quarta-feira, 30 de setembro de 2009

M43 A - O FANTASMA AO VIVO E A CORES!


M43-- A LENDA DO CASTELO



O Fantasma do Ben Al Mansor
Conta-se que há muitos, muitos anos atrás, no Castelo de Alcobaça
havia um poço encantado. Deste poço imanava uma estranha
melodia que enfeitiçava, quem por lá passasse. Principalmente,
raparigas donzelas.
Estas fugiam a sete pés do Castelo, não fosse a melodia encanta -lás.
Porém, certo dia uma rapariga esqueceu-se da recomendação e foi buscar
água ao dito poço.
Enquanto pousava o cântaro no chão, e ajeitavas as suas saias. Uma
estranha melodia começou a percorrer-lhe todos os cantos dos ouvidos,
deixando-a completamente atordoada. Ao mesmo tempo, via-se emergir
entre as ameias, uma imponente figura de um Mouro. Este tinha um
olhar tão penetrante que, imediatamente, hipnotizou a menina, e a encaminhou para
dentro do castelo. Assustada , ainda teve forças para rezar por Nossa Senhora e
agarrar -se a uma medalha de um santinho que trazia ao peito.
E como por magia, o mouro evaporou-se , desaparecendo no meio de uma grande
fumarada e com uma grande risada disse:
AH… Ah…Obrigado, por me teres libertado desta prisão.
A rapariga correu assustada para casa, e contou aos pais o estranho acontecimento.
Os pais ainda aflitos, contaram-lhe que o castelo estava amaldiçoado com o fantasma
do Ben Al Mansor, o chefe mouro que tinha morrido na batalha em defesa do seu castelo.
Mas que ,graças à sua força espiritual e coragem, a maldição tinha-se finalmente quebrado.
Foi assim, que a partir desse dia, as raparigas puderam passear junto do castelo, sem qualquer receio.
Adaptação da Lenda do Castelo
In Blog de Vanda Furtado Marques


PS- Nos tempos que correm se virem ou ouvirem alguma coisa esquisita por perto do Castelo de Alcobaça telefonem à Polícia.



Isto digo eu...porque os "fantasmas"estão pela hora da morte!



terça-feira, 29 de setembro de 2009

M42-CASTELO VENDIDO À CARRADA


CASTELO VENDIDO À CARRADA

Em meados do Sec. XIX O Castelo de Alcobaça é uma ruína

Desde 1838 que funciona como “pedreira”.
Nos registos da época estão referidos em sessões da Câmara de Alcobaça 600 carradas entregues a José de Sousa Leão , 200 carradas em 1839 para Francisco José Pereira, da Cela.
Em 1851 foi concedida pedra gratuitamente para reparos no Hospital .
Em 1852 foi concedida pedra para obras na Igreja da Misericórdia.
Em 1855 foi proposto que não se concedesse a permissão de tirar mais pedra do Castelo!

(Pesquisa para o livro “COELHOS VÃO ÀS RAÍZES”)

M41-CASTELO DE ALCOBAÇA


Castelo de Alcobaça


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


O Castelo de Alcobaça localiza-se na freguesia do concelho de mesmo nome, no Distrito de Leiria, em Portugal.
Em posição dominante a noroeste sobre a povoação, na margem esquerda do rio Baça, das suas ruínas tem-se uma bela vista sobre a cidade, inclusive o seu famoso mosteiro, os campos envolventes e a serra dos Candeeiros.
História
Antecedentes

Há controvérsias entre os autores acerca da primitiva estrutura defensiva do local, atribuída ora à ocupação visigótica ora à muçulmana da qual uma torre albarrã é testemunha.
O castelo medieval
À época da Reconquista cristã da península Ibérica, foi tomado pelas forças de D. Afonso Henriques (1112-1185), que o teria reparado e reforçado. Reconquistado e destruído pelos mouros entre 1191 e 1195, D. Sancho I (1185-1211) retomou a povoação e suas terras, doando-as aos monges da Ordem de Cister, para a povoarem e defenderem. Data deste reinado a reconstrução do castelo para a defesa da povoação e seus habitantes.
Com a paz, nestes domínios, os monges se dedicaram à vitivinicultura e à enologia, tornando-se uma referência gastronômica internacional nos séculos seguintes.
Por volta de 1369 o abade de Alcobaça, D. Frei João de Ornellas, procedeu o reforço da defesa do castelo erguendo uma barbacã, tendo-se ainda reedificado uma torre caída e o troço de muralhas voltado para o Mosteiro. Para custeio destas obras, foi lançada uma finta sobre os moradores.
No século XV o castelo foi severamente danificado pelo terramoto de 1422, tendo-lhe sido providenciados os reparos necessários no ano de 1424. Um pouco mais tarde, o abade D. Frei Gonçalo Ferreira faz reconstruir a Torre de Menagem (1450).
No século XVII têm lugar novas obras de reparo no castelo (1627). Nesta fase, a torre destacada a leste passa a ser utilizada como cadeia, função que desempenhará até ao terramoto de 1755.
Sendo a nomeação dos alcaides do castelo prerrogativa dos abades de Alcobaça, conhecemos que Geraldo Pereira Coutinho, lente de prima e cânones da Universidade de Coimbra foi nomeado como alcaide-mor do castelo, em 10 de Novembro de 1701.
Do século XIX aos nossos dias
Na primeira metade do século XIX, no reinado de D. Maria II (1826-1828; 1834-1853), já sem função estratégica ou defensiva, determinou-se arrasar o antigo castelo (1838), que foi considerado como extinto nas Atas da Câmara Municipal (1854).
Em meados do século XX, abandonado e entulhado, procedeu-se o aproveitamento da sua cisterna para o depósito de água potável a ser distribuída à população (1940). Poucos anos mais tarde, procedeu-se à reconstrução da muralha voltada para o Mosteiro, a partir de uma descrição deixada pelo Frei Fortunato Boaventura (1952-1953), bem como a obras de limpeza do monumento e da sua área envolvente, incluindo-lhe os acessos, por ocasião da visita da rainha Elizabeth II de Inglaterra a Portugal, quando visitou Alcobaça (1956). Na década de 1960 novos reparos de pequena monta foram efetuados (1965).
Classificado como Imóvel de Interesse Público por Decreto publicado em 12 de Setembro de 1978, escavações arqueológicas realizadas no seu recinto num projeto de quatro anos iniciado em Agosto de 2002, com fundos municipais, buscam elucidar questões relativas à época e autoria da fundação do castelo. Os trabalhos são coordenados pelos arqueólogos Jorge António e Manuela Pereira, à frente de um grupo de voluntários e alguns trabalhadores da autarquia.
Características
Na cota de 69 metros, o castelo apresenta planta irregular orgânica, nos estilos românico e gótico.
Subsistem os muros da primeira cerca, em cantaria de pedra calcária, reforçados por sete cubelos de planta quadrangular e mais um torreão destacado pelo lado oeste (torre de menagem), voltado para o Mosteiro. A leste, ergue-se uma torre albarrã, entre o recinto interno e a barbacã de planta ovalada, reforçada, no lado oeste, por quatro cubelos (dois de planta semicircular).
Ligações externas

O Wikimedia Commons possui multimedia sobre Castelo de Alcobaça
Castelo de Alcobaça (IPA / DGEMN)
Instituto Português de Arqueologia
Castelo de Alcobaça (Pesquisa de Património / IPPAR)


Este artigo é um esboço sobre Património de Portugal. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

M40- RESCALDO DAS LEGISLATIVAS

28 Day After
No rescaldo das eleições legislativas de 27 de Setembro, e contrariamente ao que referimos em recente”postagem”, afinal não ganharam todos.
O PSD perdeu. Todos os outros ganharam.
Do muito que se publicou no dia seguinte apreciámos sobremaneira a lucidez de uma jovem Professora Universitária do ISCSP/UTL, especialista em Comunicação Política..
Com a devida vénia reproduzimos (e subscrevemos) o seu artigo de opinião publicado no Diário de Notícias de 28 de Setembro de 2009 (ACTUAL, pg.9).

A cosmética derrotou a verdade

Volvidos quatro anos e meio de governação socialista, a noite de divulgação de resultados eleitorais inaugurou ontem uma nova etapa na vida pública e outros mandatos de representação política.

O PS ganhou outra vez as eleições legislativas, numa expressiva vitória de José Sócrates. Impondo-se com um estilo de nouvelle politique jovem, seguro e de imagem fresca, cumpriu rigorosamente a estratégia político-partidária, sem nunca ter detalhado a estratégia para o país ou assumido com clareza as falhas da governação anterior. À semelhança do que aconteceu ao longo da última legislatura, Sócrates apareceu nesta campanha eleitoral insuflado por uma cosmética comunicativa premente e diária, em que o exercício retórico e os floreamentos semânticos superaram a substância da experiência governativa propriamente dita. Mais manso, moderado, mas ainda veemente, José Sócrates fez jus às orientações da sua profissional machinery e foi vendendo outra vez o 'sonho' que os portugueses ousaram comprar.
Já o PSD, depois de um balão de entusiasmo nas eleições europeias, claudicou na avaliação dos portugueses. Manuela Ferreira Leite, leal à sua política de verdade, nunca deu confiança aos editores de jornais ou promoveu a proximidade interesseira nos media em prol de dividendos políticos. Toldada pela luz de um outro tempo e no crivo de uma política menos pressurosa, Ferreira Leite sustentou a sua trajectória com menos ductilidade e, por isso mesmo, frágil perante as exigências mediáticas contemporâneas e no afã de cativação de eleitorado.
Tal como o PS, CDS e BE também conseguiram "levar a carta a Garcia". Treinado nas feiras, praças e ambientes populares, Paulo Portas emerge novamente e afirma o espaço da direita política com um resultado histórico; enquanto o BE herda os votos dos descontentes do sistema, reforça a posição na esquerda portuguesa, ultrapassando significativamente a CDU. Gasta nas fórmulas que implementa e sem novidade discursiva, a mensagem "memo-córdica" de Jerónimo de Sousa justifica a deriva dos eleitores e a perda de terreno para a verbosidade de Louçã.
Agora sem atavios, a política segue dentro de momentos com um dos mais exigentes ciclos políticos da democracia portuguesa…
por Nilza Mouzinho de Sena

sábado, 26 de setembro de 2009

M39 - O SABER NÃO OCUPA LUGAR!



O LATIM É FUNDAMENTAL!

'ADEMUS AD MONTEM FODERE PUTAS CUM PORRIBUS NOSTRUS'

Tradução:


'VAMOS À MONTANHA PLANTAR BATATAS COM AS NOSSAS ENXADAS'

Se soubessem Latim não pensavam em asneiras... ou achavam mesmo que postava algo que não fosse de cariz cultural???

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

M38-BURROS HÁ MUITOS (PARTE II)


Os Burros, o Mercado de Acções e a crise...

