sexta-feira, 18 de junho de 2010

M 264 -FIGURAS ALCOBACENSES



José Emílio Raposo de Magalhães (1883-1974)


Nasce em Alcobaça a 14 de Julho de 1883. É filho de José Eduardo Raposo de Magalhães e de Maria Virgínia de Carvalho Remígio.


A sua actividade abrange a lavoura e a pecuária, a indústria vidreira, de conservas de frutas e peixe, de curtumes, resineira, o sector comercial e bancário. Na esteira do seu pai, abraça a ideologia republicana, integrando a comissão Municipal do PRP, entre 1909 e 1911, exerce ainda funções como vereador no executivo camarário em 1909 e 1919.


Estabelece, em 1922, uma sociedade por quotas com os seus irmãos com o capital de 500 contos, denominada "José Emílio Raposo de Magalhães, Lda.", sociedade que tem como finalidade a exploração das terras da antiga Cerca de Fora do Mosteiro, "assim como outras propriedades que obtenha por compra, arrendamento ou emprazamento e o preparo e venda de géneros agrícolas nelas produzidos". Perpetuou a exploração das vinhas, produção e comercialização de vinhos, onde José Eduardo Raposo de Magalhães se tinha notabilizado, lançando no mercado a célebre aguardente de marca JEM. Associado ao sector agro-pecuário, integra o conselho fiscal da "Caixa de Seguro Mútuo Pecuário de Alcobaça", mútua constituída a 14 de Outubro de 1919, é fundador da "Cooperativa de Consumo da Região Agrícola de Alcobaça" e assume os cargos de Presidente da Direcção do "Sindicato Agrícola de Alcobaça" (constituído em 7 de Junho de 1911) e de Presidente do Conselho Geral do "Grémio da Lavoura". Pertenceu ainda à comissão que organizou o 2º Congresso de Nacional de Pomologia em Alcobaça no ano de 1926.


A sua actividade comercial e o dinamismo pessoal faz com que o elejam Presidente da "Associação Comercial e Industrial de Alcobaça" (cuja sede é adquirida a 21 Maio de 1926), participa também como sócio, no ano 1927, da "Empresa Camiões de Alcobaça", sociedade fundada em 29 de Julho de 1921.


A indústria concentra os seus principais afazeres. Em 1917, entra na firma "Carlos Campeão Lda." Esta empresa, fundada em 1915, transforma-se numa sociedade por quotas com o capital social de 5.100$00. O valor das quotas dos sócios Carlos Pereira Campeão e Elias de Matos Branco são representados por máquinas, utensílios, móveis, frascos, marcas registadas e produtos manufacturados, entrando o sócio José Emílio Raposo de Magalhães com o capital de 1.700$00. A 26 de Junho de 1931 esta sociedade deu origem à "Alimentícia Lda.", firma que se dedica a fabricar farinhas lácteas, conservas e compotas de frutas, entre outros artigos. Funda, a 2 de Maio de 1938, com João Oliva Monteiro, entre outros, a "Sociedade de Conservas Aldite, Lda.", empresa de conservas de peixe, com sede em Alcobaça e estabelecimento industrial em Lagos. Torna-se, igualmente, sócio, a 25 Fevereiro 1920, da "Empresa de Curtumes de Alcobaça", sociedade constituída em 29 Setembro 1916 e é um dos membros constituintes da "Resinagem Nacional, Lda.", sociedade fundada a 22 de Abril 1936, que tem a sede em Alcobaça e o capital social de 500 contos.


Mas é a indústria vidreira que reclama mais a sua atenção. Adquire sociedade na "Vicris" – Sociedade de Vidros e Cristais da Marinha Grande, a 11Outubro de 1934. A "Magalhães & Companhia Lda." que possui a Fábrica de Vidros – Marquês de Pombal – na Marinha Grande, arrenda-a à Vicris e o mesmo sucede com a fábrica Lusitana (antiga Sociedade Vidreira Lusitana, fundada a 17 de Outubro de 1934). Possui ainda sociedade no "Centro Vidreiro do Norte de Portugal" (1936), empresa sedeada em Oliveira de Azeméis. Em 1944, na companhia de João Oliva Monteiro, Joaquim Augusto Carvalho e outros, funda a "Crisal".


A actividade bancária inicia-se com a aquisição da casa bancária de António do Couto e Silva que, no ano de 1942, tomou a designação de Banco Raposo de Magalhães.


Nota: Esta série biográfica é, em parte, devedora da obra Figuras de Alcobaça e sua Região de Bernardo Villa Nova.




António Valério Maduro







2 comentários:

  1. Lembro-me bem deste grande homem ser muito falado em minha casa.

    E lembro-me também de uma óptima aguardente com um rótulo JEM, oriunda desta família e oferecida ao meu pai.

    Não sei se não tenho ainda uma garrafa!!!

    Enfim, fraca coisa para se dizer de tão grande alcobacense, mas são as minhas memórias.

    Um abraço

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  2. CARO JOAQUIM
    É perfeitamente natural a "memória" que referes da JEM. Bem gostaria de te oferecer uma dessas garrafas mas são hoje em Alcobaça autênticas preciosidades.
    Um abraço fraterno do
    JERO

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