segunda-feira, 30 de agosto de 2010

M 291 - JOGOS DE FUTEBOL ÚNICOS...

UMA FOTOGRAFIA COM HISTÓRIA


A MALTA DO CABEÇO EM 1975…

Jogadores em Campo? Muitos…Mais de 40! Arrisco até que são 43!
Os jogos do Cabeço – num campo pelado que tinha erva por todo o lado e que se situava na saída de Alcobaça a caminho do Casal Pereiro…tinham regras únicas. Jogava toda a malta .Dez contra dez, quinze contra quinze, vinte contra vinte ou mais. Mesmo com o jogo a decorrer quem chegava ao Cabeço…jogava.
O jogo iniciava depois de uma “primeira” escolha com a malta ainda toda de camisola. Quem sofria o primeiro golo tirava a camisola e passava a jogar de tronco nu… Na fotografia que ilustra o texto há situações de pais e filhos, que era mais uma singularidade destes jogos especiais que duravam toda a manhã. Começavam às 9.00 e acabavam …quando não restava mais ninguém em campo.
Gente conhecida há muita.Desconhecida também...
De pé, da esquerda para a direita, um que não conhecemos.Depois o Calisto, o JERO,N.N.,N,N, Rainho(já falecido), o Palma Rodrigues(sempre a guarda redes) e, entre conhecidos e outros de que não recordamos o nome, o João Manuel, o Basílio Martins(com longas barbas), o Dr.José Pedrosa(que era “bom de bola”) e gente mais nova.
De cócoras e sentados o Ramiro(que em dias bons conseguia acertar mesmo na bola), o António Eduardo, o Pisão (já falecido), o Juvenal Amado(dono da fotografia), diversos “Bibis”, o Nabais e o Diamantino (de barbas),o Pacheco e mais outros.
Quase completamente deitados o Carlos Helder (que foi campeão de salto à vara) e o Teopisto.


Falta nesta fotografia um dos mais célebres jogadores de todos os tempos do Cabeço, que foi o António Gerardo, mais conhecido pelo “Cuco”.Jogava a ponta de lança “fixo” em cima da linha de golo da baliza dos “outros”.Marcava que se fartava…

A arbitragem era de cariz popular e feita sem grandes interrupções. Não havia foras de jogo.

A malta estava lá para jogar a bola.

Que grandes tempos…

JERO

Em tempo:- Quem souber mais nomes dos N.N. (desconhecidos) diga coisas nos “comentários”.

sábado, 28 de agosto de 2010

M 290 - UM ANO DE BLOGGER

50 different countries have visited this site.

50 PAISES DIFERENTES VISITARAM ESTE SÍTIO...

Está a fazer um ano que o meu amigo Eduardo José Magalhães Ribeiro,do Porto, me meteu nesta maluqueira. Aconteceu em Agosto de 2009. Se em Julho desse ano me tivessem dito que iria ter um blog eu diria ao meu interlocutor que«...és maluco!».
Pois era...mas agora, um ano depois, até sonho com isto...E recuso-me a mudar. Quem me havia de dizer que aos 70 anos havia -há - tanto mundo novo para descobrir !!!
Portanto...para memória futura...segue a referência dos visitantes de 50 Países que por aqui passaram.

No que me diz respeito vou tentar continuar melhorando a qualidade das postagens.Mais valem poucas e boas do que muitas e...fraquinhas!
Até breve e..até sempre.
JERO