No final de um dia de Outono soalheiro e quente os trabalhadores do campo regressavam a casa desejosos de descanso e de uma boa cavaqueira sentados à porta de casa, depois da ceia,obviamente.
A pacatez habitual foi quebrada pela presença inesperada de um forasteiro que começou a abordar tudo e todos,dizendo que compraria burros por € 10,00 cada.
Como havia muitos burros na região em estado selvagem os aldeões iniciaram a caçada na manhã do dia seguinte.
O forasteiro comprou centenas de burros a € 10,00.
Satisfeitos com o dinheiro que, tempos antes, era de todo impensável ganhar sem muito esforço os aldeões abrandaram a caça. E voltaram à cavaqueira à porta de casa, depois da ceia.
O forasteiro percebendo a mudança de atitude dos aldeões anunciou que passaria a pagar € 20,00 por cada burro.Os aldeões arregaçaram as mangas e foram novamente para os montes. Mas, cada vez tinham que ir para mais longe e a caça aos burros não compensavam o esforço.
Os burros foram escasseando e os aldeões desistiram das caçadas.
A oferta aumentou então para € 25,00 e a quantidade de burros ficou tão reduzida que já não havia mais interesse em caçá-los. Burros …só em sonhos!
O comprador dos burros anunciou então que, a partir de agora, compraria cada burro por € 50,00!Mas, como por motivos imprevistos tinha que regressar à cidade ,anunciou aos aldeões que deixaria um seu empregado responsável pela compra dos burros que conseguissem entretanto caçar.Na ausência do forasteiro-patrão , o seu empregado dias depois propôs aos aldeões, que tinham desistido completamente de caçar burros, o seguinte: - "Tenho uma proposta para vos faze,mas é um segredo que tem que ficar entre nós. Os burros que o meu patrão vos comprou, eu posso vendê-los a vocês a € 35,00 cada. Quando o meu patrão voltar da cidade, vocês vendem-nos a ele pelos € 50,00 que ele oferece, e ganham uma boa massa".
Os aldeões reuniram-se nessa noite na maior eira da aldeia e rapidamente chegaram a uma conclusão.
Comprar todos os burros ao empregado do forasteiro-patrão.
Deram-lhe todo o dinheiro que tinham guardado nos colchões e ficaram com burros que encheram cocheiras de todos os quintais da aldeia.
Despediram-se com grandes palmadas nas costas do empregado que teve entretanto que sair da aldeia por motivos de saúde. Ria-se por tudo e por nada e percebia-se que não estava bem…
Os dias passaram-se, e eles nunca mais viram nem o patrão, nem o seu empregado.
A única coisa que viam eram burros por todos os lados.
Regressou entretanto à aldeia um filho de um dos aldeões que tinha ficado com mais burros. O rapaz ,que era estudante de Economia numa cidade distante, quando ouviu a história dos burros contada pelo pai e pelos vizinhos, coçou a cabeça e disse:
«Mas o que aconteceu na nossa aldeia é um exemplo acabado de como funciona o mercado de acções!»
«Está explicado porque apareceu a crise na cidade onde eu estudo»
«E se calhar isto não vai ficar por aqui.»
Dias depois regressou à cidade. Já não podia com tantos burros!
(Adaptado de uma história de ficção…)
JERO




M37- BURROS HÁ MUITOS!


DIA 26, VÉSPERA DE 27
Burros de ontem, burros de hoje
Se eu mandasse continuava a mantê-los de rédia curta…
Mas como mantê-los “presos” com tanta “fava rica” por aí!
No dia 28, véspera de 27, todos dirão que ganharam.
E o burro sou eu?
Não, não sou só eu!
Somos todos nós que lhes damos trela e…rédia solta.
JERO






PS-Fotografia de 1935.Cocheira da Gafa-Alcobaça.

domingo, 20 de setembro de 2009

M36- RECORDAR É VIVER


CONVÍVIO DE ANTIGOS ALUNOS DO COLÉGIO ALCOBACENSE
Um grupo dos mais “jovens” antigos alunos do Colégio Alcobacense conseguiu reunir cerca de 120 colegas e alguns professores dos “bons velhos tempos” num almoço-convívio, que teve lugar no passado 19 de Setembro, na Estalagem do Cruzeiro, em Aljubarrota.
Muitos abraços e, principalmente, muita risota com a recordação das “partidas” a colegas e…professores. As fotografias foram “milhentas” com algumas dificuldades nas movimentações de quem se ajoelhava na 1ª. fila …Mas tudo acabou em bem.
Foi uma grande jornada de confraternização que ,pessoalmente, gostaríamos que em breve pudesse ser repetida (por exemplo…)com a cerimónia do descerramento da placa de uma rua, em Alcobaça, com o nome de “Domingos Cabrita da Silva”.
Até lá…vamos à vida!
JERO


Legenda da fotografia:
Alguns dos mais antigos.Quem são?
Vamos ajudar. O da direita toda a gente conhece.
Os outros,da esquerda para a direita são: o Lourenço, velha do Sporting Clube de Portugal; o Rui Rasquilho, antigo Direcor do Mosteiro de Alcobaça e o Laborinho Lúcio, antigo Ministro da Justiça do Governo de Cavaco Silva .

M 35-ATÉ MAIS PADRE COSME, ATÉ SEMPRE AMIGO


M35 -ALCOBAÇA TEM NOVO PÁROCO


Nomeações de Presbíteros para o Ano Pastoral 2009-2010


DECRETO

O sacerdócio apostólico, manifestação do amor de Cristo pela Igreja e por toda a humanidade é exercido pelos Bispos, sucessores dos Apóstolos, que agregam a si os Presbíteros que, pela imposição das mãos, tornam participantes do sacerdócio apostólico. O Concílio Vaticano II afirma-o claramente, ao definir a Diocese: “Uma diocese é uma porção do Povo de Deus confiada a um Bispo para que, com a ajuda do seu Presbitério, seja o seu pastor” (C.D. nº11). Há, assim, uma profunda união entre o Bispo e os Presbíteros, fundamentada na especial participação no mistério de Cristo Sacerdote e na solicitude pastoral por todas as comunidades cristãs, a quem entregam a sua vida no exercício do seu ministério. O Ano Sacerdotal agora iniciado ajudará os sacerdotes e todos os cristãos, a aprofundar este dom de Cristo à Sua Igreja.

Nas diversas expressões da comunhão do Bispo com os Presbíteros, há dois momentos particularmente significativos: quando o Bispo pela imposição das mãos, agrega novos membros ao Presbitério; quando distribui os sacerdotes pelas diversas necessidades pastorais da Diocese, determinando-lhes o seu “múnus” pastoral. Vivemos agora estes dois momentos: ontem, 28 de Junho, ordenei três novos sacerdotes e, por este Decreto, faço as nomeações de sacerdotes do nosso presbitério para garantir a todo o Povo de Deus da nossa diocese este ministério fundamental para que a Igreja seja Povo do Senhor.
Dou graças a Deus pela total disponibilidade dos sacerdotes a quem agora peço uma nova missão. Espero igual disponibilidade das comunidades cristãs, quer ao verem partir sacerdotes a que estão ligadas, quer para acolher aqueles que lhe são enviados. A vastidão da nossa diocese e o realismo do presbitério que somos, exigem de todos fé e generosidade.
Assim, fazemos as seguintes nomeações de sacerdotes do nosso Presbitério, para o Ano Pastoral 2009-2010:

Santíssimo Sacramento de Alcobaça
P. Carlos Jorge Henriques Vicente.

O novo Sacerdote de Alcobaça acumulará ainda as paróquias de Maiorga e Coz.

Que Deus o ajude.

O Padre Francisco Cosme, de quem nos despedimos com muito amizade, foi nomeado para Santa Catarina.

M34 -POR DE TRÁS DAS PINTURAS DE OUTONO


QUASE 90 DIAS DE OUTONO


Poesia de Outono(*)

Encontrei uma folha, uma folha amarela, que a cair veio,
pousar na janela. Ela brincou comigo e eu brinquei com ela.
Encontrou um amigo, esta folha amarela.
Raquel Martins

(*) O Outono de 2009 começou às 18H18 do passado dia 22 de Setembro
e vai ter a duração de 89,85 dias.

Pintura de Ana Varela e Sara Pascoal (alunas do Curso de Artes Visuais da Escola D.Pedro !) ,em parede junto à “Florista Trevo”, em Alcobaça.
foto JERO

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

M33-COLÉGIO ALCOBACENSE-EXTERNATO ALCOBACENSE


SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DE ALCOBAÇA
1936-1970
Colégio Alcobacense – Externato Alcobacense

Professores a leccionar nos anos 50

No Guia Profissional do Concelho de Alcobaça dos anos 50 constam como estando a leccionar no “Colégio do Dr.Cabrita”os seguintes Professores:
Instrução Secundária-Externato:
Director: Domingos Cabrita da Silva;
Professoras: Elizabete Rodrigues, Fernanda Sousa Valente Marques da Silveira, Maria Joana Avelar, Júlia Neves Casco e Maria Teresa Ferreira Trindade;
Professores: Artur Maurício, António Caldeira Firmino e Domingos Cabrita da Silva.

Testemunho pessoal
Por feliz coincidência frequentei o Colégio neste edifício das “Portas de Fora”, tendo depois transitado para o “Palácio da Rua do Castelo”, onde completei o 2º. Ciclo dos Liceus.
Para comprovativo do que digo reproduzo “nota de avaliação” respeitante a 1 de Dezembro de 1951, estando o impresso titulado de “Colégio Alcobacense”.
Em relação aos tempos do Edifício da Rua Bernardino Lopes de Oliveira recordo-me do ambiente algo intimidativo do recreio onde “mandavam” colegas muito mais corpulentos do que eu.
Nessa altura a equipa portuguesa de hóquei em Patins tinha-se sagrado campeã mundial e imitávamos os nossos ídolos jogando no recreio (sem patins mas com bola) . Os estiques ,há falta de melhor, eram feitos com talos de couve! Ainda hoje sei de cor o nome do “cinco” nacional de então: Cipriano, Raio, Edgar Jesus Correia e Correia dos Santos.
Um dia fui empurrado e acabei ao fim do dia com um pé inchadíssimo no “endireita” das Corredouras. Não queria ir mas levaram-me. Fui para lá ao colo e regressei pelo meu pé. Mas não recomendo endireitas!
A estória da estalada do “Manel Lourenço”. Nunca mais me esqueceu!


Palácio cor de Rosa à Rua do Castelo
Transitei para o “Edifício” das Rua do Castelo com 13 anos de idade.

Era (e continua a ser) uma casa apalaçada com história que foi construída em 1912 para residência do Director da Companhia de Fiação e Tecidos de Alcobaça. Actualmente funciona neste mesmo local o CEERIA.
Havia duas maneiras de chegar ao “Colégio do Dr.Cabrita””.

Ou subindo pela rua do Castelo ou indo pelas “Escadinhas da Aliceira”.

Fosse qual fosse o trajecto quando estávamos com o Colégio à vista não havia misturas.
Os rapazes seguiam pelo lado direito e as raparigas pelo lado esquerdo.
Na altura corria o boato entre os alunos que estas “leis” (pouco populares) tinham sido decretadas pela Esposa do Dr. Cabrita, Dª. Maria Manuela Natividade Sanches Coelho da Silva, que secretariava o marido em algumas das tarefas administrativos do Colégio.
Faziam-se alguns “disparates” próprios da idade mas o “respeitinho” era muito bonito e imperava. Quem se esquecia era rapidamente chamado ao bom caminho!

