militou o seu e meu “irmão” Álvaro
Eu e o ex-Alferes Belmiro Tavares ,honrando a divisa da “675”«Nunca Cederá», estivemos presentes. Primeiro na guerra. Depois na vida e, sempre que possível, na hora da morte. Porque o sentimento fraterno que nos uniu na Guiné nos continua a unir e…nunca cederá.
Antes e depois das cerimónias religiosas do funeral de Francisco Manuel Vilhena Mesquita senti-me na obrigação de dizer a alguns dos seus familiares porque estava naquele dia em Vila Nova de Famalicão.
Disse-lhes que, com o devido respeito, estava ali “em nome” do Álvaro.


Na Igreja Matriz (Velha) de Famalicão soube pela Maria Teresa Vilhena Mesquita que tinha sido exactamente naquele local que tinha estado a urna do meu “irmão” Álvaro quando veio da Guiné. Em princípios de Janeiro de 1965.


Quarenta e cinco anos depois sentia-me “presente” no funeral do meu eterno amigo Álvaro Manuel , o primeiro do ramo desta família dos Vilhena Mesquita que a morte levou. Na flor da vida…com 22 anos de idade.
Quando em Maio de 1966 terminámos a comissão na Guiné o ex-Alferes Tavares e o ex-Furriel Oliveira tínhamos vindo a Famalicão para visitar a campa do Álvaro e conhecer os seus pais e irmãos.
Na tarde de 8 de Julho de 2010, durante o funeral do Francisco, olhei vezes sem conta a campa do Álvaro, situada a uns curtos 40 metros do jazigo da Família Mesquita
O Álvaro e o Francisco continuam na morte próximos ...
Sei que o Francisco me vai perdoar por nessa tarde de Julho ter estado tanto tempo com o Álvaro.

Até um dia Amigos.


JERO

1 comentário:

  1. Amigo Jero.
    Já vi que tens pouco tempo para "administrares" o teu blog, mas teimosamente cá te vou debitando umas coisas.
    Neste post sobre os Vilhenas Mesquitas, chamou-me atenção porque curiosamente troco correspondência com um irmão do Francisco e Álvaro, que vive em Faro e é Professor na Universidade.
    Se calhar até o conheces, é o José.
    Assim que vi o teu post, enviei-lhe um mail a contar-lhe do teu blog, que eu sei ele já ter visitado.
    Curioso esta coincidência, não é?!
    Não sei se já te disse...o Mundo é pequeno, mas além disso é...redondo!
    E andes por onde andares voltas...sempre ao local de partida e...encontrarás sempre...o que procuras.
    Um abraço.
    Hélio Matias

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