1. Portugal
6,560 August 25, 2010
2. Brazil
1,504 August 25, 2010
3. United States
145 August 24, 2010
State Unique Visitors Last New Visitor
3.1. California 47 August 24, 2010
3.2. Massachusetts 4 August 12, 2010
3.3. Pennsylvania 2 June 17, 2010
3.4. New Jersey 2 June 28, 2010
3.5. Connecticut 1 May 7, 2010
3.6. District of Columbia 1 May 8, 2010
3.7. North Carolina 1 June 23, 2010
3.8. Kentucky 1 June 26, 2010
3.9. Missouri 1 July 24, 2010
4. France
68 August 24, 20105
5-Germany
3 August 6, 2010
6. Spain
37 August 22, 2010
7. United Kingdom
27 August 21, 2010
8. Switzerland
27 August 12, 2010
9. Canada
24 August 24, 2010
Province/Territory Unique Visitors Last New Visitor
9.1. Ontario 5 August 24, 2010
9.2. Quebec 4 August 16, 2010
9.3. Alberta 2 July 4, 2010
10. Angola
14 July 10, 2010
11. Netherlands
13 July 16, 2010
12. Unknown - European Union 13 July 12, 2010
13. Belgium
13 June 30, 2010
14. Russian Federation
12 July 22, 2010
15. Italy
8 August 4, 2010
16. Hungary
7 August 24, 2010
17. India
7 July 15, 2010
18. Israel
7 July 9, 2010
19. Finland
5 August 3, 2010
20. Mozambique
5 July 25, 2010
21. Sweden
5 July 22, 2010
22. Luxembourg
5 July 21, 2010
23. Macao
4 July 26, 2010
24. Cape Verde
4 June 6, 2010
25. Australia
3 June 22, 2010
26. South Africa
3 June 21, 2010
27. Venezuela
3 June 13, 2010
28. Mexico
3 June 9, 2010
29. Senegal
3 May 31, 2010
30. Romania
3 February 18, 2010
31. Norway
3 November 4, 2009
32. Japan
2 July 15, 2010
33. Peru
2 June 16, 2010
34. Slovakia
2 June 12, 2010
35. New Zealand
2 May 30, 2010
36. Poland
2 May 27, 2010
37. Czech Republic
2 May 11, 2010
38. Chile
2 October 24, 2009
39. Bulgaria
1 June 23, 2010
40. Haiti
1 June 14, 2010
41. Panama
1 June 7, 2010
42. Algeria
1 June 2, 2010
43. Latvia
1 April 9, 2010
44. Denmark
1 March 30, 2010
45. Colombia
1 March 12, 2010
46. Costa Rica
1 February 8, 2010
47. Lithuania
1 February 4, 2010
48. Austria
1 January 22, 2010
49. Ukraine
1 November 27, 2009
50. Malta
1 November 17, 2009

Conclusão(óbvia): Muita MALTA, mesmo muita... visita este sítio!