Professores
Lembro-me particularmente bem do Dr.Artur Maurício(Português e História), da Drª. Fernanda Marques(Inglês) , da Dª. Maria Xavier (Francês), da Drª. Margarida Fernandes (Ciências Naturais) e da Maria Vitória Pires (Canto Coral). E obviamente do Dr. Cabrita, que leccionava Matemática e Geografia.
.A personalidade mais marcante deste grupo de Professores era a Dª.Fernanda Marques, que quando estava mal disposta era muito complicada. Anos depois ,quando estava a cumprir serviço militar na Guiné, ainda sonhava por vezes com as suas reprimendas.
“Enquanto espero pela minha Professora devo estar calado”.
A Drª. Fernanda entrava normalmente mais tarde na primeira aula da manhã - ajudava o marido, o Dr.Quim Marques, nas análises do seu Laboratório – e quando não a víamos chegar …tínhamos algumas surpresas. Lembro-me de escrever(eu e os outros colegas da turma - a frase acima sublinhada, como trabalho de casa, 500 vezes! Ter um “12” com a Drª. Fernanda era uma festa e no liceu Nacional de Leiria um aluno de “8“ tirava normalmente notas acima de “13”. Mas que o “Inglês” nos marcava a todos era verdade pois quase que não havia tempo para estudar as outras disciplinas. E eram 5 aulas de Inglês por semana.
Os sábados eram uma manhã de boa disposição e às vezes de grandes chatisses. Cada aluno tinha que preparar uma anedota e contá-la em Inglês, para depois se conversar sobre o tema. “Deixa-me me rir que já me esqueceu” valeu ao Hélio Matias, de Valado dos Frades, uma expulsão.
Os rapazes sabiam as anedotas uns dos outros.
O problema era com as raparigas que levavam o “tema” muito a sério e “não abriam mão” das suas anedotas.
Quando a aula acabava era cá um alívio!
Mas que a Drª. Fernanda Marques foi um grande Professora ninguém duvida.

Alunos
Este capítulo daria ,obviamente , para um serão completo.
Alguns dos alunos do 5º Ano de 1955.Sexo masculino :Guerra Madalena, Eugénio Santos, António Lameiras, Manuel Canário, Fernando Rebelo, José Eduardo e António Fonseca
Sexo feminino :-Elsa Martins, IldaTeresa, Beatriz Barreto, Mª.Elisa Moura e Adosinda Oliveira.

Por falta de tempo, e por ter definido para mim próprio um critério para não me dispersar nestas memórias, vou focar essencialmente nestas “estórias de alunos” os colegas do 5º. Ano de 1955.
Obviamente que me recordo de colegas mais velhos(Lecas, Palmirinha,Mitá,Graça Hipólito, Artur Melo,Jorge Cordeiro etc. ) e mais novos( Pedro Catarino, Albino Serrano, Hernâni Santos, etc ) mas precisaria de ajuda de muitos desses ex-colegas e de muito mais tempo para evocar toda a gente que devia(e merecia) ser recordada. Ficam portanto aqui as minhas desculpas por muitas faltas que acontecem pelas razões atrás evocadas.

As excursões

Lembro-me de uma excursão a Évora em que durante largo tempo aborrecemos as raparigas que iam sentadas à nossa frente com caroladas. Fazíamos um nó nos lenços e batíamos na cabeça das colegas. Qual era a piada disto?! É difícil de explicar. Tínhamos 15 anos, éramos parvos e não sabíamos como abordar as raparigas. Elas gritavam e nós ríamos.
Garotices da adolescência!

A participação em Carnavais
Lembro-me particularmente de um Carnaval de 1955, cuja “batalha de flores”, meteu toda a qualidade de projécteis …menos flores.
O “nosso” carro, decorado com papel de cenário. pintado pelo José Teopisto(o melhor pintor de cerâmica dessa época) acabou completamente rasgado.
Lembro-me perfeitamente de algumas colegas que iam em cima do carro terem acabado o corso completamente lívidas e à beira das lágrimas. Aquilo é que foi gozar!

Jogos de futebol e convívios

Os jogos de futebol entre o Colégio e o Externato Afonso Henriques
São as grandes recordações desses tempos.


Só para registo aqui deixo a constituição de uma das grandes equipas do “Colégio do Dr. Cabrita”:
Guarda redes: Álvaro Laborinho; Defesas: Torcato, José Eduardo e António Alberto;
Médios: Manuel Canário e Manuel Pereira da Cunha; Avançados: Remígio(da Nazaré), Virgílio (também da Nazaré), Moura Lourenço(que veio a jogar na Académica e no Sporting), António Vazão Trindade e José Eduardo Couto Pinho.
Destes atletas da década de 50 já faleceram o Couto Pinho e o Manuel Canário.
Paz às suas almas.

Havia também jogos de hóquei em patins no ringue da Gafa com a assistência de belas alunas do Colégio do Dr.Cabrita,. Rapazes só à devida distância.


Alcunhas, “o vidro partido “, namoricos e… os ex-seminaristas!

Alcunhas-
Havia para todos os gostos. Tanto para raparigas como para rapazes. Com a ajuda de uma amiga e colega desses tempos, a quem prometi não dizer o nome, mas tinha a alcunha de”gasosa”, aqui vão algumas:
Beatriz Barreto- A estátua de carne;
Ilda Teresa- Um eléctrico chamado desejo
Graça Hipólito – A galinha dos ovos d’ouro
São Trindade- Pardalinho Saltitante
Eugénio Santos-O triste
Álvaro Laborinho – O “Manel dos Santos”
Augusto “da Vestiaria”- Bigodes de arame farpado
Manuel Canário-O “Fininho”

O Vidro partido da Antonieta.
Num dia de azar a Antonieta Lorvão Agostinho, que veio a casar com o Vergas Alexandre, partiu um vidro de uma janela durante um intervalo.
A próxima aula era com o Dr. Cabrita. Quando ele entrou com cara de poucos amigos até se ouviam as moscas a voar. Quem partiu o vidro que se levante, disse. Houve uma ligeira pausa e todos os alunos da turma se levantaram. Nada tinha sido combinado.
O Dr. Cabrita percebeu (e deve ter apreciado a solidariedade entre colegas) e… o problema morreu ali.

Os namoricos
Havia mais “ameaços” que outra coisa.
As meninas queriam rapazes mais velhos e as nossas “chances” eram mínimas.
Só me lembra de um namorico desses tempos que deu em casamento: o da Antonieta (a do vidro partido) com o António Vergas Alexandre.
No limiar do “bom gosto” poder-se-ia dizer que: “um azar nunca vem só”.
Mas obviamente que não vou fazer piadas com essa coincidência!
Um vidro partido e um casamento!
Outro namorico do tempo que deu em casamento foi o da Perlina com o Hélio(o tal do “deixa-me rir que já me esquecia).

Os ex-seminaristas:
Eram quase todos da Benedita e sabiam “Português” que se fartava.
Ate “chatiava” o comum dos mortais.
Lembra-me do Miguel Guerra, do João Guerra e do Guerra Madaleno..
Estes jovens deslocavam-se todos os dias da Benedita para Alcobaça de bicicleta. E no fim das aulas regressam a casa de bicicleta.! Trinta quilómetros por dia.
Havia também o António Vergas Alexandre, que era do Bárrio.



Alunos que “viraram figuras públicas”

O escultor José Manuel Aurélio;
O Guerra Madalena que, entre várias coisas na vida, foi candidato a Presidente de 6.000.000 portugueses. Referimo-nos obviamente ao SLB;
O Miguel Guerra, que foi Presidente da Câmara de Alcobaça;
O João Moura Lourenço, internacional de futebol e que numa tarde marcou 4 golos ao “meu” Benfica. E no Estádio da Luz!
Os últimos são os primeiros e deixo para o fim o nosso colega Álvaro Laborinho Lúcio que chegou a Ministro da Justiça da década de 90.

Figuras populares e a … Menina “Lídia”

Figuras populares

Relativamente a este capítulo não posso deixar de o referir com saudade e com estima o “Augusto da Vestiaria”.
À sua maneira e pela sua excentricidade também o Augusto da Vestiaria marcou uma época.
Quem é que não sabe uma estória a seu respeito!?
Além dos amores não correspondidos com a Mary recordo,anos mais tarde, a sua declaração num boletim de voto: “eu gosto é de gajas boas” correu de boca em boca.
Numa fase de descrédito em relação a muitos dos nossos políticos é um voto a ter (muito) em conta!
E era maluco!
Infelizmente também já não está entre nós. Paz à sua alma.

A “menina” Lídia
E quem não se lembra da “Menina” Lídia, a nossa continua , enérgica colaboradora da Direcção do “Colégio do Dr. Cabrita” na disciplina do Externato.
Felizmente ainda está por cá e de boa saúde. Daqui a saudamos com amizade e sem qualquer rancor por um dia ter comunicado uma ocorrência que nos valeu um dia de suspensão.
Uma estória de nêsperas que não interessa aprofundar


Exames no Liceu de Leiria

Os exames do 5º Ano dos Liceus eram em Leiria, no Liceu Rodrigues Lobo.
Aferia-se o trabalho do “Colégio do Dr. Cabrita” fora de casa.

Os professores eram-nos desconhecidos e a angústia acompanha-nos durante as provas escritas e orais.
È que além dos professores, que tanto tinham investido em nós, havia também de acertar “contas” com os nossos Pais que, na maioria dos casos, tantos sacrifícios tinham feito para andarmos a estudar .

Quando o castelo se via ao longe formava-se cá um nó no estômago!
Ainda hoje guardo num canto escondido da minha mente essa má recordação .
Era cá uma azia!!!

Algumas notas pessoais da vida de Domingos Cabrita da Silva

Nasceu em Lagoa (Faro) em 24 de Agosto de 1906 e fixou-se em Alcobaça por volta de 1934.
Com 30 anos de idade –em 1936 – fundou o Colégio Alcobacense.
Em 30 de Janeiro de 1941 casou em Aljubarrota, na Igreja de Nª.Senhora dos Prazeres, com Maria Manuela Natividade Sanches Coelho da Silva.
Foi vereador, durante 8 anos, da Câmara Municipal de Alcobaça, com a competência e honestidade que todos lhe reconheceram ao longo da vida.
Foi Pai de Maria Margarida Coelho Natividade Coelho Saudade e Silva, que casou com Luís Saudade e Silva.
Deste casamento teve ainda a alegria de conhecer dois netos: Ana Margarida e João Diogo Saudade e Silva.

A sua viúva, Dª. Maria Manuela Natividade Sanches Coelho da Silva, faleceu em 20 de Fevereiro de 1993, com 76 anos de idade (N. em 22.10.1916 F.em 20.02.1993).


Trespasse do Externato Alcobacense
Mereceu honras de Primeira Página em “O ALCOA” de 21 de Março de 1970 (nº. 1184) a notícia da aquisição pela Câmara Municipal do Externato Alcobacense.
Entre vários considerandos referia-se que” o actual Director (Dr.Domingos Cabrita da Silva) teria garantida a sua situação como Professor e a sua Esposa teria garantido um lugar num dos Departamentos Culturais da Câmara”, o que veio efectivamente a acontecer na Biblioteca Municipal, que como é do conhecimento geral veio a funcionar na Ala Sul do Mosteiro”.

Nos Arquivos da Câmara Municipal de Alcobaça localizámos a respectiva “Escritura da aquisição e cedência por trespasse”, com data de 25 de Julho de 1970, que valeu à Família Cabrita da Silva a importância de 250.000$00 (duzentos cinquenta mil escudos).
Assinaram o documento Tarcísio Vazão de Campos Trindade, Domingos Cabrita da Silva e Maria Manuela Natividade Sanches Coelho da Silva.


A parte final da vida de Domingos Cabrita da Silva.