quarta-feira, 25 de agosto de 2010

M 289 - REGRESSO AO PASSADO EM SÃO MARTINHO DO PORTO


Regresso ao passado em de São Martinho do Porto …

Absolutamente por acaso estive em passado recente – 21 de Agosto - na Casa de férias da família Scharwz da Silva .
A meio da tarde desse dia 21 o Luís Graça , a quem me une uma amizade muito especial por termos sido ex-combatentes da Guiné, telefonou-me por se ter lembrado que eu poderia estar de férias em São Martinho.E acertou.
O Luís é o coordenador de um blogues mais visitadas de Portugal. O seu blogue (Luís Graça e Camaradas da Guiné) teve até ao dia de hoje (25.Agosto.2010) 1.955.885 páginas visitadas!
Estava em São Martinho do Porto com a sua mulher Alice e com diversos amigos ligados à Guiné. Com a Júlia Neto viúva do nosso campanheiro Zé Neto (1929-2007), com uma delegação da Tabanca de Matosinhos (Zé Teixeira, António Pimentel e Xico Allen), com Manuel Reis (coordenador da Campanha Angariação de Fundos para a Reconstrução da Capela de Guileje).
Telefonou-me e ao grupo juntou-se o JERO.
Mais tarde – e continuo a aproveitar a postagem 6882 do Luís Graça no seu blog – apareceu o Teco, acompanhado da esposa .O Teco, natural de Angola, de seu nome Alberto Pires, foi Furriel Milº. na CCAÇ 726, a primeira subunidade a ocupar Guileje em 1964)...
Do lado dos donos da casa , estava a matriarca, Clara Schwarz, a nossa 'tabanqueira' com a bonita idade de 95 anos, o seu filho Carlos (Pepito), a esposa, Isabel Levy Ribeiro, e a mãe desta... A Isabel ofereceu-nos uma deliciosa cachupa...
O Pepito estava à espera de um batalhão, ficou decepcionado ao ver apenas meia dúzia de gatos pingados... que o JERO e o Teco reforçaram já a meio da tarde
Continua o Luís Graça em relação a Clara Schwarz «…Que o diga o JERO, que esteve com ela a lembrar coisas da década de 40, quando Alcobaça (e o resto de Portugal) receberam jovens refugiados austríacos...».
Aqui entro eu.
Para meu espanto a Dª.Clara e o seu marido, o advogado Artur Augusto Silva, tinham residido em Alcobaça na década de 1940, antes do casal partir para a Guiné em 1949. Mais exactamente entre 1945 e 1949. A Dª. Clara Schwartz tentou-me explicar onde então moravam em Alcobaça mas não deu para entender.
Mas lembrava-se de muita coisa desses velhos tempos ...
Tinham sido amigos pessoais e visitas de casa do Pintor Luciano Santos, de quem fiquei de lhe arranjar um catálogo. Já o encontrei entretanto (é de 1993) e cabe aqui deixar uma pequena nota para recordar quem foi este extraordinário pintor , alcobacense por casamento.
«Luciano Pereira dos Santos nasceu em Setúbal, a 25 de Março de 1911.
Faleceu em Lisboa com 95 anos em 12 de Dezembro de 2006.
Num texto escrito há mais de 50 anos, António Ferro, Director do Secretariado Nacional de Informação (SNI) pode ler-se sobre o pintor setubalense:
“Há pintores que são modernos (moderno, para mim, significa a verdade que parece mentira…) por simples temperamento; alguns por fria razão intelectual; outros por moda ou snobismo; outros ainda por deficiência de recursos técnicos que não conseguem mascarar com o seu falso vanguardismo; certos, finalmente (às vezes nem sabem nem querem saber que são modernos), por motivos de ordem poética, porque os seres e as coisas, para eles, têm sempre um halo que as transfigura…Luciano pertence, a meu ver, a esta última categoria de pintores.”
Depois saltámos… para advogados do tempo do seu marido Artur Augusto Silva.
Recordava-se do Dr. Pinna Cabral e de uma paixão complicada de uma sua familiar próxima ,que muito agitou a sociedade do seu tempo na então pacata vila de Alcobaça.
Já entretanto o Luís Graça me tinha contado da sua ascendência judia-polaca e da perda de muitos familiares em campos de concentração nazis.
Saiu de Portugal em finais de 1949 devido a perseguições políticas que o seu marido foi alvo por ter defendido alguns prisioneiros do Tarrafal.
Confirmámos na net (Irene Pimentel/alguns dados sobre o campo de concentração do Tarrafal) que «…terminada a guerra com a derrota dos nazi-fascistas e o desmantelamento dos campos de concentração e de extermínio nazis, descobertos pela opinião pública, e sob o efeito de fortes pressões internacionais, o governo (português) promulgou uma amnistia, que levou à libertação de 110 presos no Tarrafal, onde permaneceram cerca de 52 detidos políticos, entre os quais se contavam os ex-marinheiros da Revolta de 1936.»
Clara Schwarz tem do seu casamento e dos 25 anos que passou na Guiné as melhores recordações. Em Bissau, a Dra. Clara foi professora no Liceu Honório Barreto.
Mas voltando um bocadinho atrás e ao início da nossa conversa em que recordámos acontecimentos da década de 40, para recupera a sua memória sobre os jovens refugiados austríacos que Alcobaça (e o resto de Portugal) então receberam .
Mal a dona da “Casa do Cruzeiro” referiu os miúdos austríacos lembrei-me (com emoção) do Hans e do Helmutt com quem tinha brincado numa casa da família Raposo Magalhães, que ficava na esquina da Rua Vasco da Gama com a Rua Afonso de Albuquerque, onde moravam os meus pais e avós.”Vi” à distância no tempo dois miúdos altos, que usavam calções compridos.
Clara Schwarz, que fala alemão descreveu-me ainda uma menina confiada a uma família dos arredores de Alcobaça (Vestiaria???) ,que vivia com muitas dificuldades devido aos fracos recursos da sua família de acolhimento. Essa menina – de que eu não me recordo – veio mais tarde a ser confiada à família de um médico de Alcobaça – Dr.Nascimento e Sousa.
Para complementar esta memória do passado recuperámos parcialmente um texto de FERNANDO MADAÍL (17 Maio 2008)
«Em 1950, centenas de órfãos que viviam em campos de refugiados na Áustria vinham passar mais uma temporada a Portugal. Aquelas crianças austríacas tinham um "aspecto miserável" e a "saúde abalada". Até parecia que em Portugal não havia imensos miúdos pobres nas mesmas condições
"Mais uma revoada de crianças estrangeiras, vítimas inocentes da guerra, chegaram ontem ao Tejo, no [barco] Mouzinho, para serem confiadas à protecção e carinho de famílias portuguesas", noticiava o DN de 3 de Maio de 1950. "São 278 meninas e 894 rapazes, de 5 a 13 anos, com os quais se completa o número de 5 500 crianças que, por turnos, durante três anos e meio, vieram gozar férias no nosso país por iniciativa da Cáritas (...)."
Estão passados cerca de sessenta anos…
Para não alongar mais esta” memória” salientamos a extraordinária lucidez, cultura e sensibilidade da nossa anfitriã
Clara Schwarz... 95 anos, uma vida, uma memória espantosa...– que o Luís Graça quer homenagear (e muito bem) quando completar os seus 100 anos em 2015!
Até lá… muita saúde e o nosso agradecimento pela inesquecível tarde de 21 de Agosto de 2010, um dos melhores momentos que vivi nas férias de Agosto deste ano.
JERO





sexta-feira, 13 de agosto de 2010

M 288-GRANDE MANIFESTAÇÃO DE PESAR NO FUNERAL DO SUBCHEFE JOÃO POMBO

ALCOBAÇA DIGNIFICOU-SE HONRANDO OS SEUS BOMBEIROS


Alcobaça inteira associou-se ao luto dos seus Bombeiros e esteve presente no funeral do abnegado soldado da paz João Pombo. Centenas de pessoas estiveram na missa de corpo presente celebrada no Mosteiro de Alcobaça a meio da manhã de 11 de Agosto. O Padre Carlos Jorge Vicente interpretou na sua homilia a dor dos nossos Bombeiros e a grande dignidade com que desempenham a sua abnegada missão, sacrificando muitas vezes a sua própria vida em prol do interesse da comunidade.
A Nave Central do nosso grandioso Mosteiro esteve cheia de bombeiros, irmãos no luto de todos os alcobacenses que quiseram despedir-se do João Pombo.
A salva de palmas com que no final da cerimónia religiosa foi saudada a memória do subchefe João Vitor Pombo da Silva Domingos foi um gestos mais bonitos e comoventes que tivemos oportunidade de assistir na nossa vida. .”Morreu abraçado à causa que jurou” foi a frase final da emocionada e sentida saudação de José Manuel Moura, comandante distrital de operações de socorro de Leiria.
Estivemos perto de muitos bombeiros que com os seus guiões acompanharam a saída da urna do João Pombo no final da Missa. Muitos não conseguiam deixar de chorar. Apeteceu-nos tocar-lhes e dizer –lhes que todos nós estávamos com eles.
Organizado o cortejo fúnebre a caminho do Cemitério de Alcobaça foi impressionante ver o mar de gente que acompanhou o João Pombo e os seus. Mulher, filhos, irmãos, sobrinhos e bombeiros. De Alcobaça e de Portugal.
Nunca vimos em Alcobaça manifestação de pesar como naquele dia 11 de Agosto.
As pessoas juntavam-se nos passeios, amontoavam-se nas janelas e varandas das suas casas para bater palmas e acenar com lenços. Os “gemidos” da sirene do quartel dos Bombeiros atravessavam os ares, dando voz e tom à dor dos que acompanhavam à ultima morada o João Pombo.
Gente anónima e gente importante. Muitas figuras públicas quiseram estar presentes : Ministro da Administração Interna , Secretário de Estado da Protecção Civil, Governadores Civis, Presidentes de Câmara e Responsáveis Nacionais da Liga dos Bombeiros
Presenças que foram importantes e significativas para os nossos Bombeiros e para a comunidade alcobacense.
Alcobaça dignificou-se honrando de maneira exemplar a memória de João Pombo , que foi o primeiro bombeiro a morrer em serviço em 122 anos de história da Associação de Bombeiros Voluntários de Alcobaça.
A comunidade alcobacense contraiu com os seus Bombeiros uma enorme dívida de gratidão. Atrevemo-nos a dizer uma dívida de gratidão eterna.


ALCOBAÇA ESTÁ E ESTARÁ SEMPRE COM OS SEUS BOMBEIROS.