Faleceu em Lisboa ,onde estava em tratamento, em 14 de Junho de 1984, com 78 anos de idade em Lisboa.
Na notícia do seu falecimento em “O Alcoa.”(nº. 1584, de 21 de Junho de 1984) salientava-se que apesar da idade, bem merecedora de um justo repouso, o Dr. Cabrita, continuava a dar aulas só as interrompendo devido à doença que acabou por o vitimar.
A insignificante reforma que lhe foi atribuída quando o atingiu os 70 anos a isso o obrigava.
Durante 50 anos de ensino (meio século) não teve ,que se saiba, faltas ao serviço .
Trabalhou até mais não poder

Os seus antigos alunos devem-lhe uma sentida homenagem.
Uma Rua com o seu nome?
Sem dúvida.
Apelamos a que se juntem a nós alguns dos presentes nesta noite de evocações e de memórias para conseguirmos um reconhecimento oficial a este Homem Digno e Bom.
Gerações de alcobacenses passaram-lhe pelas mãos . Sem a sua dedicação à causa do ensino muitos de nós dificilmente teríamos conseguido estudar.
Simbolicamente deixamos como final da nossa evocação a imagem de
uma das janelas do edifício onde estudámos, que nos permitiu olhar o mundo mais preparados e mais confiantes
Estamos todos ainda a dever um reconhecimento oficial e uma merecida homenagem ao Dr. Domingos Cabrita da Silva

Recordar esta parte das nossas vidas foi útil e marcante.

Porque nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Comigo, connosco caminham todos aqueles que a morte já levou, todos os amigos que a vida afastou.
Mas os dias felizes não se apagam jamais.

JERO




quarta-feira, 16 de setembro de 2009

M32- UM TELEGRAFISTA ...DE TROPAS ESPECIAIS!


Um Telegrafista assustado...é assustador!

O Sr. Barros(Manuel Pereira de Barros de seu nome completo) é daquelas pessoas com quem se faz facilmente amizade.
É um indivíduo cordial, bem disposto e …excelente comerciante.
É bem conhecido em Alcobaça, onde está estabelecido há mais de 23 anos no Centro Comercial ,frente ao Cine-Teatro .Quem é que não conhece a «Loja da Dª.Ema»!?.
Tem o perfil típico de boa pessoa.
Pacífico …daqueles que empresta (ou dá) a camisa ao próximo ser for preciso e que… se estima à primeira vista. Não será exagero dizer que terá em cada cliente um amigo !Ou vice-versa…
Um dia ,há pouco tempo atrás, fui o último cliente do dia.
Houve tempo para conversar e…um pouco à sorte …fomos parar à vida militar. Foi uma surpresa saber que o Sr.Barros tinha andado na guerra do Ultramar pois tem aspecto de … jovem cinquentão[1] .
Para minha maior surpresa vim a saber que tinha feito tropa nos fuzileiros e que tinha andado na guerra em Moçambique. O Sr. Barros tinha pertencido às tropas especiais! Fiquei sem fala e quando recuperei da surpresa fiz questão de tirar o boné que tinha na cabeça. Tropa especiais.?!Cuidado com o homem…
O sr. Barros transfigurou-se e, em poucos minutos, debitou, meia dúzia de estórias. Pela sua pedalada percebemos que o tema daria para horas de conversa…Entremeou algumas estórias dramáticas com outras bem divertidas que nos surpreenderam pelo inesperado. Para quem julga que já ouviu todas as estórias da tropa …
Seguem-se duas das que seleccionámos.
Esteve em Moçambique nas zonas de Lago Niassa, Cabo Delgado e Tete nos anos de 1971 e 1972.

1-Num ataque nocturno ao seu quartel o fogo inimigo parecia uma trovoada…
Meio assarapantado pegou na arma que estava mais à mão e, com algum atraso, juntou-se aos camaradas que já ripostavam vigorosamente ao ataque que, passados alguns minutos, esmoreceu. Quando os ritmos cardíacos voltaram ao normal o telegrafista Barros foi «trucidado» pelo gozo dos camaradas. A arma que tinha na mão era um «pressão de ar», que era habitualmente usada para caçar uns pombos para «melhorar o rancho». As gargalhadas ferveram e «a ocorrência» deu para uns bons dias de gozo…

2-Quando em operações o Barros-telegrafista transportava um rádio «Racal TR-28-32» ,com14 quilos.
Numa missão a um objectivo de alto risco integrou um secção de 5 homens, que foi transportada de helicóptero até perto do objectivo.
Como já era habitual o «heli» ficou a pairar a um metro, metro e meio do solo, e os «fuzos »foram saltando.
O Barros ficou para último e quando ia saltar hesitou pois a distância até ao solo pareceu-lhe ter aumentado repentinamente. E com 14 kgs. às costas ia partir uma perna ou…sabe-se lá o quê. Mais depressa do que leva a contar o tempo de salto passou e o helicóptero saíu rapidamente da zona ganhando altura e distância … O Barros-telegrafista engoliu em seco em seco várias vezes e ganhou coragem para tocar no ombro do piloto que se julgava a voar sozinho. Quando o fez disse: Oh sr. Piloto desculpe mas…
Nesse momento o piloto virou-se e…julgou estar na presença de um fantasma.
Gritou de susto, largou os comandos e o «heli» quase se despenhou.
Lutando pela vida conseguiu equilibrar o aparelho e…quando acalmou …ouviu as razões do Barros-telegrafista para…não ter saltado.
Entrou em contacto via rádio com os companheiros do Barros-telegrafista –havia mais tropa na zona - que já evoluía no solo a alguns kms. de distância.
Deu uma volta larga , regressou e pousou o helicóptero para o Barros sair pelo seu pé, junto dos companheiros.
Estes…chamaram-lhe tudo menos …bom rapaz.
«A menina-telegrafista» juntou-se ao grupo e aguentou-se no balanço.
Este salto em falso deu para largos meses de galhofa na sua unidade

Estas duas pequenas estórias, que o sr.Barros conta entre exclamações divertidas e gargalhadas, não são seguramente as que se esperam de um militar que andou pelas «tropas especiais», que são tidos pela opinião pública em geral como «máquinas de guerra»!
Mas duma coisa estamos certos : o sr. Barros é um ser humano… especial e, em outras estórias que nos contou, de forma grave e séria ,deu para perceber que com a sua bondade natural e bom senso evitou alguns graves disparates dos seus companheiros no tratamento a prisioneiros!
Para ser melhor…a vida …precisa de pessoas especiais como o sr. Barros.
«Então e o que é que vai ser hoje?
Temos aí uns pastéis de nata que…nem os de Belém se lhes comparam!
E quem comprar meia dúzia…leva sete.»
Porque acaso nesse dia não fez negócio porque não sou guloso…
Levei só o sétimo!


JERO

[1] Nasceu em 16 de Outubro de 1951 tendo-se alistado com 16 anos na Marinha de Guerra, onde esteve até aos 21 anos (quatro anos e meio).
Reside actualmente no Casal da Coita, lugar da mesma freguesia de Santa Catarina.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

M31 A - DITADURA MILITAR 1926-1933


M 31-PESQUISA NO TEMPO-3

PESQUISA TEMPO (3)

Acontecimentos políticos marcantes no País
[1]
Os frenéticos anos que se tinham seguido à implantação da República, que marcaram a geração anterior, entram agora num “ritmo” bem diferente. Chegou a Ditadura Militar (1926-1933) e ia seguir-se a II República (1933-1974), que passou à história como Estado Novo.
A Ditadura Militar tem como vultos marcantes os 9º,10º e 11º Presidentes da República que foram, respectivamente, Mendes Cabeçadas (31.Maio a 17.Junho.1926), Gomes da Costa (17.Junho a 9 de Julho.1926) e Óscar Carmona.
O General António Óscar Fragoso Carmona inicia os seus 15 anos de presidência em 16 de Novembro 1926.
É o tempo de António de Oliveira Salazar “e dos seus princípios rígidos”.
Tomou posse em 28 de Abril de 1928 como Ministro das Finanças.O “caos financeiro” era então estimado em 700.000 contos de reis!!!.
Em 24 de Agosto de 1929 – cerca de um ano e quatro meses depois da sua posse – apresentou um superavit nas finanças de 300.000 contos.Em pouco tempo o Ministro das Finanças tornou-se o homem forte do Regime e vai-se “eternizar “como Primeiro-ministro.
Antecipando um pouco o tempo e a pensar nos mais novos que nos lêem – o fim da sua era regista-se em Setembro de 1968!
Quarenta anos bem contados depois da sua tomada de posse de 28 de Abril de 1928!


Mas como nem só de política vive o homem há outros factos desses tempos que merecem registo.

A 1ª.Travessia aérea do Atlântico-Sul
No início da década de 1920 – mais exactamente de 30 de Março a 5 de Junho de 1922- dois aviadores portugueses, Gago Coutinho e Sacadura Portugal, fizeram pela primeira vez a travessia aérea do Atlântico Sul, voando de Lisboa ao Rio de Janeiro em 62 horas e 26 minutos!
Percorreram 4527 milhas, a um a velocidade média de 72 milhas náuticas por hora, em 11 etapas.
Nos diversos voos entre as escalas estiveram um total de 36 horas e 29 minutos sem avistar terra.
Começaram em Lisboa em 30 de Março, fazendo escalas em Las Palmas, Gands, São Vicente, Praia, São Pedro, F.Noronha- Mar, Baía , Porto Seguro, Vitória e Rio de Janeiro, onde chegaram em 17 de Junho.
Sessenta e oito dias depois da data da partida!

A burla do século
Passou à história com o nome de Alves dos Reis e foi o mais famoso burlão de todos os tempos. Até hoje
Tem havido algumas “tentativas”-nomeadamente nas fugas ao fisco e no Mundo do Futebol dos nossos dias – escrevo em Dezembro de 2004 – mas nada que se pareça com o “genial” banqueiro dos anos 30.
Os jornais do tempo referiam-no como um homem de grande iniciativa. “Começou” com um falso diploma de engenheiro e trabalhou em Angola, onde fundou a Firma Alves dos Reis, Lda. Com um cheque sem cobertura comprou a maioria das acções da Companhia de Caminhos-de-ferro Transafricanos de Angola. Regressado a Lisboa forjou um contrato, em nome do Banco de Portugal, com a firma londrina onde eram impressas as notas do Banco de Portugal, e “encomendou” 200.000 notas de 500 escudos com a efígie de Vasco da Gama.Falsificou “apenas” as assinaturas do governador de Banco de Portugal e do Alto-Comissário de Angola. Com o “capital” realizado fundou o Banco de Angola e Metrópole. O Mercado financeiro foi inundado com “notas verdadeiras” encomendadas com “requisição falsa”.Foi o pânico.
Descoberta a fraude Alves dos Reis e os seus cúmplices foram submetidos a um julgamento que teve foros de sensacional.
Terminou o julgamento de Artur Virgílio Alves dos Reis em 19 de Junho de 1930.
Um homem genial ou um génio do mal que “nasceu adiantado” em relação ao seu tempo?!
Que grande Ministro das Finanças para superar as “antipáticas” e crónicas medidas extraordinárias para corrigir os défices orçamentais face à Comissão Europeia!?
Não seria de mandar à “Eurostat”um encarte com a bem sucedida história de Alves dos Reis -obviamente sem a sentença final, que não “lhe reconheceu os méritos” – 8 anos de prisão maior celular, seguida de 12 anos de degredo, na alternativa depena fixa de degredo por 25 anos!

Saltamos um pouco no tempo e estamos no último ano da década de 30.
Em 1939 – quando alguns dos “Coelhos” desta terceira geração já são homens feitos e muitos caminham já para a maioridade – O Mundo fervilhava de conflitos.
Alguns dos mais velhos da geração seguinte também já deixaram os calções e os brinquedos e começam (sem ainda o saberem) a entrar num dos períodos mais conturbados da história do Século XX.