JERO

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

M 287 - JOÃO POMBO - PARA SEMPRE RECORDAR


In memoriam

João Vitor Pombo da Silva Domingos
(27.Fevereiro.1968 / 9.Agosto.2010)


Carta Aberta a seus Filhos André e Bernardo
Este mês de Agosto de 2010 vai marcar as vossas vidas …para toda a vida…
Para a maioria das famílias Agosto é o mês de férias por excelência.
Para a “Família” dos Bombeiros Agosto é mês de fogos, de sobressaltos, de angústias, de lutas infernais contra as chamas que consomem matas, florestas e ameaçam bens e haveres de aldeias isoladas onde vivem gentes que vivem dos trabalhos dos seus campos.
O vosso Pai, com apenas 42 anos de idade, foi vítima de um desses combates desiguais contra um inferno de chamas, que durante vários dias se abateu sobre São Pedro do Sul.
Será mais um nome – São Pedro do Sul – que vos ficará marcado na vossa memória.
Vão naturalmente recordar o vosso Pai com muita saudade, mas também com um sentimento de grande orgulho que, com o tempo – assim o pensamos sinceramente – atenuará o enorme sentimento de perda que agora vos assola e vos acompanhará por muito tempo.
«O subchefe Pombo estava ao comando, entre duas linhas de fogo, quando o autotanque se despistou e capotou.»
Era sabido que uma das missões que o vosso Pai mais gostava de desempenhar era combater incêndios.
Dedicou metade da sua vida aos Bombeiros de Alcobaça. Que não mais o vão esquecer.
O Vosso Pai – a memória e o exemplo do Vosso Pai – vai continuar presente no seu Quartel de Alcobaça.
Caro André
Com os teus 18 anos cabe-te agora a difícil missão de representares o “Subchefe João Pombo” em casa e no quartel.
Tens que acompanhar o crescimento do Bernardo, agora com 9 anos, e ajudar – e apoiar o mais possível – a tua Mãe.
Sei que o vais fazer e bem.
E as gentes de Alcobaça têm para contigo e para com a tua Família – e também para com a grande Família dos Bombeiros de Alcobaça – uma grande dívida de gratidão.
E Alcobaça vai honrar essa dívida de gratidão.
Na parte que nos cabe fica aqui a expressão desse agradecimento e a palavra de que podes contar comigo. Incondicionalmente.
Um abraço fraterno do
JERO.


Em tempo:-


Há coisas que acontecem só uma vez na vida. A minha mulher foi Professora do Teu Pai.Teve sempre por Ele um sentimento muito especial. Estava por perto quando a tua Mãe expressou o desejo de colocar um terço nas mãos do Teu Pai. Pois foi o terço da sua Professora que o Subchefe João Pombo levou nas suas mãos…







sábado, 7 de agosto de 2010

M 286-OS MONGES CISTERCIENSES E AS FRUTAS DE ALCOBAÇA


Património Cisterciense – As Frutas de Alcobaça

Os monges cistercienses acarinharam a fruticultura. O profundo amor com que tratavam os seus pomares de laranjeiras doces e pessegueiros explica que para os designarem utilizassem a singela expressão de “jardim”, numa clara alusão ao paraíso celestial. A exploração agrícola das Granjas monásticas reservava um espaço para as árvores de fruto. Mesmo nas granjas de solos mais inóspitos, privados de águas de nascente e cravejados de pedra, as fruteiras marcavam posição.
A diversidade de árvores frutíferas repartia-se entre os pomares de espinho, caroço e pevide. Na resposta à questão sobre qual a qualidade dos pomares e a diversidade das árvores de fruta, Frei Manuel de Figueiredo testemunha-nos a sua inusitada riqueza: “Os Pomares constão de frutas chamadas de caroços principiando pelas primeiras frutas de cereijas, ginjas, alvoricoques, damascos [os “ovos do sol” dos Persas], athe as maçans, e peros de Inverno [frutas de pevide] que são mais raras, ainda que crião arvores de bastante corpo [e nos de espinho] laranjeiras doces, e agras, limeiras, cidreiras, limoeiros que dão limoens grandes e gallegos”.
Outros autores pronunciam-se sobre as fruteiras de Alcobaça. D. António Macedo fala do renome que conquistaram as laranjas de Alcobaça e as melancias de Pataias. Também João Maria Baptista, narra que chega “a todo o reino a fama dos bellos peros e camoezas e que os seus delicados pecegos egualmente merecem”.
Segundo Beckford no seu diário de viagem “Alcobaça e Batalha”, as primeiras laranjeiras da China que tinham vindo para Portugal foram plantadas no claustro de D. Dinis. O cultivo dos citrinos floresceu nas terras de Alcobaça. No relatório da Sociedade Agrícola do distrito de Leiria (1856) menciona-se que os pomares de espinho apenas existem nos concelhos de Alcobaça, Caldas da Rainha e no lugar da Barreira (Leiria) e que as espécies cultivadas são as laranjas da China, o limão acre e doce, a cidra, a lima, a laranja lima e a tangerina. Fazendo fé nas declarações de produção dos concelhos que integram o distrito de Leiria, no ano de 1865 Alcobaça contribuiu com 99% dos citrinos. A colheita da laranja ultrapassou os 806 milheiros e a dos limões alcançou os 50 milheiros.
Quanto às pereiras, J. B. de Castro informa-nos sobre as castas e designações populares. Temos então as “de rei, de conde, bergamotas, bojardas, carvalhaes, conforto, flamengas, gervasias, codornos, engonxo, S. Bento, bom cristão, virgulozas, lambe-lhe os dedos (…) ”. Iria Gonçalves recupera diversas qualidades de peros, nomeadamente os de Santiago, brancos, marmelares, e as maçãs baionesas, que pela sua excelência os monges elegiam nos foros.
As fontes do século XVIII dão conta da maçã leirioa (nomeadamente nas terras da Vestiaria), das deliciosas e aromáticas camoesas. Já o Relatório da Sociedade Agrícola do distrito de Leiria, que atribui ao concelho de Alcobaça o domínio incontestado dos pomares de pevide, ao pronunciar-se sobre as qualidades das maçãs, refere que nas temporãs “cultiva-se a leiriôa, a cerigal e outras. Das serôdias temos a olandeza, páu preto, bemposta, raineta, parda e vermelha.
O comércio dos frutos constituía uma mais-valia económica das terras de Alcobaça. A expedição dos frutos era feita por contratadores tendo como destinos preferenciais os mercados de Lisboa e das comarcas vizinhas. As frutas eram despachadas através da barra de S. Martinho. A importância deste porto na exportação das frutas explica que os afamados peros recebessem a designação do cais de embarque. Segundo J. Vieira Natividade, só no ano de 1854 foram exportadas 251 carradas de fruta verde (maçãs). Enquanto as laranjas e os limões tinham como destino a Inglaterra e o Brasil, as maçãs eram conduzidas para o Algarve e norte de África. Os concelhos vizinhos de Caldas da Rainha e Nazaré absorviam parte da produção, embora também se fornecessem os mercados de Lisboa, Santarém e Vila Franca.
A indústria da seca de frutos foi também bastante desenvolvida no território dos coutos, ganhando notoriedade os ramais de maçãs camoesas, as peras aparadas, as passas de ameixa. Entre as peras passavam-se as variedades almíscar, carvalhal, calvário e pé curto, nas ameixas destacam-se as caragoçanas, a branca de passar, a doçarina, a rainha-cláudia. Nos pêssegos a variedade molar. Também as uvas se penduram no barrotado da frutaria e os figos se dispõem nos balaios ao sol.
Eram populares os ramais de maçãs que se transaccionavam nas feiras e mercados da região e se exportavam para Santarém e Vila Franca. Estes frutos mirrados e doces eram ofertados às crianças pelo pão por Deus e serviam de mimo para os velhos e doentes.