Rugidos” do Mundo / ecos em Portugal
Em Abril de 1939 chegava ao fim a Guerra Civil de Espanha depois de três anos de lutas, com um triste balanço de horrores e destruições e com um trágico saldo (sangrento) de 600.000 mortos!
Em Maio do mesmo ano Hitler e Mussolini assinam o “Pacto do Aço” e três meses depois, após o falhanço das negociações de Daladier e Chamberlain com Hitler, a guerra está perto do que nunca.
Em Setembro a Alemanha invade a Polónia e anexa Danzigue.
A Inglaterra e a França declaram guerra à Alemanha.
No final desse trágico mês de Setembro de 1939 os alemães chegam a Varsóvia.
A 3.000 kms da capital portuguesa as tropas alemãs caminhavam de vitória em vitória e os portugueses iam tomando conhecimento da guerra pelos jornais e pelos serviços noticiosos das rádios.
Em Lisboa o Dr. Salazar recebe os Embaixadores da Alemanha e da Inglaterra e manda publicar a célebre nota oficiosa da neutralidade portuguesa:
“Felizmente os deveres da nossa aliança com a Inglaterra, que não queremos eximir-nos a confirmar em momento tão grave, não nos obrigam a abandonar nesta emergência o dever de neutralidade”.
Esta a versão oficial.
A versão “off”era mais ou menos assim:
Às 2ªs., 4ªs. e 6ªs. somos apoiantes dos avanços alemães e às 3ªs., 5ªs. e sábados “torcemos” pelos aliados; aos domingos somos neutrais.
A opinião pública era, de uma maneira geral, a favor da causa dos Aliados, que se entendia representarem na Europa a liberdade e a democracia.
Os apoiantes das forças do “Eixo”, “os germanófilos”, viam na Alemanha a única barreira contra o comunismo.
Esta “acalmia” nacional, garantida pela política de neutralidade, fazia com que fossem notícia acontecimentos bem diferente daqueles que preocupavam as outras capitais da Europa.

LISBOA preparava a grande “Exposição do Mundo Português”, sob a orientação dos Engenheiro Sá e Melo e Arquitecto Cottinelli.
O Professor Egas Moniz – futuro Prémio Nobel da Medicina – retomava a sua actividade clínica depois de ter estado alguns meses impedido de o fazer por ter sido vítima de agressão por parte de um seu doente tresloucado.
O Almirante Gago Coutinho viajou para o Brasil, a bordo do paquete “António Delfino”, para se associar a uma homenagem a Pedro Álvares Cabral.
No mundo da cultura destacavam-se Aquilino Ribeiro, Alves Redol e Fernando Lopes Graça.
Os cinéfilos portugueses aplaudiram a produção nacional “A Varanda dos Rouxinóis”, de Leitão de Barros, e os grandes filmes mundiais, que marcaram gerações:- E tudo o Vento Levou”, de Victor Fleming; A Pousada da Jamaica”, de Alfred Hitchcock; “ A Cavalgada Heróica”, de Jonh Ford; e O Monte dos Vendavais”, de W.Wyler.
Desportivamente o Sport Lisboa e Benfica dominava mas surpreendentemente perdeu a Taça de Portugal com a Académica de Coimbra, num célebre jogo de futebol realizado no Jamor e que terminou com 4-3 a favor dos estudantes.

E é a altura de chegar a Alcobaça.

Também politicamente entre os Alcobacenses em geral e “os Coelhos” em particular são conhecidas simpatias pela causa dos “Aliados” e pelas forças do “Eixo”, embora a maioria seja a favor dos primeiros”entendidos” como os defensores da liberdade e da democracia.
Obviamente que em termos de política nacional também há seguidores entusiastas das políticas do “Estado Novo” e oponentes que são alvo de perseguições. São os oposicionistas ou pessoas do “revi ralho”.
E, atrever-me-ia a dizer, que há depois os “outros”, a grande maioria, que mal informados ou desinteressados deixam-se ir na onda dos “sem opinião”.
Está claro que esta “maioria silenciosa” favorece quem está no poder!
Mas há outros factos que marcam então a vida dos alcobacenses.

A população da freguesia de Alcobaça
O gráfico da evolução da população e do número de fogos da freguesia de Alcobaça ajuda a perceber a “dimensão humana” da vila que em 1920 tinha 651 fogos e 2661 habitantes. Em 1930 já tinha 717 fogos e 2958 habitantes. Dez anos depois, em 1940, tinha 875 fogos e 3212 habitantes. Em 20 anos a população teve um crescimento de 20,70 %.

Como estávamos em termos de poder local e de administração
É Presidente da Câmara de Alcobaça Manuel da Silva Carolino, que ocupou a presidência desde o movimento de 28 de Maio de 1926 até ao final da 2ª. Grande Guerra. Teve um final de vida trágico, tendo posto fim à vida em 12 de Junho de 1945. Contava 51 anos de idade.
Dos seus quase 20 anos de poder ficaram para a história a aquisição da Quinta da Gafa em 1932 e a polémica decisão do corte das árvores do Rossio no ano de 1933. A respeito da data do corte das árvores e demolição do coreto há duas datas em discussão 13 de Fevereiro de 1930 -um arboricídio em Alcobaça – destaque de uma notícia de 1ª. Página do Diário de Notícias, acompanhada de fotografia comprovativa da “impiedosa” poda, que reduziu árvores “seculares” a pouco mais de troncos de 3 pernadas. Outra data é a de 20 de Março de 1933. O corte foi feito durante a noite e quando os alcobacenses acordaram as frondosas árvores “seculares” estavam inapelável mente derrubadas. Acerca da idade das árvores contava-se de um vereador do tempo que tranquilizava os mais exaltados com o corte que a Câmara iria fazer novas plantações e que “passada meia dúzia de anos os alcobacenses voltariam a ter de novo árvores seculares…”.


Que hábitos e que habitantes? Como se vivia?
Havia uma dificuldade enorme em adquirir artigos de primeira necessidade, a começar nos géneros alimentares. É o tempo da candonga, um mercado paralelo e clandestino, não fiscalizado pelos organismos de coordenação económica, e portanto com preços mais altos, prática que enriquece os mais “aventureiros” em pouco tempo.
A vida doméstica era feita sem frigoríficos nem esquentadores. Os grandes espaços e os supermercados eram coisas que nem dos livros de ficção ainda se falava.
As donas de casa abasteciam-se para o dia a dia e a dispensa tinha muito pouca coisa para comer.
Tomava-se banho ao sábado e a água era aquecida em cafeteiras ou panelas. A higiene era feita em bacias e o corpo era lavado “em prestações”.
No que respeita a vestuário os casacos e calças iam-se sendo emendados e “virados” de irmão para irmão, e estreava-se alguma coisa de novo em dias de festa.
Nos mercados semanais havia a deslocação das populações das zonas serranas, que se deslocavam nos seus burros e muares, que eram “arrumados”
em pátios de casa particulares e nos anos 35 os jumentos de quem vinha vender (e comprar) à vila tinha cavalariças municipais na zona da Gafa para deixar com segurança as suas montadas.
As Festas dos Santos populares eram feitas junto do Jardim-escola João de Deus, frente à ala sul do Mosteiro.
A miudagem jogava a bola na “Rua da Estrada” (Rua Miguel Bombarda) e frente ao Mosteiro. A GNR aparecia de vez em quando e a gola ficava apreendida.


Que vida social, que cultura e que distracções
Em 1928 decorrem os últimos espectáculos do Teatro instalado no Mosteiro de Alcobaça, no Refeitório dos Frades.
Em 25 de Agosto de 1935 teve lugar a representação de “A Castro”, de António Ferreira ,no Adro do Mosteiro de Alcobaça.
Em 1939 regista-se a criação do 2º. Rancho do Alcôa . No ano seguinte-em 1940 – nascem “Os Serraninhos” .Este rancho infantil e o Rancho Alcoa têm, entre os seus elementos, muitos “Coelhos” da segunda e terceira gerações

Que figuras notáveis?
João D’Oliva Monteiro
, nome de referência na história de Alcobaça, foi o principal impulsionador e o mais importante investidor do Cine Teatro de Alcobaça.

Nascido a 28 de Abril de 1903 em Alcobaça, e depois de alguns estudos em Coimbra, foi à sua terra Natal que dedicou a sua Vida.
João D’Oliva Monteiro destacou-se em diversas actividades:
-Foi o principal sócio fundador da SVENA – Sociedade de Vinhos Espumantes Naturais de Alcobaça;
Esteve ligado à indústria tipográfica(foi um dos sócios da Tipografia Alcobacense,Lda).
Introduziu a Indústria Vidreira em Alcobaça.( Fábrica de Vidros Crisal – Cristais de Alcobaça inaugurada em 1945) .
Em 1946 foi agraciado pelo governo Britânico com a “Kings medal for the service in the cause of freedom”, em reconhecimento da sua colaboração para o esforço de guerra dos aliados durante o conflito de 1939-45.
Faleceu a 28 de Dezembro de 1949, tendo deixado aos seus conterrâneos uma Alcobaça mais rica e mais moderna, com um lugar destacado no distrito de Leiria.
Pode-se afirmar sem exagero que deixou um legado importantíssimo. destacando-se do património construído o magnífico edifício do Cine Teatro de Alcobaça.
Financiada e mandada construir pela Empresa Almeida, Monteiro, e Leitão Lda.[2], esta construção, de autoria e direcção de execução do arquitecto leiriense Camilo Korrodi, foi inaugurada no dia 18 de Dezembro de 1944 com o Espectáculo de três actos “A Velha Rabugenta”, da actriz Maria de Matos de Lisboa.
Foi de tal maneira importante o seu contributo para o desenvolvimento da terra que o viu nascer que é obrigatório recordar a sua memória e manifestar mais uma vez a gratidão por tudo quanto fez por Alcobaça .
Recordar João d’Oliva Monteiro na reabertura do Cine Teatro de Alcobaça quando estão passados e cinquenta e cinco anos sobre a morte de João D’Oliva Monteiro é um acto de inteira justiça
A reabertura do Cine Teatro de Alcobaça, espaço inteiramente dedicado às Artes do Espectáculo vai, tal como no passado, possibilitar a revitalização da Vida Cultural da Cidade.
Alem de João d’Oliva Monteiro muitos mais alcobacenses foram figuras marcantes no seu tempo como foram os casos de António Vieira Natividade, D.António de Campos ,Dr. José Nascimento e Sousa e Dr. João Lameiras de Figueiredo.

O desporto da época.
No período compreendido entre 1918 e 1932 há a registar a fundação de três clubes.
Em 1918 o “Alcobaça Futebol Clube”, conhecido por causa do equipamento pelos “Amarelos”.
Em 1924 o “Alcoa Sport os Leões”, fundado por dissidentes do “Alcobaça Futebol Clube” e em que só podiam militar residentes no concelho de Alcobaça. Teve equipas de futebol ,ciclismo e atletismo.
Em 1932 o “Clube Desportivo Comércio e Indústria de Alcobaça”, que passaram à história como “Os Verdes”.
Os grandes rivais do tempo foram os “amarelos” e “os verdes” que, como rezam as crónicas do tempo “não se podiam ver”.
Contra toas as expectativas vieram a fundir-se em 1946, resultando dessa fusão o Ginásio Clube de Alcobaça, de que falaremos mais detalhadamente nos comentários relativos à Quarta Geração.
Dos três clubes vamos referir alguns nomes e feitos desportivos, que fizeram vibrar os alcobacenses nesses saudosos tempos de “baliza às costas” e amor à camisola .
O “Alcobaça Futebol Clube” foi o clube mais popular e com maior número de adeptos e simpatizantes.Teve grandes equipas e grandes jogadores e do campo atrás do Palácio Costa Veiga para as memórias do desporto alcobacense ficaram alguns nomes gloriosos:- da equipa de 1922:- Eugénio Soares, Firmo Trindade, Armando Françês e Amilcar Cesário; da equipa de 1924:-Tenente António Almada Negreiros, Manuel das Neves, Rodolfo Saraiva , Eduardo Carvalho e João Neves Vasco. Já no Campo de Jogos “Marechal Carmona(onde hoje se situa o Mercado Municipal), distinguiram-se no final da década de 30 e nos primeiros anos de 1940 jogadores que ainda hoje são recordados(obviamente pelas pessoas de mais idade) pelos seus feitos:- António “Padeiro”(o António Branco), Salvador, José “Ganau”, Luís Gavião, Manuel “Sapatinhos”, Manuel Lemos, Silvino Pedro, Quim Pedrosa e Aires.
No curso da sua vida o “Alcoa Sport os Leões” ganhou 14 medalhas no torneio distrital de “sports atléticos”; os seus ciclistas conseguiram os 1º. e 2º. Prémios nos torneios distritais de Porto de Mós e São Martinho do Porto.Em futebol em 14 desafios perderam apenas quatro.Os seus atletas derivavam da classe operária , distinguindo-se especialmente José Gambino, na modalidade de futebol.
O “Clube Desportivo Comércio e Indústria de Alcobaça deixou para a história como jogadores de referência, entre outros:- Lenine, Artur Carolino, Adelino “Padeiro”, Rogério André, José Pinho e João Morgado.

Os factos desportivos dessa época são possíveis de recordar graças a trabalhos jornalísticos publicados em “O Alcoa” por um dos Coelhos do 1º.Ramo. Estamo-nos a referir a António de Sousa Coelho(111.2) que, com o pseudónimo de “Aónio do Vale” nos deixou saborosas crónicas alusivas ao desporto, e não só, desses tempos gloriosos de Alcobaça.

Figuras populares e recordações.
O nosso familiar Augusto Coelho, o “Augusto da Violeta”, é um serralheiro civil que está no auge da sua popularidade como grande artífice do ferro, havendo referências em livros da época a trabalhos seus , que ficaram para a posteridade contam-se, entre outros, as guardas de ferro da plataforma da ala norte do Mosteiro e as grades decorativas do arco de entrada do Parque da Gafa.
Carlos Epifânio da Franca, “O Veneno”, que herdou a farmácia (ao tempo”pharmácia”) de seu pai António Epiphânio da Franca (1868-1939).
A sua irreverência, os seus ditos espirituosos, apimentados e com utilização de português vernáculo, deixaram uma memória que foi passando de geração em geração, já que foi na verdade uma figura mítica, absolutamente invulgar. Toda a gente sabe uma história a seu respeito nem sempre contáveis mas com uma graça única. À Carlos Epifânio.
Algumas das pessoas que com ele trabalharam também passaram à “história de Alcobaça”, como são os casos de Manuel Gonçalves (vulgo Manuel das Laranjadas), Mário Belo e o “Farelo”. Este último ficou associado a algumas estórias deliciosas.
Para os mais novos vamos “deixar” duas das que ouvimos em “miúdo”, embora uma delas “passe” em rodapé pois tem direito a “bolinha” (º).
A primeira ter-se-á passado num dia de mercado semanal (quando as pessoas das aldeias vizinhas se deslocavam em grande número à sede do concelho para tratar dos mais diversos assuntos). Um aldeão apresentou-se na Farmácia Epifânio para mostrar uma mão em muito mau estado. Um dedo tinha um corte profundo e a mão estava inchada e muito vermelho. Era óbvio que a ferida estava infectada.Na sua voz nasalada Carlos Epifânio perguntou-lhe como é que ele tinha “arranjado” aquele ferimento tão feio. O “paciente” respondeu que se tinha cortado com um podão e para ajudar a cicatrização fez o que era costume na sua terra:-urinou no ferimento para ajudar a cicatrização da ferida.
A resposta do farmacêutico foi imediata e “venenosa”:- Ah mijaste-lhe?! Então agora caga-lhe!!!
As cenas seguintes não passaram à história mas não acreditamos que Carlos Epifânio não tenha recomendado um medicamento adequado para a infecção do “mijão”![3]



Que comércio e que tipo de comerciantes
Em 1924 é aberto ao público O “Café Trindade”.
No Rossio, onde hoje é a “Pastelaria Alcoa”, é fundada em 1925 a latoaria de João Maria Hipólito.
Em 1926 Alberto Diogo Hipólito, Joaquim Ferro e Joaquim de Sousa Vitorino são três armazenistas importantes. Em termos comerciais merecem ainda referência sete mercearias concentradas na Praça D.Afonso Henriques.
Em 1931 “nasce” o “Café Pensão Floresta”, que havia de acolher muitas gerações de alcobacenses que iriam passar algum do seu tempo, livre entre as portas deste Café. É o ano em que na Rua Frei Fortunato Francisco Ferreira da Bernarda trespassa a sua “mercearia com taverna” a Ernesto Coelho, “O Ernesto da Crista”, que iria ser uma das figuras mais populares e carismáticas da Família Coelho e de Alcobaça até à data da sua morte.
No Rossio , a partir de 1939, funcionam a “Mercearia e Papelaria Império” e a “Relojoaria e Ourivesaria Puga”.
Anos mais tarde,em 1950, na vizinhança deste conceituados estabelecimentos abre a “Casa Bancária Raposo de Magalhães”
E a indústria
Em 1927 é fundada a Olaria de Alcobaça,Lda., que foi instalada na Rua Costa Veiga, em Alcobaça, junto ao Rio Alcoa.Estão ligados à sua fundação Silvino Ferreira da Bernarda, António Vieira Natividade e Joaquim Vieira Natividade.
Laborou até 1984.
Em 1931 inicia a sua actividade a Alimentícia,Lda., fábrica de conservas, compotas e licores.
Em 1933 , a fábrica de Manuel Ferreira da Bernarda, passou para a administração de seu filho,Raúl da Bernarda, que em 1941, assume a totalidade dos direitos da Empresa a seu favor.
Em 1938 nasce outra produtora de conservas e compotas de fruta, a Claraval.
Em 1942 foi fundada a Svena, Sociedade de Vinhos Espumantes Naturais de Alcobaça.Foi seu principal fundador João d’Oliva Monteiro.
Em 1944 a Pereira & Lopes foi fundada em Valado dos Frades, tendo-se dedicado inicialmente ao fabrico de louça regional , o que fez durante cerca de uma década.Foram seus fundadores Álvaro Marques Pereira, José Pereira e Eduardo Lopes..
O introdutor da indústria vidreira em Alcobaça (Crisal-Cristais de Alcobaça,Lda.) foi em 1945 João d’Oliva Monteiro.
Em 1945 surge na Fervença a Estatuária Artística de Alcobaça a que estiveram ligados , em várias fases da sua curta existência, Altino Couto Ribeiro, Bento Jácome de Sousa, João Trindade Ferreira, Aníbal Pedrosa, Ilídio André e António de Sousa Magalhães.
Em 1946 inicia a sua laboração Elias & Paiva, situada na chamada recta da Fervença, freguesia da Maiorga. Foram seus fundadores António Elias da Silva, Joaquim Paiva, Bernardo Matias Coelho, Manuel António Rodrigues e António Vieira. Pouco tempo depois os dois últimos abandonaram a sociedade.
Em 1947 António Branco, Joaquim Baptista Branco, Acácio Bizarro e Veríssimo Almeida fundaram a Vestal -ou Vistal-, como se denominou no primeiro da sua existência.7

A Imprensa Local
Em 1928 “Ecos de Alcobaça”, que se publica regularmente até 1945.
Em 1930 “A Voz de Alcobaça” que, nesta primeira fase da sua existência, se publica até 1934.Reatou as suas publicações em 1980.
Em 1932 deixou de se publicar o “Notícias de Alcobaça”, dirigido nos últimos anos por Guido Coelho da Silva, filho do fundador.
O “Comarca de Alcobaça” surge em 1935 e publica-se regularmente até 1951.
O primeiro número de “O Alcoa” é publicado em 27 de Dezembro de 1945. Foi seu primeiro Director João Maria de Sousa e Brito ;é Administrador e Editor António A .Ramos.

Acontecimentos marcantes:-
Socorrendo-nos dos ilustres alcobacenses Bernardo Villa Nova e Silvino Villa Nova, autores da “Breve História de Alcobaça”, encontramos registados como factos relevantes do ano de 1939 a realização de um Congresso Eucarístico e de uma Terceira Missão Estética de Férias, presidida por Varela Aldemira e onde esteve integrado, entre outros, o pintor Luciano Santos.


Efemérides de “Os Coelhos”
Na década de 30 morre o 1º. Coelho da 1ª. Geração – José Coelho em 1932 – .
Em 1945 o final da Guerra – o episódio do Manel do Ti Augusto nas Torres do Mosteiro.
Pesquisa para o livro de genealogia da Família Coelho
[1] - Diário da História de Portugal, de José Hermano Saraiva e Maria Luísa Guerra.
[2] Empresa constituída pelos Srs. Bernardo Correia de Almeida, natural de Vilar Seco (Concelho de Nelas), antigo professor na Maiorga e depois em Alcobaça, reformado em 1939;João Leitão, Natural do Cartaxo, estabelecido em Alcobaça desde 1913; e João D’ Oliva Monteiro.
[3] A “segunda” história com eventuais “cenas chocantes”.
O primeiro cliente a entrar na Farmácia às 9H00 abeirou-se de Carlos Epifânio e, em voz baixa, pediu-lhe uns comprimidos para a impotência ( estávamos ainda a décadas de distancia do Viagra!). Confidenciou ao farmacêutico que constava que ele(Carlos Epifânio) tinha uns comprimidos que faziam milagres e que lhe pedia encarecidamente que o ajudasse a resolver o problema que não sabemos se era doméstico ou para “uso externo”. Parece que com alguma renitência Carlos Epifânio satisfez o pedido. No acto do pagamento o cliente em “deficit potencial” informou que só tinha uma nota de cem escudos e que iria fazer mais algumas comprar e voltaria já com a importância certa para fazer o pagamento. Saiu porta fora e passado cerca de uma hora apareceu um comerciante que tinha uma loja de ferragens perto da farmácia (Gilberto Coutinho). Pediu para falar com Carlos Epifânio e perguntou-lhe se um indivíduo que não tinha trocos (e só tinha uma nota “grande”) já lha tinha voltado para fazer um pagamento. É que na loja de ferragens tinha feito uma compra há cerca de uma hora e nunca mais voltara. Tinha então contado que já estivera na Farmácia onde não pagara por não por haver troco para a nota de cem escudos. Perante a resposta negativa o Gilberto Coutinho foi à sua vida na expectativa que o” homem da nota de cem “aparecesse mais tarde. Cerca do meio-dia entra na Farmácia mais um comerciante da zona (o Artur Barbeiro) com uma história em tudo idêntica à do Gilberto Coutinho. Tinha cortado o cabelo a um indivíduo que na altura do pagamento contou que só tinha uma nota de cem e até já tinha ficado a dever uma conta na Farmácia Epifânio (onde tinha ido comprar uns compridos por causa da impotência) por falta de trocos. Tinha ficado de voltar uns minutos depois para fazer contas e nada. Não tinha voltado a aparecer. O que é o Sr. Carlos pensava?! Oh Artur penso que já fomos levados à certa. Eu, tu e o Gilberto. O Artur ficou um bocado a pensar e já convencido que aquele corte de cabelo “era para assentar no gelo” despediu-se e saiu. Deu umas passadas e voltou atrás:-Oh Sr. Carlos esses comprimidos que vendeu ao homem da “nota de cem” dão mesmo resultado? Endireitam o” coiso”?
A resposta não se fez esperar:- Oh Artur tens alguma dúvida! O tipo, com os comprimidos no bolso já fodeu três numa manhã! Quando os começar a tomar a mulher ,a prima, a vizinha , a gata e a cadela que se cuidem!
7 Os elementos sobre as Fábricas de Cerâmica foram retirados do livro de Jorge Pereira de Sampaio, “Faiança de Alcobaça”.