António Valério Maduro

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

M 285- QUINTA DAS FREIRAS ...entre Chiqueda e a cidade de Alcobaça

Respigámos(*) da edição de 29 de Julho de O ALCOA

PARQUE DOS MONGES

Da Quinta das Freiras de Cós até ao parque temático dos nossos dias.
Foi Bernardo Pereira de Sousa, que adquiriu nacionalidade portuguesa em 1836 (casado com Francisca Jacinta Pereira, filha de João Pereira Gomes, homem de avultada fazenda em terras do Maranhão-Brasil) que deteve, por título de compra e herança, entre outras propriedades e meios de produção outrora afectos ao Mosteiro de Alcobaça, a Quinta das Freiras de Cós (Chiqueda).
Recuando ainda mais no tempo é possível saber que a outrora denominada "Quinta das Freiras", pertenceu à Ordem de Cister desde o século XII até ao século XIX.
Julga-se que era nesta Quinta que se produzia a maioria dos alimentos que sustentavam o Convento de Cós, situado a 10 km de Alcobaça e onde residiam as freiras.
É pois neste terreno com história - ali também se instalou a primeira comunidade dos Monges de Cister, onde permaneceram durante 22 anos para preparem a construção do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça e mais tarde as tropas montaram o acampamento para festejar a vitória na Batalha de Aljubarrota  -  com cerca de nove hectares, que vai renascer nas margens do Rio Alcoa um espaço de animação turística, de cultura e lazer designado por Parque dos Monges.
Projecto que nasceu há doze anos e que obrigou a limpar o terreno e a remover os drenos existentes, reconstituindo o paúl e plano de água existente na época dos monges de Cister.
Na fase actual está alcançada a valorização paisagística e biofísica e a integração de uma zona húmida (lago) já existente, associada à criação de matas e galerias ripícolas com espécies tradicionais na paisagem vegetal local.
E o Parque, vai estar “aberto” não só aos visitantes e utentes do empreendimento mas também para a população da região, podendo ser usufruído em percursos pedonais, de bicicleta e também como circuitos de manutenção.
É tempo de referir que fizemos em passado recente uma visita ao Parque dos Monges, tendo como cicerone Alexandre Alves, um dos homens fortes do empreendimento.
A visita demorou uma tarde e deu para perceber como será fácil passar um dia inteiro neste local paradisíaco, pois as diversas “ofertas” parecem nunca mais acabar.
Saltando um pouco o percurso “natural” do visitante, que deverá começará pela Recepção, nós fomos na parte inicial da nossa visita guiada até ao final do lago e “descobrimos” um “pedaço” do Rio Alcoa de margens luxuriantes e com águas límpidas….A nossa surpresa foi complementada com a constatação de que “neste” Rio Alcoa até existem peixes e patos. Estes últimos são originários do lago do Parque que, para “espairecer”, vão de vez em quando até ao rio. Para nosso espanto fomos informados que de vez em quando também aparecem por ali lontras que, “sem pagar bilhete”, vêm consumir algumas das espécies de peixes raras que o lago acolhe.
Depois …há espaços arborizados onde podem ser feitas refeições aligeiradas pela gente mais nova e…não só. O empresário esclareceu, contudo, que o investimento não se esgota na promoção do ambiente, estando igualmente centrado na área de animação turística e cultural, sobretudo na presença da Ordem de Cister em Alcobaça.
Estão a ser recuperadas e adaptadas aos fins em vista habitações e respectivos anexos que complementam a oferta de ar livre que o centro vai proporcionar e que se vão desenvolver em torno do lago, onde já existe vida natural e onde vão ser levadas a efeito actividades de sensibilização ambiental baseadas em acções desportivas, culturais, pedagógicas e lúdicas.
Saltando para a zona da entrada do Parque, que tem um espaço de estacionamento para 150 viaturas, encontramos um edifício acastelado, construído em madeira que, pela sua execução refinada, se tornou na “imagem de marca” do espaço.
Bem perto fica o “espaço de restauração” (Refeitório dos Monges), que funcionará num edifício de rés do chão e 1º. Andar, com uma sala de refeições surpreendente pelo bom gosto e… vistas para o exterior.
Um outro espaço, em frente ao restaurante (Oficinas Monásticas), vai albergar artistas e artesãos, nomeadamente um oleiro, um copista, um boticário, um licoreiro, um padeiro, um ferreiro, um serralheiro, etc..
Nas imediações, noutro edifício primorosamente recuperado, vai funcionar uma das “jóias” do parque: o Museu dos Doces Conventuais
Alexandre Alves referiu-nos que famílias, escolas e empresas que pretendam interagir com o ambiente serão o público-alvo do Parque, havendo ainda a novidade de uma parte do empreendimenot estar destinada a um turismo de carácter religioso, através do Jardim Bíblico.
A segunda fase do Parque dos Monges contemplará uma área de alojamento “amiga do ambiente", com “bungalows” que vão ter “planos de poupança de água e energia”, referiu.
Para uma fase posterior, está ainda prevista a reprodução, em tamanho real, do burgo de Alcobaça na Idade Média, cujo objectivo final é ser uma escola de artes e ofícios.
Um edifício multiusos, com oferta ao nível da restauração e uma sala de espectáculos, e um hotel que pretende retratar a vida monástica em Alcobaça completa o Parque dos Monges.
“Trata-se de um albergue como os monges tinham para receber os passantes e viajantes”, declarou o empresário, acrescentando que o projecto se iniciou há 12 anos.
É de facto um projecto de uma vida de dois irmãos (Alexandre e Isidro Alves) de que Alcobaça tem motivos para se orgulhar.
Muito mais haveria para dizer… da Quinta das Freiras de Cós até ao parque temático dos nossos dias.
Da Quinta das Freiras de Cós até ao parque temático dos nossos dias percorreram-se tempos diversos…Estamos de novo próximos de um tempo novo…na fronteira da Nova Alcobaça…com expectativas muito grandes.
O Parque dos Monges poderá concorrer para uma Alcobaça Nova…que faça esquecer o pobre(e apressado) turismo actual que ajuda a consumir café, postais e…pouco mais.
Que venha depressa o tempo novo!
JERO