sábado, 12 de setembro de 2009

M30 - REGICÍDIO

M29 - PESQUISAS NO TEMPO -2

M29- PESQUISA NO TEMPO (2)

PORTUGAL
O tempo não pára, e antes da final da primeira década chegar, dá-se o Regicídio de .D.CARLOS , que tinha começado o seu reinado em 1889 e é assassinado em 1 de Fevereiro de 1908. No dia desse trágico acontecimento a Família Real chega de Lisboa vinda de Vila Viçosa. No Terreiro do Paço, à entrada para a Rua do Arsenal , um atirador(Alfredo da Costa) dispara e atinge mortalmente o Rei. Um outro homem(Manuel Buiça) dispara uma carabina e atinge mortalmente o Príncipe Herdeiro D. Luís Filipe.
Era o princípio do fim da Monarquia! 2
Para trás tinham ficado alguns acontecimentos que marcaram a primeira década do novo século:- o primeiro voo dos Irmãos Wright (1903), a primeira volta a França em bicicleta(também em 1903), a invenção da fotografia a cores dos Irmãos Lumiére (1904), a descoberta da teoria da relatividade por Einstein(1905) e em 1908 Ford lança o célebre “modelo T”.
Em Portugal a Revolução de 5 de Outubro de 1910 e a proclamação da República altera profundamente a vida do País .A Família Real é exilada e Teófilo de Braga dirige o Governo Provisório.
“Jogando” um pouco com as palavras –e retomando “o fio à meada” de um pouco atrás – estamos de novo com as “meadas” já que agora “saltamos” no tempo para “meados” de 1900.

ALCOBAÇA
Em 7 de Outubro de 1910 é Presidente da Câmara de Alcobaça João Serras Soares , que dois anos antes tinha sucedido no cargo a José Maria Furtado dos Santos.

EUROPA E O MUNDO
A história não é compartimentada e os actos terroristas que se tinham passado em Portugal alguns anos antes (1908)– o assassínio de D.Carlos e do Príncipe Herdeiro que atrás referimos – também se repetem “lá por fora” e ,diversos acontecimentos em cadeia, vão dar origem à Grande Guerra.
É um acto terrorista – a liquidação em Sarajevo(28 de Junho de 1914) do herdeiro do Imperador da Áustria que vai dar origem a um conflito Mundial, que vai envolver numerosos Países.
A Áustria-Hungria declara guerra à Sérvia, que por sua vez é defendida pela Rússia, sua aliada.. A Alemanha ,aliada da Áustria, envolve-se mobilizando os seus exércitos contra a França, aliada da Rússia. .Para atacarem a França, os alemães atravessam a neutral Bélgica, pretexto para a Inglaterra intervir contra o Kaiser. A Turquia e a Bulgária juntam-se à Alemanha e à Áustria.O conflito alastra depois ao Médio Oriente, ao Cáucaso, a África (onde a Alemanha possui colónias) e ao Oceano Atlântico. A partir de certo momento intervêm até os Estados Unidos contra a Alemanha, para defender mercados e aliados.
Outra vez PORTUGAL

Sob o risco de perder as suas colónias na partilha que inevitavelmente se seguirá ao fim da guerra, Portugal acaba também por se envolver, combatendo um conflito de fronteiras em África contra os alemães e enviando 55 mil homens para a guerra das trincheiras na Flandres.
Este envolvimento de Portugal na 1ª.Grande Guerra dá-se num dos períodos de maior instabilidade da sua história recente que alguns historiadores classificam de dez anos de Bagunça.
Com efeito, de 1910 a 1920, ocorrem no País 24 revoluções, 20 revoltas populares, 3 atentados, 26 mudanças de Governo e 6 mudanças de Presidentes da República.
Para compor este “ramalhete” Portugal entra na Guerra em 9 de Março de 1916 e manda o seu 1º contingente de tropas para França em 26 de Janeiro de 1917.
Só mais uma “pincelada” para “rematar” este “quadro empastelado” de “um tempo louco”:- o aumento dos preços de alguns bens de primeira necessidade no período de 1914 a 1921 é difícil de imaginar num manicómio. Mas passava-se nos lares dos portugueses.
Alguns exemplos:- o pão aumentou 9 vezes; o carvão 10; o açúcar 12; o petróleo 13; a carne 15; o azeite 20 e as batatas 22 vezes!!!.2
Este salto tempo leva-nos ao final dos anos 20.
Ainda antes de voltarmos a Alcobaça parece-nos oportuno recordar algumas das polémicas que ocorreram a nível nacional e que alimentaram “as diferenças de opinião” desses tempos de mudança. Estamo-nos a reportar ao Portugal Republicano que, da noite para o dia, invadiu o quotidiano . A propaganda libertadora do novo poder “passa para a rua” nos novos bilhetes postais, selos, cartazes, faianças, relógios de pulso, lenços, pisa papeis, rótulos de embalagens, anúncios comerciais, etc, etc. Alteraram-se os nomes das ruas e avenidas, os nomes das colectividades e os nomes das casas de espectáculos. A palavra “real” desaparece como “ por encanto” da designação das associações, produtos e empresas. Temos um novo hino “A Portuguesa”, com música de Alfredo Keil e letra de Henrique Lopes de Mendonça, que tinha sido composto em 1890. A moeda passa a “escudo” (e vale mil reis) e a Guarda é agora Nacional Republicana.
A alteração da bandeira nacional dá confusões que parecem nunca mais acabar e só depois de muita polémica a comissão nomeada para efeito escolhe a nova bandeira, o que só veio a acontecer depois de apresentados oito projectos. A versão aprovada teve como base os seguintes critérios: -vermelha porque é a cor viril por excelência, sendo também a cor da conquista e do risco; verde porque é a cor que mais convém aos homens do porvir. A esfera armilar ao centro é “manuelina” , simboliza o padrão eterno do nosso génio aventureiro”, e o escudo das quinas representa a fundação e a história do País.

Outra vez ALCOBAÇA

E como se tinham “reflectido” em Alcobaça tantos e tão variados acontecimentos :-

Obviamente que a conjuntura política tinha deixado marcas profundas como é aliás particularmente significativo no assalto a quartéis por civis em 1919.
Também a terrível turbulência da década da “bagunça nacional” se fez sentir entre a população alcobacense que “empunhou” bandeiras diferentes, com os ódios que necessariamente carregam essas diferentes opções que não raramente envolveram pessoas da mesma família. São os tempos da “carbonária” e das conspirações , que depois dos assaltos de Janeiro de 1919 culminaram com prisões e com a instauração de um regime de terror, com violação de domicílios e atropelos vários.
Que qualidade de vida:-
Embora já com algumas melhorias em relação à geração anterior ainda se vivia com muita dificuldade nomeadamente ao nível das classes menos abastadas, com graves problemas quando tocava a problemas de saúde. E apesar de já haver desde 15 de Agosto de 1890 o Hospital da Misericórdia de Alcobaça eram tempos altamente preocupantes pois “rondavam” as populações a pneumónica e a tuberculose!
De registar também a inauguração em 4 de Maio de 1913 do Asilo de Velhinhos Maria e Oliveira.
De qualquer maneira é de salientar a extraordinária melhoria que deve ter significado para a população a instalação da luz eléctrica , para iluminação pública e particular(explorada pela Câmara Municipal), que foi inaugurada a 15 de Agosto de 1919.
Socorrendo-nos de uma saborosa “crónica “ dos nossos dias (Revista A Vós”, de Janeiro de 2004), da autoria de Adelino dos Santos André que já ultrapassou a selectiva “barreira” dos 90 – para recordar como se viajava nos anos 20:- “…todo o trânsito de passageiros e mercadorias era executado por carros de tracção animal entre Alcobaça e Valado dos Frades. Pois bem, chegámos a determinada altura em que os buracos nas estradas eram tão grandes e profundos que todo o trânsito se passou a fazer pela Cela Velha, tanto para o Caminho de Ferro como para a Nazaré. Eu próprio fiz essa viagem com a minha família dois ou três anos em Setembro num caleche para passarmos as férias. O carro era puxado por dois cavalos, propriedade da Sra. Dª. Maria Galinha. Tinha também um grande transporte de dez ou doze pessoas com carreira diária e correio para o Valado. Esta carreira puxada por 4 cavalos era conduzida por cocheiros muito experimentes que saía das cocheiras por trás do Hotel Galinha e o ajudante vinha tocando uma corneta com uma ligeira curva, parando na Praça D.Afonso Henriques em frente do Correio que era na altura na Ala Norte do Mosteiro .

Que vida social, que cultura e que distracções:-
Não resistimos à tentação de referir “a descoberta” de um programa datado de 1 de Maio de 1907 do «Theatro Alcobacense», que pertence à colecção dos Herdeiros de António de Sousa Coelho e que nos transporta para “um certo ambiente” de há quase um século atrás:-
«Sarau Dramático-Musical em homenagem ao benemérito Exmº. Sr .Dr. Francisco Baptista d’Almeida Pereira Zagalo revertendo o seu producto em benefício do Hospital da Misericórdia desta Villla. Promovido pela commissão executiva dos festejos deste dia, e organizado e dirigido por JACOBETTY ROSA
O espectáculo tinha 3 partes:-uma symphonia executada pela Real Fanfarra Alcobacense; uma suite de walses pela Orchestra Alcobacense e uma serenata em pizzicate , também pela Orchestra Alcobacense.
Do variadíssimo programa do espectáculo constava poesia, recitada por Jacobetty Rosa; uma peça em 1 acto«Folguedos da mocidade», com o desempenho de um grupo infantil composto por 66 crianças(!); e ainda «Os Três Maestros», interpretado por um terceto cómico composto pelos meninos Horácio Eliseu e Júlio e Joaquim Simões Rosa. O espectáculo terminava com um Hymno offerecido pela Direcção da Real Fanfarra ao Exmº. Sr. Francisco Zagallo, executado pela mesma Fanfarra, Orchestra e piano pela Exmª. Srª. Dª. Elisa Andrade.
Nota final: O Sarau ...Principia às 8 horas precisas. Destinando-se o producto do sarau ao estabelecimento de beneficência indicado, não se estabelecem preços para camarotes e logares da plateia, deixando ao generoso arbítrio dos espectadores a importância do obulo que julguem dever offerecer!

Em 27 de Outubro de 1912 foi inaugurado o Salão Cine-Moderno.Anteriormente tinha funcionado o Salão Animatógrafo, inaugurado em 11 de Dezembro de 1910, no Rossio, no local onde, mais tarde, se situou o Jardim Escola João de Deus.
No mesmo ano de 1912 foi criado o 1º.Rancho Alcoa.
Em 17 de Agosto de 1913 realizou-se no Mosteiro de Alcobaça uma Festa de Arte, tendo Afonso Lopes Vieira proferido uma conferência subordinada ao tema « Inês de Castro na poesia e na lenda».