(*) Com a devida vénia -pela utilização do termo- ao distinto blogger Rogério Raimundo, que é useiro e veseiro no "respiganço", que no nosso caso especial muito nos honra.

Parque Bíblico
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Lago do parque com 3 hectares.
Museu dos Doces Conventuais
Alexandre Alves(ao fundo o Restaurante)

M 284 - VIVER EM DOIS PAÍSES ...

Uma história do País real !

«Constantino – guardador de vacas e de sonhos…
Há dias em que parece que acontece tudo e num golpe de sorte encontro-me entre olhos grandes, muito meigos, de uma ternura e sinceridade que nos faz doer a alma.
Ali estão, e eu entre elas a fazer com que se rentabilizem e que possa chegar a toda a gente o seu leite, enquanto ao mesmo tempo penso o que mais se adequará ao Direito da Família, Direitos reais, Direito do trabalho, não, talvez sociologia jurídica…
Não há aqui drama nenhum, há sim, um silêncio oriundo das que não podem falar, mas acima de tudo lá no fundo está o sonho… o sonho de querer mais , de chegar longe, onde só a imaginação nos leve…é tão bom…assim tudo pode acontecer!
Ninguém imagina, a transformação dá-se num W.C. perto de todos nós e a mulher com que se entra, não tem nada a ver com a mulher que de lá sai, e ninguém imagina…».
O texto anterior é da autoria de uma amiga que nos dois últimos anos da sua vida tem estado no desemprego. A situação foi de todo inesperada e complicada pois afectou toda a família. A firma do marido “desapareceu” no mercado implicando cortes e dificuldades no orçamento da família. A minha amiga tem desde então saltado de ordenado mínimo em ordenado mínimo não deixando escapar qualquer oportunidade de emprego, que possa contribuir para o equilíbrio do orçamento familiar.
Aos 24 anos frequentava o 4º. Ano de um curso universitário que não acabou porque Deus lhe concedeu a dádiva da vida. Hoje já ultrapassou os 40 anos. A família aumentou e o curso da sua juventude não se tendo “esfumado” de todo… está distante…
Esta minha amiga não tem recusado nenhuma oportunidade de trabalho. Actualmente levanta-se às 4 da manhã para ir trabalhar. E consegue sorrir e ter esperança.
Não quer dar o seu nome à sentida e bonita história do ..«Constantino – guardador de vacas e de sonhos…
Respeitamos a sua vontade…mas prestamos-lhes aqui a nossa “anónima”homenagem.
Esta é uma história de um país que muitos portugueses conhecem.
Um país em dificuldades que não reconhecemos quando ouvimos falar os representantes do Governo (no Parlamento) de uma “nação” que melhorou em 0,6% o seu grau de pobreza. Em 2008 já só éramos “pobres” 17,9%.
Aqui está um “número” que anima muito a minha amiga quando se levanta às 4 da manhã para ir ordenhar vacas…
Entretanto no “País da fantasia” o nosso grau de pobreza diminui…
A olhos vistos…


JERO
(imagem retidada da net-Blog"A vida éum lugar estranho")