Que figuras notáveis:
Em 1911 Afonso Ferreira, barbeiro de profissão, apaixonado propagandista do ideal republicano, foi deputado às Constituintes pelo Círculo de Alcobaça e mais tarde membro do Conselho do Governo, em S.Tomé, onde veio a falecer em 1920.
Em 1914 nasceu em Alcobaça Susel Matilde de Pina que foi distinta pianista.
Em 1921(19-01-21) nasceu em Alcobaça Helder José Lains e Silva que foi figura ilustre no campo da Agronomia. Foi autor de numerosas obras com especial incidência sobre Agronomia no Ultramar Português, Brasil, Congo Belga, Costa Rica e Indonésia.
Que hábitos e que habitantes
As notícias do que de importante se passava no Mundo eram então transmitidas aos habitantes da forma possível tendo em atenção os meios da época. Mais uma vez com a ajuda das “memórias” de Adelino dos Santos André descobrimos como era:-
Lembro-me que o chefe do correio colocava na varanda (do Edifício dos Correios que era então na Ala Norte do Mosteiro) um grande noticiário sobre a viagem de Gago Coutinho e Sacadura Cabral onde se juntavam centenas de pessoas ávidas de notícias daqueles dois grandes Homens ,com letra bem grande.”
No que respeita a número de habitantes do Concelho de Alcobaça é curioso notar que, graças aos censos levados a efeito em 1900 e 1920 temos oportunidade de constatar que no período em causa se registou um aumento de população de cerca de 17%( 28.621 habitantes de 1900 para 34.563 de 1920).
Só como curiosidade aproveitamos para deixar expresso que, em 2004, o concelho de Alcobaça tem cerca de 55.000 habitantes.
Que Imprensa Local:-
A tipografia de António Coelho da Silva dotou Alcobaça com a primeira tipografia que houve em Alcobaça depois da antiga tipografia do Mosteiro do século XVI. Nela imprimiu os seguintes jornais de que foi Director. A saber:-
O Alcobacense(1886), O Correio de Alcobaça (1889), De Alcobaça (1891) e Notícias de Alcobaça (1899).
Em 5.10.21 foi publicado o Cinco de Outubro em suplemento ao jornal Semana Alcobacense.
Em Junho de 1922 saiu o 1º. Nº. de Sports e Caça.
Em 1 de Junho de 1923 saiu o 1º. Nº. de O Jornal de Alcobaça ,que durou pouco mais de 2 anos.
Outros acontecimentos marcantes:-

Pneumónica.. em Alcobaça (verificar óbitos no Registo de Enterramentos da CMA e quais os Coelhos vitimados)
No ano de 1911 a demolição da Capela de Santo António(na Rua Alexandre Herculano) e da Capela da Senhora da Paz(na Roda)
O terramoto de 23 de Abril de 1909, que atingiu violentamente o Ribatejo. Ligeiros estrago em Alcobaça. em algumas propriedades populares e abriram-se fendas na Sala dos Reis do Mosteiro. A população de Alcobaça associou-se a uma iniciativa nacional de apoio às vítimas e concorreu com o produto dum bando precatório e também com a receita duma récita realizada no Teatro Alcobacense. (Breve História de Alcobaça) de Bernardo e Silvino Villa Nova)
Em 1 de Dezembro de 1914 foi inaugurado o Jardim Escola João de Deus.
Em 1920 é inaugurado o Monumento a Manuel Vieira Natividade (20.Abril.1920) e em 17 de Maio de 1920 é entregue o colar da Torre Espada à Vila de Alcobaça pelo Presidente da República Dr.António José de Almeida. Esta alta distinção à vila de Alcobaça foi conferida por decreto de 10.Maio.1919 «em razão do heroismo, civismo e amor que manifestou em conservar a integridade das instituições republicanas»
Na Grande Guerra 1914-18 morreram alguns filhos de Alcobaça e da região.(Ver talhão de combatentes do Cemitério de Alcobaça).
Em fins de 1915 foi demolida a Igreja Nova. Somente 23 anos depois foi edificado em seu lugar a Estação dos CTT (1938).A ideia inicial por deliberação da Câmara era que se edificasse no local uma escola feminina e museu e biblioteca!
Em 1916 foram premiados os frutos de Alcobaça na Exposição Agrária e Industrial de Leiria.
Em Março do Ano de 1920 fez a Banda de Alcobaça a sua primeira apresentação em público
Em 1923 foi criado o Brasão de Alcobaça ,segundo o parecer de Afonso Dornelas , da Secção de Heráldica e Genealogia da Associação dos Arqueólogos Portugueses.

Embora já com “Brasão” os alcobacenses não viviam bem –longe disso - e embora não dessem por isso(ou não se lembrassem de tal coisa)“ ,subjugados pelas dificuldades da labuta diária ,o Mundo” não acabava logo ali às Portas de Fora e a situação geral do País era catastrófica.

Respigámos de um jornal da época:-
“Portugal está doente. Tem analfabetismo, politiquisse, petulância, desorientação. ganância, etc.etc.etc.
No “SuplemnetoComico” de “O Século” caricaturava-se a situação do Pais com um militar de alta patente catando um homem andrajoso, de cabelos compridos, e dizendo:- Com os diabos. O que aqui vai de piolhos! 5


Portugal na Guerra
As tropas portuguesas permanecem longos meses na frente sem serem rendidas, expostas à intempérie e aos bombardeamentos.
A moral das tropas é tão baixa que se fala à boca pequena em recusa às ordem de avançar para as trincheiras dos campos de Flandres. Militares que vem a Portugal de licença não regressam . O Comando do CEP (Corpo Expedicionário Português) – assustado com a perspectiva de debandada dos seus homens – proibe as viagens de comboio a Portugal, aumentando o descontentamento dos militares.
Nas trincheiras os Portugueses entoam o Fado do Cavanço:
«Nesta vida de cavanço/A cavar,como se vê,/Se os Boches dão um avanço,/Cava todo o CEP»5



Armistício de Novembro de 1918 põe fim à Guerra
Por detrás da euforia que o armistício desencadeia Portugal lambe as feridas dolorosas da guerra. Dos 89 mil homens enviados para os teatros bélicos, contabilizam-se 5197 mortos em França(além de 11426 feridos e de 6678 prisioneiros), 1982 mortos em Moçambique e 810 mortos em Angola .
A guerra nas colónias poderá ainda ter causado 100.000 mortos entre a população civil. No mar o País também perde gente, além de 80 barcos , num total de 45 mil toneladas. As hostilidades custarão à Nação a astronómica soma de 130 milhos de libras(900.000 contos em valores da época). A intervenção militar na Flandres e em Moçambique é um fracasso , mas Portugal, como um dos aliados, alinha entre os vencedores. Pata os seus oficiais , agora mais numerosos, é o que importa .Regressam à Pátria de peito inchado e repleto de medalhas, julgando-se alguém a ter em conta.5

VALHA-NOS NOSSA SENHORA DE FÁTIMA!


Pesquisa para o livro de genealogia da Família COELHO, de Alcobaça (2ª.Geração – 1885-1923)
JERO

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

M28 A - Bolo

M28 - 10 ANOS DEPOIS DE UMA GRANDE NOITE DE MEMÓRIAS

MEMÓRIAS DAS TERTÚLIAS DA ADEPA(*)

A CRIAÇÃO DO 2º. RANCHO DO ALCÕA


Em 1939, há precisamente 60 anos, o Mundo fervilhava de conflitos.

Em Abril chegava ao fim a Guerra Civil de Espanha, depois de três anos de lutas, com um triste balanço de horrores e destruições, e com o sacrifício de 600.000 vidas.

Em Maio do mesmo ano Hitler e Mussolini assinam o “Pacto do Aço” e três meses depois, após o falhanço das negociações deDaladier e Chamberlain com Hitler, a guerra está mais perto do que nunca.

Em Setembro a Alemanha invade a Polónia e anexa Danzigue.

A Inglaterra e a França declaram guerra à Alemanha.

No final desse trágico mês os alemães chegam a Varsóvia.

A 3.000 kms. da capital portuguesa as tropas alemãs caminhavam de vitória em vitória e os portugueses iam tomando conhecimento da guerra pelos jornais e pelos serviços noticiosos das rádios.

Em Lisboa o Dr. Salazar recebe os Embaixadores da Alemanha e da Inglaterra e manda publicar a célebre nota oficiosa da neutralidade portuguesa:-
“Felizmente os deveres da nossa aliança com a Inglaterra, que não queremos eximir-nos a confirmar em momento tão grave, não nos obrigam a abandonar nesta emergência o dever da neutralidade”.

A opinião pública era, de uma maneira geral, a favor da causa dos Aliados, que se entendia representarem na Europa a liberdade e a democracia.

Os apoiantes das forças do “Eixo”, “os germanófilos”, viam na Alemanha a única barreira contra o comunismo.

Esta “acalmia” nacional, garantida pela política de neutralidade, fazia com que fossem notícia acontecimentos bem diferentes daqueles que preocupavam as outras capitais da Europa.

Lisboa preparava a grande” Exposição do Mundo Português”, superiormente orientada pelo Engenheiro Sá e Melo e Arquitecto Cottinelli.

O Professor Egas Moniz retomava a sua actividade clínica depois de ter estado alguns meses impedido de o fazer por ter sido vítima de agressão por parte de um doente tresloucado.

O Almirante Gago Coutinho viajou para o Brasil, a bordo do paquete “António Delfino”, para se associar a uma homenagem a Pedro Álvares Cabral.

E no mundo da cultura destacavam-se Aquilino Ribeiro(Mónica), Alves Redol ((Gaibéus) e Fernando Lopes-Graça (Cancioneiro do Menino Jesus).

Os cinéfilos portugueses aplaudiram a produção nacional “A Varanda dos Rouxinóis”, de Leitão de Barros, e os grandes filmes mundiais, que marcaram gerações:- “E Tudo o Vento Levou”, de Victor Fleming; “A Pousada de Jamaica”, de Alfred Hitchcock; “ Cavalgada Heróica”, de John Ford; e “O Monte dos Vendavais”, de W.Wyler.

Desportivamente merece menção a vitória da Académica de Coimbra, por 4 a 3, sobre o Benfica, na Final da Taça de Portugal, em futebol.

E é a altura de chegar a Alcobaça.

Socorrendo-nos dos ilustres alcobacenses Bernardo Villa Nova e Silvino Villa Nova, autores da “Breve História de Alcobaça”, encontramos registados como factos relevantes do ano de 1939 a realização de um Congresso Eucarístico e de uma Terceira Missão Estética de Férias ,presidida por Varela Aldemira e onde esteve integrado ,entre outros, o pintor Luciano Santos.

Registam ainda a criação do 2º. Rancho do Alcôa.

Deixamos a partir daqui de citar os autores da “Breve História de Alcobaça” e passamos à exposição da nossa recolha de testemunhos relativos à criação do 2º.Rancho do Alcôa, razão principal de toda esta viagem no tempo.

E fora de cena quem não é de cena.
Senhores e senhoras
Vamos reviver o “Rancho do Alcôa”.

José Eduardo Reis de Oliveira

7.Dezembro.1999

(*) E NÃO É QUE ESTÃO QUASE DEZ ANOS PASSADOS!?
Setembro de 2009-09-10 JERO